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segunda-feira, maio 14, 2018

Debussy - Poemes de Charles Baudelaire - No. 1. Le balcon ( O BALCÃO) - CHARLES BAUDELAIRE

XXXVI

O BALCÂO

Mãe das memórias, és maestra das nossas queridas!
Ô tu, dos meus prazeres todos! única há quem me devo!
Fardas-me de recordar nossa beleza das carícias,
À doçura descansar embrulho destas noites,
Mãe das memórias, és mestra das nossas queridas!

As noites iluminadas com o fulgor do carvão,
E as noites ante balcão, velar vapor rosáceos.
Suave a mim era teu peito! Bom comigo teu coração!
Muitas vezes dizemos coisas impecáveis,
As noites iluminadas com o fulgor do carvão!

Que consanguíneos são os astros nas tíbias veladas!
Profundo o espaço! Intenso vosso coração!
Ao inclinar-me até ti, reina das adoradas,
Me parecia respirar perfume de teu sangue.
Que consanguíneos são os astros nas tíbias veladas!

À noite se adensava igual que uma barreira,
E na escuridão meus olhos prediziam tuas pupilas,
E eu bebia teu alento, ô doçura! ô veneno!
Aos teus pés dormiam em minhas mãos fraternas.
À noite se adensava igual que uma barreira!

A gente à arte de evocar os momentos felizes,
E revivo meu passado enlaçado nas tuas saias.
Pois para que buscar tuas lânguidas belezas
Se não é teu querido corpo em teu suave coração?
A gente à arte de evocar os momentos felizes!

Os juramentos, estes aromas, estes beijos infinitos,
Renasceram dum abismo insondável para nós,
Como ascendem ao céu os astros rejuvenescidos
Ao arranjar levar ao fundo dos mares profundos?
— Ô promessas! ô aromas! Ô beijos infinitos!

CHARLES BAUDELAIRE
TRAD. ERIC PONTY

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