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domingo, janeiro 21, 2018

Memória – Arthur Rimbaud - Trad. Eric Ponty

I
Clara água como o sal de prantos da infância,
Assalto ao sol brancura dos corpos das fêmeas,
A seda pisada e lírio puro das auriflamas
Sobre muro onde alguma donzela defende.

A Luta dos anjos – Não corrente ouro em marcha,
O braço negro mover, denso, fresca erva. Ela 
Esvaece de antes céu azul ao céu lê chamando
A engelhar sombra desta colina e desta arca.

II

Ah! Húmido do vitral tende caldo do límpido!
Move ouro água do livor sem funda classe presta
Vestidos de verdes debotados meninas
Faz salobro onde salta bípede sem rédeas.

Mais puro que Luiz lume amarelo pálpebra
Vigiar água — tua fé da nupcial, ô esposa! —
Meio dia em ponto terno espelho de inveja
Ao céu cinza calor globo rosa comida.

III

Madame se tens muito em pé em pradaria,
Onde nevar o fio junto lida sombrinha
Dedos premente umbela mui vaidosa ela
As crianças que lhes traduz verdura florescem.

Ler livro marroquim rubro! Hélas ele como,
Mil anjos brancos que se separam sob via
Desvio distante serra! Ela permanecer toda
Fria e negra curta! Após partida do homem!

IV

Saudade do braço grosso e jovem erva pura!
Ouro lunar de abril do santo leito! De júbilo
Obras dum morador abandonado às pressas
Tardinha longe faz rebentar podridão!

Que ela presente abaixo da muralha! Hálito
Do álamo alto é ser para única da brisa
Pois este lençol sem imagem fonte gris
O Velho dragador em barca inerte pena!

V

Brinquedo esse olho água morna não se unir possa
Ô barca inerte! Oh! Braço mui curto! Nem uma
Nem outra flor: nem esse amarelo me importuna
Lá nem azul amigo água colorir cinza

Ah! Salgueiros em pó que um alado sacode!
Rosas do roseiral muito tempo se devora
Meu bote sempre fixo corrente esticado
Ao fundo esse olho água sem margem — que lama!

TRAD.ERIC PONTY

As Rosas - Rainer Maria Rilke - Completo - Trad, Eric Ponty

l
Se a calma, por vezes, nos espanta muito,
Rosa feliz
É que, por si mesma, por dentro,
Pétala contra pétala, você acalma.
Tudo esperto, meio
Dorme durante que de incalculáveis, toques
A ternura deste imo silencioso
Levando à boca extrema.

II
Eu vejo você, rosa, entreaberto livro,
Que contém tantas folhas
Beleza detalhada
Nós nunca vamos lhe ler. Livro-bruxo,
Que se abre ao ar e que pode ser lido
Olhos calados ...
Abrangendo borboletas insurgem confusas
Por terem tido os mesmos conceitos.

III
Rosa, ó coisa por compostura finda
Que contém ilimitadamente
E se espalha imensamente, cabeça
Um corpo se abranger muito suave,
Nada bate ti, ó essência soberana
Esta estadia nebulosa;
Amo este recinto onde apenas se avança
Seu perfume faz nós perdermos.

Tu eras rica aceitável para tornar-se
Uma centena de vezes a si mesma
Em uma única flor;
Este é a categoria de quem ama ...
Mas você não nos faz pensar o oposto.

V
Abandono redil por abandono,
Ternura tocando a ternura ...
É o seu interior que firmemente
Carícias, elas dizem;
Afagar em si,
Avisado por seu próprio reflexo.
Assim você inventa o tema
Narciso almeja o desejo.

VI
Uma única rosa é todas as rosas
e isso: o insubstituível,
o perfeito, o termo brando
incluídos no texto das coisas.
Como sempre, sem ele
quais eram as nossas esperanças,
e intervalos de ternura
na vela contínua.

VII
Te pressionando, fresca, clara
rosa, contra o meu olho calado -
parece que mil pálpebras
sobreposto
quente contra o meu.
Mil dorme contra a minha ambição
em que eu rondam
no labirinto odorante.

VIII
Seu sonho muito apinhado,
grande flor no interior,
molhar como um enlutado,
você se faz apoiar na parte da manhã.
Suas forças doces sono
em um desejo arriscado,
desenvolver suas formas de ternura
entre amuras e seios.

IX
Rosa, tudo ardente ainda claro,
devemos nomear relicário
Santa-Rosa ..., distribui acresceu
esse cheiro santo nu sedicioso.
Rosa nunca tentada, desconcertante
sua paz interna; amante final,
embora longe de Eva, seu primeiro aviso -
rosa que tem perda imensamente.

X
Amiga das horas quando não sendo abandonadas,
onde todos rejeita o coração aflito;
consolador cuja presença atesta
Como carícias que flutuam no ar.
Se renunciar a viver, se ele é abdicado
que foi e o que pode advir,
Você acha que ter o aceitável para um amigo insistente
que ao lado de nós é a sua fada aflição.

XI
Eu tenho uma tal consciência do seu
ser rosa cheia,
meu consentimento embaraça
com o cerne na celebração.
Eu respiro você como se você fosse,
rosa, toda a vida,
e eu sinto o amigo perfeito
um amigo assim.

XII
Contra a qual rosa
você adotou
estes espinhos?
Sua alegria muito fina
Você fez isso forçou
tornando-se esta coisa
exército?
Mas que a resguarda
esta arma excessiva?
Quantos inimigos eu você
Temos afastado
que não temem.
Pelo contrário, outono verão,
você faz tratamento das feridas
nós damos-lhe.

XIII
Tu preferes-de-rosa com a namorada de fogo
nosso presente de assomo?
Lembre-se que você ganha mais
quando a felicidade de original?
Tantas vezes eu vi você, feliz e seca,
- Cada pétala uma mortalha -
em uma caixa de aromal, ao lado de um pavio,
ou um livro amado que só reler.

XIV
Verão: seja por alguns dias
rosas coevas;
respiração que flutua em torno
chocado suas almas.
Faça cada morrendo
um confidente,
e sobreviver a esta irmã
em outras rosas ausentes.

XV
Só, abundante flor,
você cria o seu próprio espaço;
teus padrões no gelo
odores.
Teu perfume em torno de quão outras pétalas
o seu cálice incalculáveis.
Lembro-me de você, você está de folga,
atriz prodigiosa.

XVI
Não falando de você. Você é indizível
de acordo com sua índole.
Outras flores decoram a mesa
transfigurá-la.
Ele coloca você em um vaso simples -
aqui tudo transforma:
esta é talvez a mesma frase,
mas cantada por um anjo.

XVII
É você quem está se arranjando em você
mais do que você, sua imo último.
O que sai de você, essa emoção intrigante,
é a sua dança.
Cada pétala aceitações
e é ao vento
andando odores
invisível.
A música dos olhos
tudo cercado por eles,
você se torna o meio
intangível.

XVIII
Qualquer coisa que nos move, você divide.
Mas o que acontece com você, nós não.
Seria uma centena de borboletas
para ler todas as suas folhas.
Não é de você que são como dicionários;
aqueles que indicar o
quer fazer vincular essas folhas.
Eu gosto das rosas epistolares.

XIX
É este o exemplo que você indica?
Podemos preencher como rosas,
multiplicando a sua matéria sutil
fizeram para não fazer nada?
Porque isso não está obrando do que ser
uma rosa, que parece.
Deus, olhando para fora da janela,
feita em casa.

XX
Diga-me, rosa, donde
em si mesmo fechado,
Retardar seu impõe força
a esta prosa do espaço
Todas estas companhias aéreas?
Como deve ser esse ar
afirma que rodavam as coisas,
ou, com um beicinho,
ele parece amargoso.
Enquanto em torno de sua carne,
-de-rosa, que faz com que a roda.

XXI
Isto não é que ele lhe darás desmaio
virá-la em seu caule
para completar você, rosa circular?
Mas quando o teu próprio mundo impulso ti,
estás no seu botão de ignorar.
É um mundo que gira em torno
pelo teu centro de calma se atreves
rodada do resto do rosa rodada.

XXII
Vós de novo, saem
a terra dos mortos,
rosa, aquele urso
a um dia enquanto o ouro
convencidos de que a prosperidade.
Será que eles os permites
cujo crânio oco
nunca foi conhecido como?

XXIII
Rosa, chegar tarde, as noites amargas para parar
por sua limpidez também sideral
rosa, você acertar as delícias completas fáceis
de suas irmãs de verão?
Durante dias e dias eu vejo tu hesitas
em sua envoltura unida muito forte.

Rosa, que, brotando, para baixo imitar
a lentidão da morte.
Teus estados incalculáveis que tu sabes
em uma mistura onde tudo se funde,
este acordo indizível do nada e ser
nós não sabemos?

XXIV
Rosa, tinha ele havia desamparado para fora,
Requintado caro?
O que é uma rosa, onde o destino
em nós fora?
Ponto de retorno. Você está aqui
que ações
com a gente, absorto, esta vida, esta vida
não a sua idade.

TRAD. ERIC PONTY

sábado, janeiro 20, 2018

Part 1 - VIDA - Emily Dickinson - 10 Primeiros Poemas - Trad. Eric Ponty

I
Sucesso é descrito valiosamente,
Por aqueles nunca tem sucesso.
Para compreender um néctar
Requer dolorida necessidade.
Não um de todos o roxo anfitrião
Quem tomou a bandeira hoje
Pode dizer uma definição
Tão clara desta Vitória.
Como ele derrotou-morrer-
Em cujo interdito ouvido
A distante estirpe de triunfo
Salvas angustiadas são claras.

II
A nossa quota noturna a suportar,
A nossa quota de manhã,
Nossa branca sorte total a preencher
Nossos em branco na zombaria.
Aqui uma estrela, e há uma estrela,
Alguns perdem a sua forma.
Aqui uma névoa, e há uma névoa,
Depois-dia!

III
Alma queres tu sorteies novamente?
Por apenas um tal risco
Centenas perderam, efetivamente,
Mas dezenas ganharam uns todos.
Anjos ofegante escrutínio
Se prolonga a gravar de ti;
Peste ansiosa reunião eleitoral
O brinde para a minha alma.

IV
'T é tanta alegria! 'T é tanta alegria!
Se eu falhar, o que pobreza!
E ainda tão pobres como a mim
Tem aventurados todos a se lançarem
Tem lucrado! Sim! Hesitado tão
Este lado a vitória!

A vida é, mas a vida e a morte, mas a morte!
Sorte plena é, mas sorte plena e fôlego, mas fôlego!
E se eu falhar,
Pelo menos para saber o pior é delicada
Derrota não significa nada, mas a derrota,
Não desolação possa prevalecer!

E se eu ganhar, -oh, arma no mar,
Oh, sinos que nos campanários,
A primeira repetição é lenta!
Para o céu é uma coisa diferente
Há conjecturas, e acordei tão súbita em
Talvez possa oprimir-me também.

V
Contentes! A grande tempestade é mais!
Quatro têm recuperado a terra;
Quarenta desceram juntos
Em ebulição a areia.
Anel, para a escassez de salvação!
Pedágio encantador para almas
Vizinho e amigo e esposo,
Girando sobre os cardumes!

Como eles irão dizer o naufrágio
Quando o inverno abala a porta,
Até as crianças pedirem, "Mas a quarenta?
Eles fizeram voltar não mais?"

Depois de um silêncio permeia a história,
E uma suavidade eficaz do olhar
E as crianças mais nenhuma pergunta,
E apenas as ondas como resposta.

VI
Se eu pode parar um coração apaixonado
Não quero viver em vão;
Se eu pode facilitar uma vida a dolorida,
Ou arrefecer uma dor,
Ou ajudar um desmaio pisco-de-peito-ruivo
Até o seu ninho novamente,
Não quero viver em vão.

VII
Dentro do meu alcance!
Eu poderia ter tocado!
Eu poderia ter alterado desta forma!
Suave passeio pela aldeia
Passeio com suave distância
Portanto insuspeitas violetas
Dentro dos campos mexericos
Esforço demasiado tarde para os dedos
Que passou, há uma hora.

VIII
Um ferido veado saltos mais altos,
Eu estou ouviu o caçador dizer;
'T é, mas o êxtase da morte,
E então a fratura ainda está.

A ferida rocha que brota,
O aço espezinhados que as primaveras
Uma face está sempre corada
Apenas onde frenética das picadas!

Gozo é o correio da angústia,
Em que o braço do cuidado,
Porventura alguém espiona o sangue
E "Você pode machucar" ao exclamar!

IX
O CORAÇÃO pede prazer primeiro,
E então, desculpa da dor
E então, aqueles pouco ungidos
Que mortifica o sofrimento;
E então, para ir dormir;
E então se ela deve ser
A vontade do seu Inquisidor,
A liberdade de morrer.

X
Um precioso, abandonado prazer está
Para atender a um livro antigo
Em apenas o vestido seu século usava;
Um privilégio, penso.
Seu venerando lado a tomar,
E o aquecimento na nossa própria,
Uma passagem de volta ou duas para fazer
Para vezes quando ele era jovem.


TRAD.ERIC PONTY

SONETOS SAGRADOS - John Donne - Trad. Eric Ponty

I
Tu me fizeste, e o teu trabalho decadência?
Atender-me, por agora o meu fim acaso pressa,
Eu posso executar a morte atende-me tão rápido,
E todos os meus prazeres são feitos como ontem;
Não me atrevo mover palor meus olhos agora
Desespero atrás, morte antes acaso expressos,
Tal terror, minha carne frágil acaso inútil,
Pelo pecado, que para o inferno faz pesar.
Só tu és acima, e de quando para que ti
Pelo teu deixar posso olhar, intervenho outra vez;
Mas nosso velho hostil subtil tão sendo tentar dizer-me,
Não que de uma hora eu posso me sustentar;
A tua graça podes das asas para evitar sua arte,
E tu como indomável chamar meu férreo imo.

II
Como devido por muitos títulos eu demitirei,
Eu a ti, ó Deus. Primeiro eu estava feita
Por ti; e para ti, quando eu estava de declínio
O teu sangue comprado que, o que antes era a tua
Eu sou teu filho, fez contigo para brilho
teu servo, cujas dores tu tens ainda reparado
As tuas ovelhas, a tua efígie até que eu trair mim
Eu próprio de um templo de teu Espírito divino.
Por que prospera diabo então usurpar sobre mim?
Por que se queixa ele roubar, não viole a tua direita?
Exceto tu subiste ao teu próprio trabalho luta,
Ó! Vou em meu breve desespero, quando eu ver-me
Que tu amas caridade ainda bem, não deixarás opção minha,
E Satanás odeia a mim, ainda relutante em perder-me.

III
Ó! Talvez suspiros e lágrimas retornarem
No meu peito e nos olhos, que eu tenho gastado,
Que eu possa neste santo descontentamento
Choram com umas frutas, tenho chorado seria vão.
Na minha idolatria que nevoeiros de chuva
Meus olhos não inúteis? Que fez meu imo dor fender?
Que dores foram culpas, amaria agora de pesar;
'Causa eu não sofro, devo que sofrem a dor.
Vós hidrópico ébrio célebre noite ladrão
Que dá vontade libertina e coceiras de orgulho
Ter recordação do passado alegrias, de alívio
próximos males. A mim é permitir minha pobreza
facilidade; por longos, veemente dor ter sido
efeito e causar, a punição e o pecado.

IV
Ó minha alma negra, agora tu és convocada
Pela doença e da morte de Herald e campeão;
Tu como peregrino, que fizeste no estrangeiro
Traição e não ousava olhar volta a donde ele fugiu
Ou como um ladrão, que até a morte destino leu
É vontade de oferecer o próprio eu da prisão
Mas é maldita forte esta tua execução
É vontade de que ele ainda pode ser preso.
Mas graça, se não arrependeres, não poderás falta;
Mas quem é o que te dará graça para começar?
Si para com tua Santa Sé luto é negro,
E rubro com qualquer pejo, como tu com pecado;
Ou te lavar no sangue de Cristo, que tem esta pode,
Que ser rubro, tinta vermelha às almas em branco.

V
Estou um pouco mundo que se faz astutamente
Dos elementos e dum angélico do espírito
Mas negra culpa faz trair eterna noite
duas partes do meu mundo oh ambas devem morrer.
Você que para além de que o céu foi mais altivo
Ter achado novos bens, nova terra pode escrever,
Verta novos mares em meus olhos, a que eu possa
Afogar o meu mundo com meu pranto sinceramente,
Ou lavar se ele deve ser afogar eu não mais.
Mas oh que devem ser cremados; alas o fogo
Da luxúria e da inveja ter cremado o que dantes,
E tornou mais imunda; deixe suas flamas ir-se
E me arder Ó Senhor, com um zelo ardente
De ti e a tua casa, que acaso em comer curar.

VI
Esta é a minha peça última cena aqui céus nomear,
minha peregrinação de última milha; e a minha corrida,
ocioso, ainda depressa correr tendo este último ritmo,
meu espaço último, meu minuto de último ponto;
E glutões morte instantânea da inarticulada
De meu corpo minha alma, eu dormia no espaço;
Mas minha vez de acordar deve sondar esse rosto
De cujo temor já batidos minha cada junta.
Então minha alma céu, seu inicial banco, toma o voo
E terra nascida do corpo nela habitarão
cair meus pecados, todos podem ter seu direito,
A onde eles são criados, quer apetar, ir inferno,
Imputar-me justo, do purgatório do diabo,
Para assim deixar o mundo, da carne, ao diabo.

VII
Na ronda da terra imaginado cantos, soprar,
As trombetas, anjos, e levantar, surgir
Da morte, você inúmeras infinidades
Das almas e ao seu organismo disperso vão,
Todos os que o fizeram de inundação e fogo
Todos quais guerras, fome, idade, sezão, cetros
Desespero, lei, acaso, matou, e cujos olhos,
Vereis a Deus, e nunca o sabor da morte à dor.
Mas o sono, Senhor, me lamentar um espaço;
Se acima de todos estes, abundam meus pecados,
É tarde para pedir a abundância da tua graça,
Quando estamos lá. Aqui nesta humilde terra,
Ensinar-me ao arrependimento; por que é tão bom
Si o tivesses seria meu selo perdão teu sangue.

VIII
Se fiéis das almas tanto ser glorificado,
Como anjos, então o meu pai n´alma ao vê-lo,
E adiciona essa mesma à plena felicidade,
Que proezas eu da boca grande inferno outrora
Mas se as nossas mentes almas seriam descritas
Pelas circunstâncias, pelos sinais seriam
Aparente em nós não tão imediatamente
Como será minha mente alva vera ser julgada?
Veem idolátrico amantes choram e lamentam,
E degrau blasfema ilusionista a chamada
Em nome do, Jesus é uma hipocrisia
Dissimuladores fingem devoção. Então voltam,
Reflexivas almas Deus, porque sabem que é grande
Nessa tua dor, para ele, está no meu peito.

IX
Se minerais venenosos e se aquela árvore,
Cujos frutos lançou morte na outra (imortal) nós,
Se lascivos caprinos, se serpentes inveja
Não podem ser malditas alas! Por que deveria ser?
Por que razão a intenção ou a razão, nascida em mim,
Fazer pecados, outro igual, em mim mais odiosos?
E misericórdia sendo fácil, e gloriosa
A Deus na sua ira severa por ele se ameaça
Mas quem sou eu, se atreve a disputa contigo?
Ó Deus, ó! Da tua apenas digno de sangue,
meus prantos, fazer celeste Lethés cheias
E afogar em ti o meu culpa negra da memória.
Que. Tu lembrasses-lhes, alguns afirmam em dívida;
Penso a misericórdia se queres esquecer.

TRAD.ERIC PONTY

Canceoneiro - Francesco Petrarca - Sonetos Escolhidos - Trad. Eric Ponty

I - Vós escutais em rima esparsa soar

Vós escutais em rima esparsa soar,
em suspiros que eu me nutria em coro,
de que em meu primo juvenil do erro,
ficará em parte noutro aquele soar.

De vários estilos em que eu choro,
fazendo de vã esperança e vã dor,
por esta via por prova entenda amor,
confio trovar piedade, não perdão.

Mas bem me vejo como o povo todo,
fábula foi grande tempo, onde espessa,
do meu modesto fato me envergonho:

Do meu divagar vergonho meu fruto,
me seduz a conhecer claramente
quando desejei o mundo breve sonho.

III - Era em torno do qual sol escondia-se

Era em torno do qual sol escondia-se,
pela piedade do Criador paraíso,
quando fui preso, e não me guardei,
que belo olhar vós outro duma dama.

Tempo não me parecia de atendê-lo,
contra o golpe de Amor, porém impôs,
que nem duma comum dor iniciada.
Porém meu ornamento não lhe fui honrando,

Encontrou-me amor de tudo desarmado,
Aberta a via por meus olhos coração.
Que lágrimas são fato porta cruzada.

Porém, ao meu orna minha dignidade
Feri-me de fecha naquele estado
Se armada meu mostrar puro arco.

IV - Que a infinita providência da arte,

Que a infinita providência da arte,
Demostrou admirável magistério,
de quem me fez este outro hemisfério
e Júpiter fez brando mais que marte.

Vindo tornar fulgurada esta carta,
muitos anos gosto selado verso,
fez Giovanni duma rede de Pedro,
meu reino do céu, fez-se tão de perto.

De se nascendo em Roma foi-me graça,
A Judeia sim, tanto servia ao status
humilde exaltar sempre por favor.

E cá um carente povo um sol faz fato,
Tal qual há casta e logo agradecia
Onde bela dona do mundo nasce.

V - Quando em novo suspiro chamar vou

Quando em novo suspiro chamar vou,
no coração nome que tem me escrito,
láudano isolado urdir do anterior,
em seu primeiro doce acento soa.

Vosso estado real, que encontro pois,
desfolha alta impressão do meu valor,
mas: basta grita um fim falar de amor,
digna reverência do amor excelente.

Que quase louvor ensinas há narrar,
da voz mesma voz deste meu chamado
que digna reverência do amor digno.

Se minha força Apolo se designa,
Que dizer sou sempre dum verde ramo,
com esta língua mortal presunçosa.

VI - Se extravio da folia do meu desejo

Se extravio da folia do meu desejo,
seguindo segundo fuga e retorno,
dos laços de amor ligeiros se soltam
vai adiante do meu lento caminhar.

Que quando reclamando seu envio,
pela escura estrada, minha escolha,
nem me vale espera, dar-lhe à volta,

que amor pela natura se fez resto. 
E, pois, freio força que se recolhe,
E me levanto em senhor de mim próprio,

Que meu mau grado a morte me transpõe.
Só por vir do louro donde se colhe,
da erva amarga, minha dor atraí,
custando aflige-me por me conforta.

VII A gula e sono e ócio e da pena

A gula e sono e ócio e da pena,
havendo mundo virtude banida,
onde dá curso seu quase perdida
de nossa natura deste costume.

Que se transcorre uma benigna luz,
do céu, que nos informa humana vida,
que dá coisa visível se adiciona,
fazer Hélicon nascer um relâmpago.

Qual vingança, do louro, qual mirto,
- Avara, e, nua vai à filosofia,
Disse a turba ao vil falseada intensa.

Pouco acompanhara por nossa via,
tanto prego tu, oh gentil espírito,
não libera há magnânima tua empresa.

VIII - Ao pé da colina da bela vista,

Ao pé da colina da bela vista,
presos terrenos membros suplicava
desta senhora que lhe nos enviava.

denso sono lagrimejando desta.
E livres em paz passavam por esta
da vida mortal, que animal desvia
Sem nos suspeitar trovar pela via.

da coisa que nosso andar nos moleste.
Mas do misero estado ouve nós meio
Conduzindo da vida anda serena.

Um só conforto, desta morte, temos.
Que vingança nos fez pesar à pena
Ao qual força outros presos ao extremo,
Rimam com maior legado cadeia.

IX - Quando planeta distingue à hora

Quando planeta distingue à hora,
Há albergar com Touro se retorna,
que cada virtude acendeu cornos,
que vestiu o mundo de novas cores.

E não só pela grandeza há nós fora,
serras e montes, que floresce adorna,
mas dentro não apercebeu do dia,
gravido fia deste terrestre humor.

Onde tal fruto e similar se causa,
quase paga, trazendo dona ao sol,
e me movendo aos olhares perdi.

Cria d´amor pensar, ante palavras,
Mas como ela que governa vontade,
Primavera porque não mais haverá.


X - Oh gloriosa coluna que se sustem

Oh gloriosa coluna que se sustem,
nossa esperança e grão nome latino,
rancor me torceu do vero caminho,
ira de Júpiter venturosa praga.

Que não palácio, não ao teatro não chama,
Mas observa abeto, uma faia, um pinho,
da erva verde e belo monte vizinho,
donde que se acende poetando d´agua.

Leve terra e do céu nosso intelecto,
o rouxinol que docemente assombra
todas noites se lamenta das penas.

Amoroso pensar imo nos enche,
Mas tanto bem só torso foi imperfeito,
Faz dia, senhor meu, minha companhia.

XVIII
Quando total retorno àquela parte,
Aclamo belo viso à dona Luz,
E minhas rimas ao pensar na luz,
Que ardi e grosseiro de parte a parte.

E que temo cerne que se parti,
E vejo preso ao fim de minha luz,
volto-me forma privada sem luz,
não me louve sem falha pura parte.

Coisa auscultar ao golpe da morte,
fujo, mas não tão veloz que desejo,
medir não venha como vem só.

Mudo estou, pois que à palavra morte,
fariam ranger a gente e meu desejo,
que à lágrima minha se emana só.

XIX
Só há animais no mundo que se altera,
visto que contra o sol a defender
outros porém que grão luz se ofender
não saem furor se não verso à noite.

E outros com desejo louco que espera
Júbilo força num foco, porque belo
provam outra virtude, que acende,
laçam meu louco e não esta última pura.

Eu não tenho força observar à luz,
Da dona, e não sou puro descrição,
Lugar tenebroso de hora tardia.

Mas olhos lagrimosos e enfermos,
Meu fado venderia na condução
E só que bem direito aquele arde.

CXIII - Que meio onde estou Senuccio meu

Que meio onde estou Senuccio meu,
(coisa fosse inteiro, vou me contendo)
vim fugindo do dilúvio e do vento
chamo súbito fato tempo rio.

Que sou seguro, dir-lhe-ei porque,
Não como trono ele fulgura medo
E porque mitiguei, não que morto
Lhe falarei de meu ardente desejo.

Tosto junto no amoroso reger,
vi onde nasceu aurora doce e pura
aquieta haver, meter trovão em bando.

Amor nem alma, fez meu repouso,
Ressoa fogo e suspende à emoção:
Quão agirei com seus olhos aguardando.


TRAD.ERIC PONTY

sexta-feira, janeiro 19, 2018

Dois Sonetos - john keats - Trad. Eric Ponty

Estrela Brilhante

Brilhante estrela! Se eu fosse como tu és firme
Não no solitário esplendor vago no céu da noite
E vigiando eternas pálpebras separadas
Gosto da natureza do dorminhoco eremita.

Movendo às águas como sacerdote ofício,
De pura ablução redonda terra humana margem
Ou olhando sobre a nova máscara caiu suave
Da neve sobre dos montes e destes mouros.

Sem ainda ser tão firmes, de ainda de imutáveis,
coxins sobre o meu amor leal madureza do peito
sentir para sempre a sua queda suave e elegante.

Acorda para sempre em um doce abalo,
ainda ouvir sua terna aceitação do instante,
E só viver ainda mais -  ou mais desmaio à morte.

TRAD.ERIC PONTY
Para FANNY

Clamo a tua misericórdia--pena--amor! --Sim, amor!
Amor misericordioso que tantaliza não
pensamento, nunca errante, sempre franco amor,
Desmascarar, e sendo visto -- sem uma nódoa!

Ó! Permitam-me ter, --Todas - todas - ser minhas!
Forma a equidade, que doce raspa dos menores
De amor, beijos, --daquelas mãos, olhares divinos,
O cordial, branco, brilhante milhões respondem peito.

A Si mesmo -- a tua alma -- na pena me dar todos os,
Retém nenhum do átomo do átomo ou morrer,
Ou que vivem na sua miséria talvez prisioneira.

Esquecer, em névoa de marcha lenta a miséria,
Efeitos da vida, -- Ao paladar da minha mente
Perder a tua rajada, em minha ambição cega!



TRAD.ERIC PONTY

Ode à um rouxinol - john keats - Trad. Eric Ponty

Minha alma dói é sonolenta dormência dores
Meu sentido, qual se de cicuta eu tivesse bebido,
Ou esvaziado ópio ao surdo alguns drenos
Um minuto passado de Letés tinha imerso:
Teus por inveja do teu não muito feliz,
Mas sendo muito feliz em tua prosperidade, -
Que. Tu, luz-de-asa-Dríade das árvores
Em algumas melodiosas quantias
De faia de verde e sombras inumeráveis,
Múrmuro do verão em plena preguiça facilidade.

Ó, há quem saborearia um copo de vinho! O que tenha sido
duma longa idade gelada profunda terra,
Degustação da flora e o país verde,
Dança e Música provençal e bronzeado mirto!
Um copo cheio do excitado Sul,
Cheio de verdade, humilde Hipocrenio,
Com rebordo redondo bolhas piscando no ao transbordo,
E corados com boca roxa;
Que eu possa beber e deixar o mundo invisível,
E contigo desaparecer na floresta escurecida.

Esvair-se longe, dissolver, e bastante esquecer
O que tu entre as folhas nunca tens conhecido,
cansaço, a febre e a preocupação
Aqui, onde os homens se sentam e ouvir cada outros gemem;
Onde poucos, batidos de paralisia triste, últimas cãs,
Onde a juventude cresce pálido e espectro-fino, e morre;
Onde mas pensar é para ser cheio de tristeza
E plúmbeo- olhares de desesperos,
Onde a beleza não pode manter seus lustrosos olhos,
Ou novo amor pinheiro para além de amanhã.

Distância! Distância! Eu iria voar a ti,
Não de carruagem, Bacos ou pardais,
Mas sobre invisíveis asas da Poesia,
Embora a estupido cérebro fez senão
criar perplexidade junto dos que retardam:
Já contigo! Ternura que é a noite,
E o está no seu trono Rainha da lua,
Juntar-se acerca de todas suas estreladas fadas
Mas aqui não há luz,
Salvar o que do céu é com brisas são sufocadas
Através de muito verde e cobertura formas entretecidos musgos.

Não estou a ver o que as flores estão em meus pés,
Nem o que paira sobre o incenso suave ramos,
Mas, na escuridão, adivinhar cada embalsamada doce
Entristeceu o mês sazonais dota
A erva e a moita de árvores de fruto selvagem;
Branco espinheiro e pastoral madressilva
Velozes pálidas violetas seriam a touca das folhas,
E meados de Maio mais velha criança,
Vinda de almíscar rosa, cheio de vinho,
Murmuras tocas de moscas em vésperas de verão.

Querida eu ouvi; há muitos num tempo
Tenho sido metade no amor com calma morte
Lhe chamávamos suaves nomes muitos da musa da rima,
Para ter no ar a minha respiração calma;
Agora mais do que nunca parece rico de morrer,
Para cessar a meia-noite com nenhuma sobre dor,
Enquanto tu és derramando a tua alma no estrangeiro
Em tal êxtase!
Ainda pedirmos tu cantar e tenho ouvidos em vão-
Ao teu alto réquiem se tornar um gramado.

Foste não brotou para a morte, Ave imortal!
Sem fome te via proles;
A voz ouço esta passagem noite foi ouvido
Em dias antigos pelo imperador e palhaços:
Talvez a mesma canção que encontrei um caminho
A triste coração de Ruth, quando doentes para casa,
Ela se pôs em lamentos no meio do milho ádvena;
Mesmo que os ausentes tempos tem
Charme mágicos caixilhos, fenda na espuma
Insolente, em Fada terras mares desconsolados.

Desconsolados! A própria palavra é como um sino
A portagem de volta para mim de ti que meu único auto!
Adeus! O extravagante possível fazer batota tão bem
Como ela é familiar enganado elfo
Adeus! Adeus! Teu hino lamentoso desapareceu
Passado o perto de prados, sobre o ainda caminho,
Até o morro do lado e agora vossos enterrados
No vale próximo as clareias do mato,
Foi uma visão ou um sonho?
Evadiu de que a música - Do desperto ou dormi?

TRAD.ERIC PONTY

Ode a uma Urna Grega - john keats - Trad. Eric Ponty

I
Tu ainda não violaste a calma da noiva,
Tu és adotada do silente e que aquieta tempo,
Cronista rústica, pode assim apregoar,
Um conto muito mais florido doce essa rima.
Página adorna a lenda assombra sobre tua forma
De divindades ou mortais, ou de ambas.
Em Tempe ou vales de Arcádia?
Aquilo homens ou deuses são estes? O que moças recusas
O que colérica busca? O que luta a evadir-se?
O Que flautas e adufes? Que brutal êxtase?
II
Ouvir melodias doces, mas daquelas incomuns
Tão doces; assim, vós flautas macias, raiar
Não a orelha sensual, mas ainda mais exaltar
flautas ao espírito nenhuma tonalidade
Irmã do frescor, sob sombra cedros, não podes aceitar
Tua música, nem sempre podem ser as árvores nuas.
ousado amante, nunca, nunca poderás teu beijo,
ganhar perto do fim ainda, não te consternar.
Não possa ofuscar, ainda tu não tenhas, pois, tua graça,
Para sempre irás teu amor, e ela será justa!
III
Ah, feliz, feliz ramagem! Não é possível lançar
As suas folhas, nem sempre doam Primavera adieu.
E, feliz melodista, incansável,
sopra sempre músicas para todo o sempre jovem.
Mais feliz amor! Mais feliz, feliz amor!
Para todo o sempre quente e ainda para ser fruído
Para sempre ofegoso, e sempre jovem.
Todos respiram paixão humana muito superior,
Que sai de um cerne triste e alto mitigado
conflagrar-se na fronte abaladora da língua materna.
IV
Quem são estes que vêm para o sacrifício?
O livro verde altar, Ó misterioso sacerdote,
Levares tu, a bezerra vazante no céu,
E todos os seus sedosos flancos com grinaldas festivas
A pequena cidade de rio ou mar,
ou para a montanha - erguida com sereno forte
É evacuado povo, este piedoso ao irromper?
E, pequena cidade, tuas ruas para sempre
Vai emudecer é; e não uma alma para dizer
Por que tu és assolada, podes sobre teu retorno.
V
O Sótão da forma! Justa atitude! Com vasto
De homens de mármore e moças alvoraçadas
Com brenha ramos e a pisada plantas daninhas;
Tu, forma silente, nos intriga distante da mente
Como acaso a ultravida: Pastoral frio!
Em idade exótica, esta geração dos cinzas,
Farás também jazerem, no meio de outras dores
Que a nossa, amiga do homem, a quem tu dizer-te
"A bondade é a verdade, a verdade bondade, -que é tudo
Vós aceitais na terra, e vós todos careceis de saber."


TRAD. ERIC PONTY

La Belle Dame Sans Merci - john keats - Trad. Eric Ponty

Balada

I
O que pode te afligir, cavaleiro de armas,
Só e palidamente indolente?
Juncos têm de murchar a mim do lago,
E as aves não cantarem.

II
O que pode te afligir, cavaleiro de armas!
Assim macilento e assim dor cobiça?
O celeiro do esquilo está cheio,
E a colheita está feita.

III
Vejo um lírio sobre a tua testa
Com angústia húmidas e clássico orvalho,
E nas tuas bochechas emurchecimento  rosas
Amofinando breve também.

IV
Encontrei uma senhora em meio prado,
Plena bela criança uma fada,
O seu cabelo era longo, seu pé era leve,
Seus olhos eram selvagens.

V
Eu lhe fiz uma grinalda para tua cabeça,
E braceletes elevado, e perfumada zona;
Ela olha-me em mim como ela fazia amor,
E doce gemido.

VI
Eu me ponho no meu paciente cavalo
E nada mais viu ao longo de todo o dia,
aos soslaios vontade dela inclinar-se cantar
Uma fada a canção.

VII
Ela me encontra raízes dos meus prazeres suaves,
E Mel selvagem e orvalho maná,
E com certeza em língua estranha ela disse-
"Tenho-te amor verdadeiro".

VIII
Ela me levou ao seu elfo de sujeira
E ali ela chorou e suspirou encher seios doridos
E lá eu fechei seus olhos selvagens
Com quatro beijos.

IX
E ali ela me ninou dormindo,
E lá eu sonho eu. Ah! Ai!
A última vez eu tive um sonho eu sonhei
No frio do lado colina.

X
Eu vi pálidos reis e também príncipes
Guerreiros pálidos, morte pálida foram de todos eles;
Eles clamavam —“La Belle Dame sans Merci”
Te fizeram enfeudados!"

XI
Eu cerrei seus lábios desprovidos escuridão
Com o horrendo aviso pasmado vastos
E eu acordei e me encontraram aqui,
No frio do lado da colina.

XII
E é por essa razão que eu peregrino aqui,
Só e palidamente indolente,
Juncos têm de murchar a mim do lago,
E as aves não cantarem.

TRAD.ERIC PONTY

SONETOS DA PORTUGUESA - Elizabeth Barrett Browning - TRAD. ERIC PONTY

l
Pensei uma vez como Teócrito havia cantado
Dos anos doces, anos prezados desejados,
Quem cada um em uma mão graciosa aparece
Para ter presente aos mortais, velhos ou jovens:
E, enquanto refletia em sua envelhecida língua,
Eu vi, visão gradual por meio das minhas lágrimas,
Anos doces, tristes, os anos melancólicos,
Aquela minha própria vida, por sua vez tinham atirado
Uma sombra em mim. Forma reta eu era "artigo,
Tão chorar, quão uma forma mística se moveu
Atrás de mim, e me puxou atrás pelos cabelos;
E uma voz disse em comando, enquanto eu me esforçava, ---
- Inquiri quem te segura? - "Morte", disse. Mas lá,
Resposta prateada tocou: "Não há morte, mas Amor"

II
Mas apenas três em todo o universo de Deus
Ouviu esta palavra que disseste: --- Ele mesmo, ao lado
Eu falando, e eu ouvindo! E respondeu
Um de nós . . . Que era Deus, . . . E lançou a maldição
Tão escura em minhas pálpebras, quanto a punir
Minha visão de te ver, que se eu tivesse morrido,
Pesos mortais, postos ali, teriam acepção
Exclusão menos absoluta. 'Não' é pior
De Deus do que de todos os outros, ó meu amigo!
Homens não podiam nos separar com jarros mundanos,
Nem os mares nos mudam, nem os dilúvios se dobram;
Nossas mãos tocavam todas montanhas e serros:
E, o céu sendo enrolado entre nós no final,
Devemos, mas jurar mais veloz para as estrelas.
lll
Ao avesso somos nós, ao avesso, O imo principesco!
Ao oposto de nossos usos e dos destinos.
Nossos dois anjos parecem surpresos por nosso ímpeto
Em um outro, enquanto golpeiam entre si qual encantos
Suas asas de passagem. Tu, pensar-te-ia, qual arte
Um convidado para rainhas aos desfiles sociais,
Com penhor de cem olhos mais olhares brilhantes
Das lágrimas podem mesmo fazer meu, fazer a tua parte
De músico chefe. O que tens a fazer como condutor
Com olhar das luzes de treliça olham para mim,
pobre, cansado, errando cantor, cantando através
A escuridão, e inclinando-se acima de um cipreste?
A crisma está em sua cabeça, - no meu, de orvalho, ---
E a Morte deve cavar o nível onde estes concordam.

lV
Tu tens chamado a algum palácio real,
Mais gracioso cantor de poemas altos! Onde
Os dançarinos irão quebrar o pé, a partir do cuidado
De vigiar seus lábios grávidas para mais.
E tu levantas o fecho desta casa muito pobre
Por mão de teu? E você pode pensar e suportar
Para deixar sua música cair aqui inconsciente
Em dobras de plenitude dourada à minha porta?
Olhe para cima e veja a janela quebrada,
Os morcegos e corujas construtores no telhado!
Meu grilo chilreia contra seu suave bandolim.
Acalmar, não chamem eco em mais provas amor
De desolação! Há uma voz dentro soar dentro de mim
Isso chora. . . Como tu deverás cantar. . .. Só, distante.

V
Ergo meu pesado coração solenemente ao mundo,
Como uma vez Electra de sua urna sepulcral,
E, olhando nos teus olhos, eu me derrubo
As cinzas aos teus pés. E vendo-os e veja
Que um grande montão dor estava oculto em mim,
E qual faíscas rubras selvagens queimam vagamente
Através do cinza, cinza. Se teu pé em desprezo
Podia escavá-los para a escuridão totalmente,
Talvez seja bem, talvez. Mas se talvez seja bem,
Tu esperas ao meu lado ao vento soprarias
O pó cinza, . . .. Aqueles loureiros em sua cabeça,
Ó meu amado, não te protegerás assim mundo,
Nenhum dos incêndios deve queimar e triturar
O cabelo embaixo. Fique mais distante, então! Ir.

Vl.
Vá de mim. No entanto, sinto que percebo por mim
Daqui em diante na tua sombra. Nunca mais mesma
Sozinho no limiar da minha porta frontal
Da vida individual, eu comandarei
Os usos de minha alma, nem ergues minha mão
Serenamente no sol qual antes, varrida luz
Sem o sentido daquilo que eu precedesse ...
Seu toque nessa palma da mão. Terra mais larga
Morte distorceu a parte de nós, deixar cerne na minha
Com pulsos que batem duplos. O que eu faço deles
E o que eu sonho inclui-te, como o vinho sorvido
Deve provar das próprias uvas. E quando eu processar
Deus para mim mesmo, Ele ouviu sibila teu nome,
E vê dentro dos meus olhos as lágrimas dos dois.

Vll
Rosto de todo o mundo está mudado, eu acho,
Desde a primeira vez que ouvi os passos da tua alma
Mova-se ainda, oh, ainda, ao meu lado, qual eles furtaram
Entre tu w mim e a terrível borda externa
De morte óbvia, onde eu, que pensava afundar,
Foi apanhado em amor, e ensinou o todo
Da vida em um novo ritmo. A taça de esmola
Deus deu ao batismo, eu estou com vontade de beber,
E elogie sua doçura, Doce, com você perto.
Os nomes de país, céu, se vão ser mudados
Pois onde estás, ou estarás, ali ou ali;
E isto . . .. Alaúde e canção. . . Amado pelo ontem,
(Os anjos cantores sabem) são apenas valiosos
Porque esse teu nome se moveste direito no dizem.

Vlll
O que posso te dar de volta, O liberal
E o dador principesco, que me trouxe o ouro
E roxo do teu cerne, sem mancha, sem contar,
E colocou-os na parte externa da parede
Para tal como eu para tomar ou sair com isso,
Em generosidade súbita? Estou frio
Ingrato, que para estes mais diversos seres
Presentes altos, eu não rendo nada retorna todos?
Não tão; não frio, --- mas muito pobre em vez disso.
Pergunte a Deus quem sabe. Prantos frequentes ter corrido
As cores da minha vida, e deixaste tão morto
E pálido um material, não era tão bem feito
A dar o mesmo que um travesseiro à sua cabeça.
Vá ainda mais longe! Vá que sirva para pisar.
TRAD. ERIC PONTY
 





sexta-feira, janeiro 12, 2018

Os embates dum caracol aventureiro - Federico Garcia Lorca - Trad. Eric Ponty

Existe candura infantil
No alvorecer sereno.
As árvores alargam
Seus braços ao chão.

Um sopro tremente
Ganga as sementeiras.
E as aranhas ampliam
Suas passagens de seda
- Confins na limpidez do cristal
Da feição.

Na via
Uma fonte lê
Sua canção entre as chelpas
E o caracol, pacifico
Corriqueiro da vereda
Desconhecido e miserável
A vista observa
A nobre quietude
Da Casta
Deu-lhe coragem e fé
Olvidando-se das aflições
De sua morada
Observar o fim da seda.
Colocou-se a marchar e adentrou-se
Em uma brenha de heras
E de urtigas. No meão
Existia duas rãs antigas
Que recebiam sol,
Enfadadas e doentias.

“Esses hinos atuais
- Murmurava uma dentre elas-
“São incultos. ” Juntos
Amigavelmente – lhe responde
A outra rã-das-moitas, que se achava
Com chaga e quase alucinada
“ Quando nova cria
Que se enfim Deus escutasse
A nossa serenata traria
Dó. E minha noção
Pois já existi assaz
Faz com que não ache.
Eu já não faço serenata...”

As duas rãs se lamentar
Exorando uma pedincha
A uma rã jovem
Que sobrevém convencida
Espaçando as ervas.

Ante brenha triste
O caracol se terrifica
Quer berrar. Não pode
As rãs aproximam-se dele

“É uma mariposa? ”
- Diz a pouco mais ofuscada
“Tem dois cornichos”
- A outra rã contrapõe
“É caracol que notarás
Caracol, doutros chãos.

“Chego da minha moradia e quero
Bem já retornar para ela. ”
“É uma peste muito inerme
- Exclama a rã ofuscada
“Não seduzes nunca? ” “Não canto”
Diz caracol. “ Nem faz as preces?
“Também não – Jamais estudei
“ Nem acredita na existência eterna?
“Do que se trata disso?

“É existir eterna
Dentro d’água mais amaina
Perto dum chão florejada
Que argentário manjar escora. ”

“ Quando o garoto me falou
Um dia a minha paupérrima avó
Que, ao padecer, eu partiria
Para unidas folhagens mais tenras
Do arvoredo mais alto.

“ Uma irreligiosa foi tua avó.
O fato te contamos
Nós. Fias nela”,
Falam as rãs irritadas.

“ Por que quis observar a senda? ”
- Soluça o caracol. “Sim, acredito
Para sempre uma existência eterna
Que (me) predicais...”

As rãs
Muito contemplativas, arredam
E o caracol, assombrado
Vai-se arrastando no bosque.

As duas rãs pedintes
Como enigmas ficam.
Uma delas se argumenta.
“Acreditas na existência eterna”
“ Não creio! ” Pronunciando muito triste
A rã chaga e alucinada
“ Por que nos pronunciamos
Ante o caracol que cresse?
“Por que... Me indago a razão
- Pronuncia a rã cega.
“Parto-me de emoção
Ao notar a firmeza
Com que avocam os meus filhos
Deus nos concebe acéquia.

As formigas exclamam
Mexendo as suas antenas.
“Trucidar-te-emos; és
Inerte e perversa
Os afazeres são sua lei. ”

“Observei estrelas”,
Diz a formiga com ferimento.
E o caracol sentencia:
“Deixa que parta,
Prossegui os vossos trabalhos.
É crível que muito preciso
Entregue faleça.

Pela feição dulcifico
Atravessou uma abelha.
A formiga, estertorando
Cheira a tarde enorme
E conta: “ É aquela vai conduzir-me
Uma estrela.

As demais formiguinhas 
Evadem ao observe-la morta.

O Caracol anseia
E tonto se arreda
Repleto de confusão
Pelo ensejo do eterno. A senda
Não se finda”- exclama.
“ Quiçá às estrelas
Se abeirar-se por aqui.
Mas minha boa covardia.
Me atalhará de abeirar-se.
Não falemos mais nelas. ”

Tudo jazia brumoso
De sol precário e bruma.
Campanários distantes
Evocam pessoas à igreja,
E o caracol, pacifico
Corriqueiro da senda
Tonto e irrequieto
A vista vê.      

Trad, Èric Ponty





quinta-feira, janeiro 11, 2018

Cata-ventos - Federico Garcia Lorca - Trad. Eric Ponty

Vento do Sul,
Moreno, ardente,
Chegas sobre minha carne
Conduzindo-me a semente
De brilhantes
Olhares, admirados
De flores de laranjeira.

Pões vermelha a lua
E soluçantes
Os álamos seduzidos, mas vens
Demasiado tarde!
Hei já enrolado à noite do meu canto
Na estante!

Sem nenhum vento
Creia em mim
Reja, coração;
Reja, coração.

Ar do Norte
Urso branco do vento!
Faz-me caso!
Reja, coração;
Reja, coração.

Ar do Norte,
Urso branco vento
Chegas sobre minha carne
Tremente de auroras
Boreais
Com tua capa de espectro
Capitães
E sorrindo aos gritos
De Dante
Ô polidor de estrelas!
Porém chega
Demasiado tarde
Meu armário está musgoso
Hei perdido a chave.

Sem algum vento,
Creia em mim!
Reja, coração;
Reja, coração.

Brisas, gnomos e ventos
De alguma parte.
Moscas de rosa
De pétalas piramidais.

Alísios destetados
Entre as grosseiras árvores
Flautas na tormenta
Abandona-me!
Tem graves cadeias
Minha lembrança
E este prisioneiro pássaro
Que se esboça com trinos
À tarde.

As passagens que partem não retornam jamais
Juntamente o orbe conhece disso,
E entre o fulgente gentio dos ares
É baldado lamentar-se.

Não é veridicidade choupo, senhor da brisa?
É inculto lastimar-se. 

Sem algum vento,
Creia em mim!
Reja, coração;
Reja, coração.


Trad. Eric Ponty

terça-feira, janeiro 09, 2018

Para Diótima - Friedrich Holderlin - Trad. Eric Ponty

Vastamente morto e repregado em si mesmo,
meu coração saúda a beleza do mundo,
seus galhos prosperam e enchem brotos,
adulvadas por uma seiva inovação.

ô, eu regressarei a viver,
assim como o feliz valor de minhas flores
abarcando sua dura cápsula
que se lança vazia ao ar e a luz.

Como hei mudado de ar de todo!
O que eu odiei e temi,
Se funde hoje aos seus ternos acordes
da melodia de minha vida;
e cada vez que a hora sonha,
uma misteriosa emoção me faz lembrar
os dias doirados da infância,
desde que falhe meu único bem.

Diótima, este brioso ser!
Alma sublime por quem meu coração
recoloca na angústia de viver
se promete a juventude eterna dos deuses.

Nosso céu durará!
Antes já que se verse, nossas almas,
unidas por suas insondáveis espessuras,
se havia reconhecido.

Quando, estou perdido pelos sonhos da infância
nítido como o azul do dia,
eu descansava sobre solo enriquecido
embaixo das árvores de meu jardim,
quando iniciava a primavera de minha vida
com suaves acordes de gozo e de beleza,
a alma de Diótima, como um zéfiro
passava entre galhos, sobre mim.

E quando, tal lenda
a beleza se iluminou de minha vida,
e me falei indigente e cego,
excluído de tanto paraíso,
quando o peso do dia me fatigava
E minha vida fria e sem cores vivas
deseja já, declinante,
o mudo reino das sombras:
então, do Ideal retornaram,
como desde céu, força e ânimo,
E apareceste radiante em minha noite,
divina efígie!

Deixando o porto silencioso para unir-me contigo,
espalhei de novo minha barca dormida
no azul do oceano.

Agora hei que retorno a te encontrar,
mais formosa que como te havia sonhado
nas horas solenes do amor.
Briosa e boa, ali se encontravas!

ô pobreza da fantasia,
somente vós, Natureza, podes criar este exemplar único,
no meio de suas eternas harmonias,
feliz seja tua perfeição!

Como os bem-aventurados em suas altas paragens,
onde a alegria busca refugio
E floresce a inalterável beleza
Emancipa da sua existência.

Como urania, harmonia
em meio do caos arrebentado,
ela segue divina e pura
Dentre ruina dos tempos.

Atrás prodigar-lhe todas homenagens,
meu espírito, obscuro, derrotado,
tratou de conquistar
ao que passa no interior seus pensamentos
mais agressivos. Que Ardor solar
E doçura primaveril, luta
E paz, lutam no fundo de meu coração
Diante de sua efigie angelical.

Muitas vezes me derramei ante ela
lagrimejadas de lágrimas de meu coração,
e tratei, em cada acorde da vida,
de vibrar ao uníssono com sua doçura.

As vezes, ferido no profundo,
exorei sua piedade,
quando ao céu que dela apossei
se abre claro r santo aos meus olhos.

Porém quando em seu silencio, rico imensamente,
com uma só olhada, uma só palavra
sua alma comunica com minha
sua paz de sua plenitude,
quando vejo aos deuses que me animam
deslumbrar uma chama em sua frente,
e vencido por sua admiração
me acuso ante ela de mim de mais nada,
então sua alma celeste me desaba
na doçura dum jogo infantil,
embaixo seu feitiço minhas cadeias
se denudam em gozo.

Assim desaparece meu pobre apanágio
e se ilumina último rastro de minhas lutas!
Minha natureza mortal entra
na plenitude duma vida de deus.

Em andante, meus elementos sois
esse onde nenhuma força terrestre,
nenhuma ordem divina nos afasta mais.

Ali onde saboreamos a união total.
Porque ali, tempos, já advindos
que nada valem, necessidade, são imêmores:
por fim então me sinto viver.

Assim como o aquário das Τυνδαρίδαι
com majestoso centeio
prossegue seu trajeto, a passível como nós,
nas alturas do céu noturno,
também desce, larga e brilhante,
desde a aborda do céu
vazia de folhagem onde a chama dum afetuoso descanso.

E nós, ô ardor de nossas almas,
encontramos em ti uma tumba bendita,
nos abismamos em sua folhagem
exultante dum júbilo mudo;
logo, quando ao chamado da hora,
acordados já, cheios dum orgulho novo
retornemos, como as estrelas,
Duma noite breve da vida.


Trad. Eric Ponty



Canto I - Dante Aliguiere - Trad. Eric Ponty

A metade do caminho desta vida
Eu me encontrava em uma selva escura,
Com a senda direita já perdida.

Ah, pois dizer qual era é coisa dura,
A selva selvagem, áspera e forte
Que em o pensar renova a coragem!

É tão amarga que algo mais é morte,
Mas por tratar do bem que ali encontrei
Direi de quanto ali me deu na sorte

Repetir não sabia como entrei na via,
Ela, pois, me vencia sonho o mesmo dia
Em que o veraz caminho abandonei.

Mas atrás chegar ao cerro que subia
Ali onde aquele vale terminava
Com pavor a minha alma confundia,

Ao olhar a cumpre, vi que me estava
Vestida das extensões do planeta,
Que o bom caminho a todos assinalava.

Ficando a apreensão um pouco quieta
Que de meu coração dolorido
Em o lago durou a noite que me inquieta.

E como aquele que com alento ardido,
Do oceano saído a ribeira dum rio,
Olhar a água que quase lhe há perdido,

Minha alma, que fugitiva então era,
Voltou-se a contemplar de novo o passo
Que no atravessa nada sem que morra.

Atrás repousar pouco corpo cansado,
Meu caminho segue por um tal deserto,
Mais abaixo sempre o pé que não dá passo.

E, apenas o caminho me ouve aberto,
Um leopardo leviano ali surgia,
De pé manchado todo recoberto;

Parado em frente minha, frente me havia
Cortando desse modo meu caminho,
E eu, para volver, já me retornava.

Era ao tempo primeiro matutino
E se eleva ao sol com suas as estrelas
Que estiveram com o quando o divino

Amor movia daquelas coisas belas,
E esperar bem podia, e com razão,
Ao que a fera esbravejava visse,

Agora da aurora e a doce estação;
Mas não sem temor me produzisse
A efígie, que vi então, que dum leão.

Me pareceu contra minha viesse,
Alta a testa e com alongados olhos,
Que parecia que o ar lhe temesse

E uma loba, que todas suas garras
Guardar semelhava em sua brancura
E há muitos procurou duelo emboscada,

Me chegou de inquietude com a bravura
Vinha reluzir em sua perspectiva
E perdi a esperança desta altura.

E, como a aquele que goza na jornada
Dá ganância e, quando chega o dia
De perder, chora sua alma contristada,

Assim a besta, que havia me vencia,
Me esforçava sem trégua, lentamente,
Ao lugar em que ao sol não se brilhava.

Então me deslizava ao pedinte,
Já me olhava sendo descoberto
Há quem por mudo porque silencia.

Quando ao contemplei no grande deserto,
«Tenha piedade —eu lhe gritei— de minha,
Já sejas sombra ou sejas homem certo! ».

Respondia-me: «Homem não, que homem já fui,
E por pais lombardos sendo gerado,
Dá mantuana pátria. Eu nasci qual filho

Abaixo Júlio, ao que tarde, e hei morado
Na Roma regida nobre Augusto,
A que a falsas deidades hei adorado.

Poeta fui, cantei então ao justo homem
Filho de Aquiles, que de Troia vindo
Quando o soberbo leão ficou robusto.

Mas por que moves em teu amargo sino,
Por que não vai ao monte complacente
Que de todos os gozem sendo caminho? ».

Es tu aquele Virgílio e essa fonte
De quem brota caudal da eloquência?
Lhe respondi com vergonhosa frente—.

Dos poetas a honorável e ciência,
Vaga-me ao largo estudo e grão amor
Com que busquei em teu livro sapiência.

Olhava teu mesmo mestre, teu meu autor:
És tu somente aquele do que hei tomado
O belo estilo que me dirá honradez.

Olhando besta havia atrás me encontrado,
Sábio famoso, e arrojando-me seu ultraje;
Por ela penso e venhas me hão observado. »

«Te convêm empreender distinta viagem
—Me respondeu me olhando que chorava—
Para deixar este lugar selvagem:

Que esta, por a que gritas, besta brava
Não cedeu a nada ao passo por sua via
E com a vida de que planeja acaba;

Sendo sua natureza tão ímpia no trato
Nunca sacia sua consciência odiosa
E, detrás comer, tendo fome, todavia.

Com muitos animais que se desposa,
E muitos mais serão até ao momento
Em que de Lebre morte espantosa.

Não serão terra e ouro seu alimento,
Senão amor e sapiência reunida;
Tenderá entre mago, mago nascimento.

Verá Itália suas forças ressurgidas
Por quem, virgem, Camila falou morte
E Euríalo, Turno e Niso, em feridas.

Dum povo e doutro lhe encherá, de sorte
Que fará de dar com ela no Inferno,
De que a inveja primeira que a diverte

De onde, por teu bem, penso e discerno
Que me sigas e eu lhe serei teu guia,
E hei de levar-te até ao lugar eterno

Onde ouvirás espantosa gritaria,
Verás almas tão antigas dolorosas:
Que segunda morte choram a porfia,

Verás gentes também que são grandiosas
No fogo, que esperam conviver
Dum dia com suas almas venturosas

Das quais, se aspiras a ascender,
Mais que a minha existe uma alma pura:
Com ela, a irei-me eu, te verei ir;

Que aquele imperador que aí na altura,
Posto que fui rebelde a sua doutrina,
Que eu não cheguei a sua cidade busca

A todo desde ali regi e domina,
Ali estão sua cidade e sua alta sede;
Feliz aquele há quem ali destina! ».

Dizendo eu: «Poeta, pois eu sou pode
Aquele Deus tu nunca terás conhecido,
Deste mal livre, e de outro maior, fique;

Leva-me onde agora hei prometido,
E as portas de Pedro vejas um dia
E a os de ânimo triste e afligido».

Ao eco ao andar, e eu detrás seguia.

Trad. Eric Ponty

segunda-feira, janeiro 01, 2018

Soneto IX até XI - Shakespeare, William - Trad. Eric Ponty

Soneto IX

Acaso ao medo ao canto duma viúva,
farás delapidar tua vida apenas?
Se morrer sem deixar progenitora
Ao mundo chorará como uma esposa?

Sombria de viuvez e não desta vida,
Pois tu não deixas sinais ao andar-te,
Entanto que de outras viúvas quando olham
Os olhos de seus filhos, chegam ao pai.

O que no mundo gasta perdulário
Vai duma mão há outra, não se perde,
O belo derrocado, dura pouco.

Não usados, se destrói já para sempre    
Não batas amor ao próximo teu peito    
De quem se impõe um crime tão abjeto.

Soneto X

Há nada quer, não queira negá-lo,
Pois se quer se vigia que de ti mesmo
Sem dúvida te amam muito sem embargo
Nenhum há sido nem foi correspondido.

O ódio criminal que carregas dentro,
Te incita a conspirar contra tua casa
E fazer-te derrubar seu nobre teto
Quando nobre és ver que este se repara.

Depõe teu empenho e eu, minha incerteza:
Produziras mais ódio de que ao amor?
Se como tua presença amável e doce.

Ao tentae quando menos compaixão    
Faz, por outros, de outro igual és justo    
Que a beleza reaviva em ti sem custo. 

Soneto XI

Neste tempo que tu mínguas cresceras,
Em um dos teus, ao que deixas partir 
Ao fresco sangue com jovem tu outorgas
Serás teu atributo quando envelheças.

Nele há sensatez, beleza, aumento,
Sem ele, necessidade, velho estrago,
Pensando como tu cessará tempo,
E ao mundo durará setenta anos.

Que aquela natureza desatente,
Os densos, ferros, rudes, se suprimam,
Corrução, o mais dotado mais obediente,

Compartilhar com cresces enquanto vive,    
Natureza talhe como seu emblema    
Imprima mais não deixes morras problema.

XIII
Se ficaras tu eu! Porém, ai, meu amor,
Tu só serás teu enquanto tu existas;
Desponte em abandonar esta ilusão
Chega em outro tuas fascinações finas.

Assim conseguirás que ela não se finde
Esta beleza que tu detém, posto
Que quando ao doce rama te imite
Serás de novo tu, ao que hajas morto.

Tão digna residência não merece
Que um mal tutor a deixe abandonada
As despesas do inverno e suas correntes.

Frio eterno da morte que nos dá vazio.
Não desaltere, pois, amor, ao dar-lhe
Ao teu filho que tu tiveste um dia: um pai.

Soneto XXI

Não farei como musa em seus versos
Lhes cantar em uma beleza enfeitada
Que se atreve usar o céu de seu ornamento
E, da força de encontrar em cada graça.

Um símile do belo que lhe iguala,
Ao sol, a lua, das gemas destes mares
À toda flor de abril e a mil raridades
Que habitam as esferas celestiais.

Deixa-me ser veraz, ame o escriba
E creia que meu amor não é mais formoso
Que ao filho de qualquer mulher nem brilha.

Qual o éter nos cálices deste ouro    
Se hão de fazer tumulto por meu bem ser    
Eu não farias, pois nada hei de vender.

Eric Ponty

domingo, dezembro 31, 2017

Sonetos V - VIII - Shakespeare, William - Trad. Eric Ponty

Soneto V

As horas obsequiosas que talharam,
O rosto que cativo destes olhares,
Serão as mesmas de que como tiranos
Desgraciem o que agora irradia vida.

O tempo que inexorável transfigura,
O agraciado estio que em fero inverno
O alento gelado, os ramos já nus,
A Graça embaixo neve, do campo ermo.

Se essência estival não permanece,
Prisioneira em sua prisão cristalina,
A beleza seu efeito ambos padecem.

Há um tempo sem deixar memória viva,      
As flores que hibernam já destiladas      
Não brilham, mas guardam essência alada.

Soneto VI

Não deixes, que tosco inverno macule,
Se não há destilado ao teu verão,
Conduza uma vasilha, procure onde
Incrementar seu erário e não enterrá-lo.

Este uso não é usura mal olhada,
pois plena de alvoroço há quem paguem,
e a ti te beneficia desta criança
de um igual a ti, que o dez se cabe.

Serás dez vezes mais feliz que agora,
Ao verte refletido entre outros dez
A morte não poderá com sua pessoa.

Pois se eles vivem, vives tu também;      
Mas não te desfrutes só teu legado      
Morte invadida farás iscas herdado.  

Soneto VII

Os observa quando luz terna renasce,
E assoma pelo oriente de sua vaidade,
Todos os olhos riram em homenagem
A sagrada majestade que deste astro.

E quando sua idade mediana alcança,
Robusto e jovem a um etéreo fim,
Não deixes de adorá-lo nestas olhadas
Que seguem em sua adorada travessia.

Mas quando já se retira lentamente
Em seu cansado carro, como dum velho
Os olhos que não horaram já que se volvem.

E deixam de segui-lo já em seu trajeto    
Tu que este zênite que deste caminho    
Sem filhos morrerás impensado linho.

Soneto VIII

Se tu és música, e, ti aflige ao ouvi-la,
Se ao doce és doce e és gozoso ao gozo,
Por que amas que torna com aversão
E acolhe com prazer ignominioso?

Se não és grato fundir milho ao vinho,
De notas que harmonizam se assomam
És porque te renegam com a voz suave,
Não és só para ti esta partitura.

As cordas, como sabes, se disponham
Por melodiosos pares e ao pulsá-las,
Ao tempo que nos cantam de um acorde.

Parecem pai, filho, e duma mãe amada,      
E sua canção sem letra e com graça      
Te cantas: Tu solista és nada, praça!

Eric Ponty

Sonetos I a IV - Shakespeare, William - Trad. Eric Ponty

Soneto I
Desejamos ver que mais belo abunde,
Para que esta beleza em flor não morra
Pois até o fruto pródigo se sucumbe
E é justo que um retorno se suceda.

Porém em ti mandam seus gentis olhos
E ao ser tu és alimento que de teu chama
Semeadura da fome ali há tudo
E eras tua própria presa maltratada.

Tu que hoje adornas com encanto o mundo
E anuncias sem igual a primavera
Tão mesquinha ao vigor de teu casulo.

E ao não gastar esbanja tuas reservas,     
 Apiedes, não deixes teu glutão seja      
Se parta ao pão do mundo com tumba veja.

Soneto II
Quando um assedio de quarenta invernos,
Se brota ao belo prado destas trincheiras
Teu traje que agora é ostentando e novo 
Serás farrapo que já não nos interessa.

E quando te perguntarem onde jazes,
Ao esplendor destes teus frondosos anos
Não diga em teus olhos espectrais
Pois sonhará o artifício e insolência.

Darás mais digno empenho a tua postura
Se pode contestar: Este filho meu
Redime minha velhice quadra a soma

Meu patrimônio está no seu perecido,  
Chegada a velhice, tua jovem vida      
Acalentará teu sangue esfria lida.

Soneto III

Comtemplaste ao espelho e ao do teu rosto,
Que este já se reproduza sem demora
Se não renovas tua frescura em outro
Ao mundo e uma mãe na insipidez.

Pois que donzela fará tão altaneira,
Para vedar seu horto a tua semente,
E quem tão vaidosa prefinirá  
Privarmos de tua beleza com tua morte?

Tu eras a efígie mais viva de sua mãe,
E ela vê em ti o frescor de seus abris,
Também em teu inverno poderá olhar-te.

E ver a idade de ouro que agora vives,
Mas se preferes que não te lembrem    
Não unas tua efígie contigo morrem.

Soneto IV

Encanto tão arruinado por quê gastas
Tua heresia de gentileza só em ti?
Natureza não deleita tão só nada:
Somente afina há quem lhe dá um fim.

Por que então belo egoísta por quê abusas
De sua largueza com que ti há munido?
Efêmero usuário por quê apuras
Tamanha soma e não lhe há descanso.

Si tu és o único cliente de tua pessoa,
Acabarás terminando seu encanto
Assim quando fim chegares a tua hora.

Quais reservas farás guardar tua soma?     
Sem uso, tua graça coisa mortal     
Usada, se transpõe algoz fatal.

Eric Ponty

Albatroz - Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty

Às Vezes para distrair os homens equipagem,
Prendem do albatroz vastos pássaros mares,
Que segue indolente companheiro de viagem
Um navio escorregadio sobre abismos amargos

A pena ele tem depositado sobre as tábuas,
Que estes reis do azul sem jeito vergonhoso
Deixando lamentável suas grandes asas brancas
Como remo puxado nas suas costelas.

Passageiro alado como ele está sem jeito débil
Ele há pouco era belo está cômico e feio
E um irritado bico com uma torrada goela
Outro mimo coxear revogar seu voo.

O Poeta é semelhante príncipe das nuvens,
Que se assombra tempestade e se ri arqueiro,
Acha-se exilado sobre chão meio toque
Suas asas gigantes impedem de andar.

Trad. Eric Ponty

Ao Leitor - Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty

A tolice, o erro, o pecado, a sovinice,
Empatando nossos espíritos e corpos,
Que nos alimentam nossos amáveis remorsos,
Como pedintes nutrem seus parasitas.

Pecados são teimosos arrependimentos,
Nós fazer pagar muita nossa confissão
Nossas voltas contentes lodosos caminhos
Crentes vis choros lavar todas nossas nódoas.

Sobre orelha do mal do Satã Trismegisto,
Que ilude longamente nossa alma encantada,
E o rico metal tinir de nossa vontade
É tudo vaporiza por sábio tão químico.

Este diabo que tem filhos que nos agitam!
Aos objetos repugnantes nós encontramos
Cada dia versa inferno nossos decaídos passos
São horrores defeitos das trevas que fedem.

Como um escárnio pobre sexual comido,
A teta martirizada antiga meretriz,
Nossas fugas passagens prazeres clandestinos
nos incitarmos bem fortes qual velha laranja.

Abraçando formigar como milhão vermes,
Em nosso cérebro bródio um povo demónios,
quando nós respiramos Morte em nossos pulmões,
desce rio invisível com as surdas queixas.

Se fereza, veneno, punhal, incêndio,
Não faz passa borda de agradáveis desenhos,
Nas telas banais dos lastimáveis destinos,
nossa alma, hélas não está passar suficiente ousada.

Mas entre meio dos chacais, panteras, os linces,
Macacos, escorpiões, abutres, as serpentes,
monstros estridentes urrar, rosnar, rastejantes
Em mendicidades infames de nossos vícios.

Ele não está mais feio, mais perverso, mais imundo,
Ainda ele nem empurre grão gestos nem grão gritos,
Ele tenha de boa vontade da terra um caco
E em bocejo tão tíbio engolindo o mundo.

Este é tédio! _ Olhar carrega choro involuntário,
sonha cadafalso fumegante seu assovio
Tu conheces leitor, este mostro delicado
_. Hipócrita leitor – meu semelhante – meu irmão!

Eric Ponty