P/ÁLVARO CARDOSO GOMES
INTRODUÇÃO
Partiste para os campos sem retorno.
Que o teu nome seja santificado!
Mais uma vez, as lanças rubras do pôr do sol
Estenderam suas pontas para mim.
Apenas à sua flauta dourada
Nos dias sombrios, meus lábios se unirão.
Se todas as súplicas ecoaram,
Oprimido, repousarei no campo.
Passarás em porfírio dourado -
Não sou eu quem abrirá os olhos.
Deixe-me respirar neste mundo dormido,
Beijar a passagem irradiado...
Ó, arranque minha alma enferrujada!
Descansem-me com os santos.
Tu, que segura o mar e a terra
Com tua mão fina e imóvel!
Ela se transformou
Terra deserta!
No Oeste, brilhando com o frio,
O sol, qual capacete de cobre de guerreiro,
Com o rosto triste voltado
Para outros horizontes,
Para outros tempos...
E o chapéu - uma nuvem dourada -
Se eleva com penas brancas
Acima da beleza ousada
Das minhas vestes noturnas!
E as asas lamentáveis da lua -
Asas de espantalho de corvo -
Brilham como um capacete solar,
Refletindo o brilho do entardecer...
Refletindo a felicidade...
E cruzes - janelas distantes
E os cumes da floresta dentada -
Tudo respira indolente
E com a branca dimensão
Da primavera.
BOLOTNYE CHERTENYATKI
A. M. Remizov
Eu te afugentei com o chicote
Ao meio-dia, pelo meio dos arbustos,
Para esperarmos aqui juntos
O silêncio do vazio.
Aqui estamos nós, sentados no musgo,
No meio dos pântanos.
O terceiro - o mês lá em cima -
Contorceu a boca.
Eu, como você, filho dos bosques
Meu rosto também está apagado.
Mais silencioso que as águas e
mais baixo que as ervas
Um diabo empobrecido.
No chapéu ridículo
O sino das separações.
Atrás dos ombros - ao longe -
A rede dos arcos do rio...
E nós ficamos sentados, bobos, -
Sem vida, sem força das águas.
As tampas ficam verdes
De trás para frente
O sono contaminado da água,
A ferrugem das ondas...
Nós somos vestígios olvidados
Da profundidade de alguém...
Alexander Block- Trad.Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA