Não obstante terem sido traduzidas para muitas línguas (entre as quais o português), as Bucólicas de Virgílio são, na realidade, os mais intraduzíveis de todos os textos poéticos. A beleza sortílega do verso vergiliano (que, em latim, é música ao nível de Bach) evapora-se por completo noutra língua. O melhor a que uma tradução pode aspirar é a ser uma pálida imagem, mais deslavada do que uma fotografia a preto-e-branco da Primavera de Botticelli. Perguntar-se-á: então, para quê mais uma tentativa de traduzir para português estes sublimes poemas? O estudo de Virgílio - e o aprofundamento das questões interpretativas suscitadas pela genialidade inesgotável do seu texto - é um caminho apaixonante que, felizmente, nunca terá fim.
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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