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quarta-feira, maio 16, 2018

Guillaume Apollinaire - O BESTIÁRIO OU O CORTEJO DE ORFEU - TRAD. ERIC PONTY

TRADUÇÂO INTREGAL

ORFEU
 Abismar-se a alento claro e briosas linhas:
É a voz que foi ouvida pela luz
E que nos disse Hermes Trimegistro no Pimandro.

Admirez le pouvoir insigne Et la noblesse de la ligne:
Elle est la voix que la lumière fit entendre
Et dont parle Hermès Trismégiste en son Pimandre.
A Tartaruga

O Feitiço Trácia, O delírio!
Meus dedos são fé de aproximar-se na lira.
Em quais os animais passam pelos Sons
Minha tartaruga, minhas canções.

Du Thrace magique, ô délire !
Mes doigts sûrs font sonner la lyre.
Les animaux passent aux sons
De ma tortue, de mes chansons.
  O Cavalo
Meus sonhos formais rígidos vão andar contigo,
Meu destino é uma carruagem douro irá conferir esta formosura
Quem das rédeas a segurarem firme ao frenesi,
Meus versos, são paradigmas de toda poesia.

Mes durs rêves formels sauront te chevaucher,
Mon destin au char d’or sera ton beau cocher
Qui pour rênes tiendra tendus à frénésie,
Mes vers, les parangons de toute poésie.
Os cabelos da cabra
Os cabelos desta cabra e até mesmo
Daqueles que tomaram douro à Jasão
Tantos problemas, são preço inculto
É do cabelo do qual eu estou amando.

Les poils de cette chèvre et même
Ceux d’or pour qui prit tant de peine Jason,
ne valent rien au prix
Des cheveux dont je suis épris. 
                                 A serpente
E o que às criaturas têm sido pacientes desta brutalidade!
Eva Eurídice Cleópatra;
Eu talvez saiba três ou quatro.

Tu t’acharnes sur la beauté.
Et quelles femmes ont été Victimes de ta cruauté !
Ève, Euridice, Cléopâtre ;
J’en connais encor trois ou quatre.
O Gato
Eu quero em minha casa:
Uma mulher em cuja razão,
Um gato dentre os livros,
Amigos como em qualquer época do ano
Sem o qual eu não possa viver.

Je souhaite dans ma maison :
Une femme ayant sa raison,
Un chat passant parmi les livres,
Des amis en toute saison
Sans lesquels je ne peux pas vivre.

                  O leão
O leão, imagem miserável
Reis Chus miseravelmente,
Agora tu nasces na gaiola
Em Hamburgo, quais alemães.

Ô lion, malheureuse image
Des rois chus lamentablement,
Tu ne nais maintenant qu’en cage
À Hambourg, chez les Allemands.
  A Lebre
Não seja tímido e nem lascivo
Como é a lebre e a tua amante.
Mas isso ainda faz sua mente
Lebre ao aprontar quer arrojar.

Ne soit pas lascif et peureux
Comme le lièvre et l’amoureux.
Mais que toujours ton cerveau
soit La hase pleine qui conçoit. 
O Coelho

Eu conheço outro enganador
Que qualquer vida que eu tomaria.
O labirinto está dentre tomilho
Os vales do país da ternura.

Je connais un autre connin
Que tout vivant je voudrais prendre.
Sa garenne est parmi le thym
Des vallons du pays de Tendre. 
O dromedário

Dom Pedro, de Alfaroubeira
Correu o mundo e assombrado.
Ele fez o que eu faria
Se eu tivesse quatro camelos,
Com seus quatro dromedários. 

Avec ses quatre dromadaires
Don Pedro d’Alfaroubeira
Courut le monde et l’admira.
Il fit ce que je voudrais faire
Si j’avais quatre dromadaires.

O Rato




Belos dias, ratinhos do temporal,
Tu te preocupas pouco a pouco minha vida.
Deus! Vou fazer vinte e oito anos,
E mal experiência em minha inveja.

Belles journées, souris du temps,
Vous rongez peu à peu ma vie.
Dieu ! Je vais avoir vingt-huit ans,
Et mal vécus, à mon envie. 
O Elefante
Como um elefante em seu marfim
Eu beijo um bem precioso.
Morte roxa!  .... Eu comprarei à minha glória
Ao preço dos motos melodiosos.

Comme un éléphant son ivoire,
J’ai en bouche un bien précieux.
Pourpre mort !.. J’achète ma gloire
Au prix des mots mélodieux. 

Orfeu
Comparecendo a esta infecta tropas
De mil pés, de cem olhos:
Rotíferos, ácaros, insetos
E micróbios mais magníficos
As sete maravilhas do mundo
E do palácio de Rosamundo!

Regardez cette troupe infecte
Aux mille pattes, au cent yeux :
Rotifères, cirons, insectes
Et microbes plus merveilleux
Que les sept merveilles du monde
Et le palais de Rosemonde! 

                                      A Lagarta


Os afazeres levam à riqueza.
Os Poetas pobres, pois que trabalhem!
A labuta da lagarta sem
Cessar se transforma em uma rica borboleta.

Le travail mène à la richesse.
Pauvres poètes, travaillons !
La chenille en peinant sans
Cesse Devient le riche papillon. 

Guillaume Apollinaire 
TRAD. ERIC PONTY 

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