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quinta-feira, maio 17, 2018

ANUNCIAÇÃO - ERIC PONTY


Meus doidos olhos, enquanto olharam,
Vossa figura cheia alto valor cor,
Elas de vós, minha dama, me acusaram
Onde vosso feroz corte tem Amor.

É sim perder momento lhe mostraram,
Como de vós me fizéreis servidor;
Com quais haveis dor me perpetraram,
Vendo no coração claro do temor.

Me carregaram ponto, imperativos,
Há um lugar donde estava mui gente,
Todos de Amor queixando-se mui forte.

Elas ao verme, e muito compassivos,
Disseram: *Dela fazendo-se servente,
Esperar já não podes senão Morte.
I

Um toste se ergueu.  Ressonância ingênua!
Jesus põe cantar! Sino esbelto na orelha!
Manhã emudeceu. Mas cá total silêncio
Surgiu princípio, então sinal, balança.

Ateus do silêncio se arrancam clareza,
Selva permitida ruídos e guardiões;
Sendo manifestação nem à astúcia
Nem tremor amansavam deste modo!

Senão ouvido. Rugir, berros, berreiros,
Diminuíram suas almas. Onde não existia
Senão à igreja tão-só onde acolher som,

Um refúgio de desejo escuríssimo,
Com um umbral de temerosos sinais;
Tu é criaste um templo olvido memória.

II

Uma freira quase surgiu no Carmo,
E desta só aventura cânticos do terço,
Brilhar gentil primaverais rezas céus,
Se transformando em leito no ouvido.

Ao adormecer em mim. E tudo era sonho,
Os arcanjos que me admiravam, destas
Sensíveis toques dos prados já sentidos
E cada novo assombro que me epifania.

Adormecido mundo. Ô Deus rapsódia,
Me limitaste a que nesta homília
Medida despertar? Olhas, pões rezar.

Sua sorte onde está? Dirás, deste tema
Antes de que teu canto se consuma?
E onde ouvi de mim…? Uma freira quase.

III

Possível se a um Deus. Mas, diz-me, será,
Poderá ser-lhe homem aflição dirá?
Seu ânimo discrepe. Cruz veredas espírito,
Não poderás o templo de Jesus ser içado.

Cantar como tu ensinas não é união,
Nem desejo de algo possa ser conseguido.
Canto é existência. Há um deus mui fácil.
Porém nós quando existimos? Quando cai.

Até nosso ser terra e as estrelas?
Não tão só porque amas foste tão jovem,
Nem há uma qualquer voz irrompeu à boca.

Se olvidar cânticos. Cantos ressoarem.
O Cântico é a verdade outro alento, alma,
Um sopro em torno verbo. Advento Deus.

ERIC PONTY

AS VISÔES INDIANAS DE PONTY - IVO BARROSO


Cânticos  Aos Meninos e Elefantes

O AZUL - STÉPHANE MALLARMÉ - TRAD. ERIC PONTY

É de perpétuo azul a serena ironia,
Capaz, bela indolente qual de suas flores;
O Poeta débil maldiz é obstinação,
O Bizarro dum deserto estéreis das Dores.

Olhos densos; fugidio sente-me resguardo,
Intenso qual dum remorso fel da amargura
Minha alma oca. Evadir-me? Noite grotesca,
Sujeitar, trapo, aflita supraversão?

À bruma, singra! Cinza em versos dum monótono
Com extensos duns halos de bruma dos céus
Que afogar pantanal de lívido tão quedo
Ao abranger amplo teto em sua soturnidade!

Tu, despontar do lago em Létes e apanhar
Que dimane dum vaso em descoradas rosa,
Caro tédio, ao tapar duma mão nunca cansa,
Grande buraco azuis que fazem duramente
                                                           das aves.

Ainda! Que são sossego as tristes chaminés,
E fumegam da fuligem da errante prisão,
Apagar dos horrores de seus negros rastos,
O sol é moribundo térreo dos horizontes!

- Céu mortal – teus versos, eu cruzo! Vive,
Elipse culpa atroz irreal ô matéria,
É este mártir que aragem partilha a areia
Ou gado feliz de homens está na camada.

Pois quero, já, enfim minha mente vazia,
Qual frasco sombras pés Gisant junto muro,
Não são as artes do adorno soluçante ideia,
Lúgubre oscito do verso em finado negrume.

Em vão do azul do triunfo, eu entendo que canta,
Toam sinos. É minha alma, ele faz voz mais,
É nosso perpetrar medo com vitória má,
E do metal vivente sorte no azul ângelus!

À vaga par da bruma, antiga e atravessada,
Da nativa agonia coisa qual gládio esquivo,
Ou fugir da revolta inútil e perversa?
Estou assombrando. Azul. Azul. Azul. Azul.  

STÉPHANE MALLARMÉ
TRAD. ERIC PONTY

La Belle Dame Sans Merci - REVISED VERSION - J. KEATS. TRAD. ERIC PONTY

I
Ah, o que poderia nos chatear-se,
Humilde, só e palme-te brando;
O junco é resguardado lago, 
Nenhum pássaro jamais entoará aqui.

II
Ah, o que poderia te chatear-se,
humilde, tão vexado e tão alquebrado?
O celeiro do esquilo está apinhado
E a colheita está arranjada.

III
Eu vejo um lírio nesta testa,
Qual uma angústia úmida e febril;
E na sua intrujice uma rosa
Se esvaindo mais veloz porque também murchou.

IV
Conheci uma Dama das campinas,
Inteiramente bonita,
Era uma criança de fada;
Seu cabelo era tão longo,
Seu pé era tão leve e olhares eram ferinos.

V
Eu a assentei no meu corcel de braço de mar,
E nada mais se viu o dia inteiro;
Para que lados se inclinaria e cantaria
Esta sua música qual duma fada.

VI
Eu fiz uma guirlanda a sua cabeça
E pulseiras também e zona perfumada;
Ela olhou em mim quão ela amava
E fez uma doce lamentação.

VII
Encontrou-me nas raízes de sabor doce,
E no mel silvestre e no orvalho maná,
E com certeza da lamúria intrigante, ela articulou:
Eu te amo certo.

VIII
Ela me levou a sua gruta de Elfin,
E lá ela contemplou e ansiou fundo,
E lá eu fechei seus olhos tristes e ferinos -
Então beijei entorpeci.

IX
E lá nós dormimos no musgo,
E lá eu sonhei, ai, ai, ai, ai!
Sendo último sonho que previ
No lado mais frio da colina.

X
Eu vi reis pálidos e príncipes também
Guerreiros lívidos, pálidos qual à morte,
Eram todos eles;
Quem choraste - ”Le belle Dame dans Merci
A ti na servidão!

XI
Eu vi em seus lábios esfomeados na penumbra
Com apavorante ameaça aberta,
E eu acordei e me deparei aqui
Neste lado frio desta colina.

XII
É por isso quando eu me perco por aqui
Só e pálido quedo,
Embora o junco jaza ausente do lago,
E nenhum pássaro jamais entoará aqui.

 J. KEATS
 TRAD. ERIC PONTY

quarta-feira, maio 16, 2018

Guillaume Apollinaire - O BESTIÁRIO OU O CORTEJO DE ORFEU - TRAD. ERIC PONTY

TRADUÇÂO INTREGAL

ORFEU
 Abismar-se a alento claro e briosas linhas:
É a voz que foi ouvida pela luz
E que nos disse Hermes Trimegistro no Pimandro.

Admirez le pouvoir insigne Et la noblesse de la ligne:
Elle est la voix que la lumière fit entendre
Et dont parle Hermès Trismégiste en son Pimandre.
A Tartaruga

O Feitiço Trácia, O delírio!
Meus dedos são fé de aproximar-se na lira.
Em quais os animais passam pelos Sons
Minha tartaruga, minhas canções.

Du Thrace magique, ô délire !
Mes doigts sûrs font sonner la lyre.
Les animaux passent aux sons
De ma tortue, de mes chansons.
  O Cavalo
Meus sonhos formais rígidos vão andar contigo,
Meu destino é uma carruagem douro irá conferir esta formosura
Quem das rédeas a segurarem firme ao frenesi,
Meus versos, são paradigmas de toda poesia.

Mes durs rêves formels sauront te chevaucher,
Mon destin au char d’or sera ton beau cocher
Qui pour rênes tiendra tendus à frénésie,
Mes vers, les parangons de toute poésie.
Os cabelos da cabra
Os cabelos desta cabra e até mesmo
Daqueles que tomaram douro à Jasão
Tantos problemas, são preço inculto
É do cabelo do qual eu estou amando.

Les poils de cette chèvre et même
Ceux d’or pour qui prit tant de peine Jason,
ne valent rien au prix
Des cheveux dont je suis épris. 
                                 A serpente
E o que às criaturas têm sido pacientes desta brutalidade!
Eva Eurídice Cleópatra;
Eu talvez saiba três ou quatro.

Tu t’acharnes sur la beauté.
Et quelles femmes ont été Victimes de ta cruauté !
Ève, Euridice, Cléopâtre ;
J’en connais encor trois ou quatre.
O Gato
Eu quero em minha casa:
Uma mulher em cuja razão,
Um gato dentre os livros,
Amigos como em qualquer época do ano
Sem o qual eu não possa viver.

Je souhaite dans ma maison :
Une femme ayant sa raison,
Un chat passant parmi les livres,
Des amis en toute saison
Sans lesquels je ne peux pas vivre.

                  O leão
O leão, imagem miserável
Reis Chus miseravelmente,
Agora tu nasces na gaiola
Em Hamburgo, quais alemães.

Ô lion, malheureuse image
Des rois chus lamentablement,
Tu ne nais maintenant qu’en cage
À Hambourg, chez les Allemands.
  A Lebre
Não seja tímido e nem lascivo
Como é a lebre e a tua amante.
Mas isso ainda faz sua mente
Lebre ao aprontar quer arrojar.

Ne soit pas lascif et peureux
Comme le lièvre et l’amoureux.
Mais que toujours ton cerveau
soit La hase pleine qui conçoit. 
O Coelho

Eu conheço outro enganador
Que qualquer vida que eu tomaria.
O labirinto está dentre tomilho
Os vales do país da ternura.

Je connais un autre connin
Que tout vivant je voudrais prendre.
Sa garenne est parmi le thym
Des vallons du pays de Tendre. 
O dromedário

Dom Pedro, de Alfaroubeira
Correu o mundo e assombrado.
Ele fez o que eu faria
Se eu tivesse quatro camelos,
Com seus quatro dromedários. 

Avec ses quatre dromadaires
Don Pedro d’Alfaroubeira
Courut le monde et l’admira.
Il fit ce que je voudrais faire
Si j’avais quatre dromadaires.

O Rato




Belos dias, ratinhos do temporal,
Tu te preocupas pouco a pouco minha vida.
Deus! Vou fazer vinte e oito anos,
E mal experiência em minha inveja.

Belles journées, souris du temps,
Vous rongez peu à peu ma vie.
Dieu ! Je vais avoir vingt-huit ans,
Et mal vécus, à mon envie. 
O Elefante
Como um elefante em seu marfim
Eu beijo um bem precioso.
Morte roxa!  .... Eu comprarei à minha glória
Ao preço dos motos melodiosos.

Comme un éléphant son ivoire,
J’ai en bouche un bien précieux.
Pourpre mort !.. J’achète ma gloire
Au prix des mots mélodieux. 

Orfeu
Comparecendo a esta infecta tropas
De mil pés, de cem olhos:
Rotíferos, ácaros, insetos
E micróbios mais magníficos
As sete maravilhas do mundo
E do palácio de Rosamundo!

Regardez cette troupe infecte
Aux mille pattes, au cent yeux :
Rotifères, cirons, insectes
Et microbes plus merveilleux
Que les sept merveilles du monde
Et le palais de Rosemonde! 

                                      A Lagarta


Os afazeres levam à riqueza.
Os Poetas pobres, pois que trabalhem!
A labuta da lagarta sem
Cessar se transforma em uma rica borboleta.

Le travail mène à la richesse.
Pauvres poètes, travaillons !
La chenille en peinant sans
Cesse Devient le riche papillon. 

Guillaume Apollinaire 
TRAD. ERIC PONTY 

segunda-feira, maio 14, 2018

F.Mompou - A Falsa Morte - Paul Valéry - TRAD. ERIC PONTY


Humilde, suave, sobre à cova seduzida,
Sobre o monumento insensível,
Que das sombras, desamparadas,
De amor desprezado
Decompõe sua forma abatida,
Suporto, sofro em ti,
Caiu em ti e me lastimar.

Porém apenas pendido, sobre baixa cova,
Cuja latitude hirta me atrai
À transformar-me cinzas,
Esta agonia aparente,
Há quem retornarei à vida,
Se tremesse, reabrindo olhar,
Me cintilando e me morde
E me carpe sempre outra vez à Morte
Mais preciosa que à Vida.
 PAUL VALÈRY
TRAD. ERIC PONTY

Debussy - Poemes de Charles Baudelaire - No. 1. Le balcon ( O BALCÃO) - CHARLES BAUDELAIRE

XXXVI

O BALCÂO

Mãe das memórias, és maestra das nossas queridas!
Ô tu, dos meus prazeres todos! única há quem me devo!
Fardas-me de recordar nossa beleza das carícias,
À doçura descansar embrulho destas noites,
Mãe das memórias, és mestra das nossas queridas!

As noites iluminadas com o fulgor do carvão,
E as noites ante balcão, velar vapor rosáceos.
Suave a mim era teu peito! Bom comigo teu coração!
Muitas vezes dizemos coisas impecáveis,
As noites iluminadas com o fulgor do carvão!

Que consanguíneos são os astros nas tíbias veladas!
Profundo o espaço! Intenso vosso coração!
Ao inclinar-me até ti, reina das adoradas,
Me parecia respirar perfume de teu sangue.
Que consanguíneos são os astros nas tíbias veladas!

À noite se adensava igual que uma barreira,
E na escuridão meus olhos prediziam tuas pupilas,
E eu bebia teu alento, ô doçura! ô veneno!
Aos teus pés dormiam em minhas mãos fraternas.
À noite se adensava igual que uma barreira!

A gente à arte de evocar os momentos felizes,
E revivo meu passado enlaçado nas tuas saias.
Pois para que buscar tuas lânguidas belezas
Se não é teu querido corpo em teu suave coração?
A gente à arte de evocar os momentos felizes!

Os juramentos, estes aromas, estes beijos infinitos,
Renasceram dum abismo insondável para nós,
Como ascendem ao céu os astros rejuvenescidos
Ao arranjar levar ao fundo dos mares profundos?
— Ô promessas! ô aromas! Ô beijos infinitos!

CHARLES BAUDELAIRE
TRAD. ERIC PONTY

XXVIII A SERPENTE QUE DANÇA - CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. ERIC PONTY


Como me gosto de observar, bela indolente,
De teu corpo sem par,
Da qual duma seda trémula e fluente
Toda ao pé brilhar!

Sobre tua cabeleira tão profunda
Dum aroma picante,
O Mar azul, oloroso e vagabundo,
Efervescente e ondulante.

É qual navio que desperta mui imaturo
Ao vento da aurora,
Vai aparecendo até um céu distante
Minha alma sonhadora.

Teus olhos, gozosos e amargura
ocultam sorriso e choro,
Duas joias frias são, rara mistura
De ferro com doirarão.

Ao verte caminhar, lânguida formosa,
Com graça musical
Dir-se-ia uma serpe cadenciosa
encima dum varal.

Embaixo fardo invisível que te ergueu,
Se fez médio vacilante
Tu cabeça infantil, com à apatia
De um jovem elefante.

E teu corpo se estira e se ladear
Qual frágil navalha
que funde suas varas debaixo do mar
Quanto roaz a orelha.

Como um mar crescido ao desprender
Os glaciares urgentes,
D´água de tua boca, ao acercar-se
Na borda de teus dentes.

Me fazendo beber uma vindima roxa
E a amarga em sua maturidade,
Um fundo céu líquido que molha
Dos astros erguidos meu coração!

 CHARLES BAUDELAIRE
TRAD. ERIC PONTY

domingo, maio 13, 2018

LAUDAÇÂO - ERIC PONTY

À Padre Vieira

Pelas noites, sobre os restaurantes, céus,
O ar envolvente é selvagem se faz surdo,
E o duende corruptor vivaz da Primavera,
Governar sobre o grito de Vossa memória.

Ao longe, sobre o pó das cordilheiras, réus,
Sobre o tédio tal manhãs suburbanas, azuis,
O de cara azul apenas distingue-se na dor,
De ouvir tão longe ressoar a canção do sermão.

Detrás lentos passos de alto nível, meus
Ladeando o guarda-chuva pulcro jaz cálice,
Passeiam cada noite dentre às varandas,
Os graciosos estão entorno, com às damas.

Sobre o lago nós escalamos chilreiam,
E se escutaram murmúrios aos peixes,
No céu, acostumado a tudo, vós prezais,
Deferência faz sem sentido ao risco retina.


Eric Ponty

sexta-feira, maio 11, 2018

Lear, Edward - Limericks - TRAD. ERIC PONTY



Havia uma moça cuja história

Não tinham quem exceder de memória;

Se ela andava em um areal

(Nada sabendo por qual)

E planejava pequeno acordo da história.

Lear, Edward
TRAD. ERIC PONTY

Bilhete Com Amor Vicent Van Gogh - ERIC PONTY

IN MEMORIAN IVAN JUNQUEIRA

Vicent vós me aceites meu cinjo já tão aberto,
Mesmo longe quero comigo quanto pessoal,
Lembro hoje que essa tua visita a mim tão perto,
Como as das horas passassem; não os veros anos.

Agora, nos cinquentos eram poemas seletos,
Que nos colocaste na efígie mui estatura,
Fiquei então Minas já colhendo náufrago amem,
Como dum refém sem ninguém de quem me atura.

Gogh hoje me acolheu pelas mãos celestes,
Mesmo longe quero comigo quanto amigo,
talvez longe lembre de mim qual vero amigo.

Gogh Van já tenho três que cá pessoais, certo,
Lembrar-me que de hoje que visita a mim tão perto,
Fraterno tão Gogh Vicent falta exame perto.


ERIC PONTY

sexta-feira, maio 04, 2018

LENDO LIVROS SAGRADOS - G.I.Gurdjieff :- HINOS SAGRADOS

PAULINO A GESTIDIO, EM SINAL DE DESMERECIDA ADMIRAÇÃO


LENDO LIVROS SAGRADOS
Verdadeiramente é insultar oferecer um fruto da terra e do campo a um pai de família que nada nas delicias do mar. Apesar dele à mando umas aberturas ouro pérolas. das pouquíssimas que me atraem ao entardecer dos ajudantes, ao encontrar motivo de falar em tua amizade e que pareça que um presente chegando unido a lengalenga.

Porém, foi dado que ambas coisas são reprováveis, pelas preces que às perdoem tua amabilidade e efeito, para que não pareça pouco educada à pobreza do obséquio nem odiosa minha vulgaridade.

 «Peque, pois, umas aves criadas numa sarça, em que às que um astuto caçador oculto na espessura da fronte mente e engana com sua idêntica balada então o tropel que se possa confiar sobre viscosa brancura.

 Logo, abrigar-se à magra presa com o trabalho na pequena distribuição de sua mesa, e, brilhante com gordas da primeira fila minguando gradualmente até o cabo da maleta e para que desagrade menos à brancura à amena arrumação da gordura ao satisfazer à primeira vista com duma ave ilustre.


 [1] este bilhete em prosa acompanha o pequeno poema que segue a continuação. Se conserva no manuscrito mais antigo, o Vossianus. Necessita ser datado nos anos anteriores à partida de Paulino de Aquitânia até Espanha no ano 389, dado que está ausente por completo da temática religiosa que tanto ia a preocupar lhe despois desta estância em nosso chão. De Gestidio nada se sabe, ao que à deferência com que o trata Paulino deixando entrever um rico proprietário, como o denomina P. FABRE, S. Paulin de Nole et l’amitié, pág. 155. Por outra parte, o poema nos permite vislumbrar à vida dos Proprietários de Terra da sociedade galo-romana do s. IV (Observar art. de F. J. LOMAS, «Secessus in villam: na alternativa pagã ao ascetismo do Cristiano no O Círculo de Ausônio», Antig. Crist. 7 [1990], págs. 273-286).

Paulino de Nola
TRAD. ERIC PONTY

terça-feira, maio 01, 2018

CANCIONEIRO - Francisco Petrarca - TRAD ERIC PONTY


Esse encargo é da igreja onde divos pesares,
Deixam filtrar não raro insólito enredo;
O pastor cruzar em meio uma brenha mistérios
Que dali se espreitarem com votos familiares.

Com se ecos extensos que à distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade, tão casta,
Quanto à noite e quão aos cristais, os tons, às dores
E aos perfumes Nossa Senhora, há aromas frescos rosas.

Temo a recordação daqueles tempos crus
Quando Jesus subia às estátuas na cruz.
Ligeiros, cravos e tremer, fiéis sons da lira,
Que ali caçoavam sem angústia e mentira.

Serão à carne crua infantes, doces verdes prados,
E outros, já quebrados, ricos e triunfantes, fluidez jamais
Como o almíscar, carícia e as resinas do poente,
Que à glória acirram sentidos e dos mente sentem.
Francisco Petrarca
TRAD. ERIC PONTY

segunda-feira, abril 30, 2018

UM JOVEM PADRE – PAUL VALÈRY – TRAD. ERIC PONTY

Abaixo calmos ciprestes jardim clerical,
Segue jovem homem negro olhos lentos magos
Fatigado d´exegese e das palavras litúrgicas
Ele saboreia azul lazer dominical.

O ar está pleno cheiros e campanários soantes!...
Mas seminarista evocar em seu coração,
Perdões em latim vai murmurado em coro
Um sonho batalhas e armas estremecimento.

E ergueu suas mãos fazendo por ostensório
Buscando um gládio denso! Porque ele pinta olhar
Ao poente jorrando o sangue doirado doado anjo!

Cá encima! Ele pediu nadar céu claro e verde,
Entre os serafins pardos de ardores alheios,
Soado da corneta choca aço versus inferno!

PAUL VALÈRY
TRAD. ERIC PONTY

domingo, abril 29, 2018

Á TRANSMIGRAÇÃO D´ALMAS - ERIC PONTY


JONH ADAMS


Ao menino lhe cativavam às torres assustado,
A natureza é igual qual seu afã tão provinciano.
Ah, qual grande cruel mundo, da efígie alumbrada!
Se recordação ao olhar, ao fundo: quão distante!

Na manhã um dia acordamos, cabeça em flamas,
Este coração ferido nos cruéis vis pesares,
E ao ritmo das ondas nós vamos acenando,
Nosso próprio infinito pelas finitas penas.

Nos deixaram, felizes, na vil pátria possuída;
Outros, em horrível culpa; e outros mais, receosos,
Noticiários afogados nos olhos do terror,
Na canção dominante qual ritmos perigosos.

Para não ser equívocos bestas se estremecem,
Ébrios à luz e cansaço, d´ altos céus possessos;
Os céus mordedores, e as aves que se colidem,
Esfumam lentamente às torres dos desejos.

Porém viajantes só são àqueles que partem
Por partirem; corações como globos, ligeiros,
Sem que dum fatal sinal jamais se colidem,
E sempre dizer: Vamos! Ignotos passageiros.

Esses, cujos desejos cultivam quais celestiais,
E sonham, como sonha seu trovão terrorista,
Com ignotos prazeres que prometem viagens,
E que do humano espírito jamais há adivinhado.

Imitamos, terror! Sua trombeta neste eco,
Em seu brio nos brincos; até sonho, avara,
À Indiscrição nos atormenta escota,
E sendo anjo cruel que só vós flagelai.

Sorte estranha: à meta sem cessar se desprega
E, se o lugar se ignora, é quiçá impassível.
Onde o homem, que nunca esperança repulsa,
Ao falar no repouso correr quão um doido!

Alma é dum termômetro procura de iguaria;
Sobre ponte uma voz: «¡Abri os olhos!», grita,
E urge desde da coifa uma voz incendiaria:
«Amor… Glória… Riqueza! Uma roda funesta!».

Almas das torres, éticas, com prósperas orelhas
E com garras fincadas engatilhadas ao fémur,
Altiplanos aos aviões de irritações vagas
Como essa eflorescência das torres leprosas.

Hão logrado injetar, em convulsos ardores,
Sua irreal ossatura ao tisnado esqueleto,
De cimento; seus pés às tão fracas traves
Se entrelaçam durante às noites e os dias.

Sofrimentos eternos ao assento entrevados,
Notam como os sóis adelgaçam sua torre,
Aos, pegados vidros, então se fundiu ao céu,
Tremem com o grotesco sobressalto terror.

E acabam seus Assentos amando-o; à teia,
Tinta rubra cedendo ante Mouros seus sítios;
E, tecendo, ao espírito dos sóis de antanho,
Aos boquejam as espigas que tiveram os grãos.

Nos deixaram, felizes, na vil pátria possuída;
Outros, em horrível culpa; e outros mais, receosos,
Noticiários afogados nos olhares terror,
Os acribias dominantes quais ritmos dolosos.

Possuíam duma mão invisível que mata;
Ao regresso, seus olhos destilam o veneno
Que infecta olhar ferro duma torre atacada
E terminais saudando com nudez fatal!

E quando do austero sonho abateram suas vísceras,
Sobre os braços sonhar nos assentos partidos,
Os espíritos que alguém em mármore talhara
Os que se estufem supremas covas escritórios.

Flores de tinta nos pólens das frontes esculpidas
Lhes medem, ao largo de acurralados cálices,
Iguais que aos gládios num voo de libélulas,
E afiladas espigas se deslumbram aos membros!
ERIC PONTY