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segunda-feira, janeiro 22, 2018

3 Sonetos de Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty

Albatroz

Às Vezes para distrair os homens equipagem,
Prendem do albatroz vastos pássaros mares,
Que segue indolente companheiro de viagem,
Um navio escorregadio sobre abismos amargos.

A pena ele tem depositado sobre as tábuas,
Que estes reis do azul sem jeito vergonhoso
Deixando lamentável suas grandes asas brancas
Como remo puxado nas suas costelas.

Passageiro alado como ele está sem jeito débil
Ele há pouco era belo está cômico e feio
E um irritado bico com uma torrada goela
Outro mimo coxear revogar seu voo.

O Poeta é semelhante príncipe das nuvens,
Que se assombra tempestade e se ri arqueiro,
Acha-se exilado sobre chão meio toque 
Suas asas gigantes impedem de andar.
Elevação

Em cima dos charcos, em cima dos vales,
Das montanhas, dos bosques das nuvens, dos mares,
Por além o sol, por além por estas etéreas  
Por além dos confins das esferas das estrelas.

Meu espírito tu te moves por agilidade,
Como um bom nadador se pasmar nas ondas
Tu sulcas alegremente imensidão profunda
Com duma indizível e má volúpia.

Esvoaçam tua longa distância de miasmas mórbidos
Vão te purificar neste ar superior
Bosques como um puro e divino licor
O fogo claro enchendo os espaços límpidos.

Atrás deste tédio e das vastas mágoas
Que carregam seu peso existência brumosa
Alegre este pode de uma asa vigorosa
Caem versam campos luminosos serenos.

Este onde pensa como as cotovias
Versam céus manhãs pegado livre caminho -
Plana sobre a vida e compreende sem esforço
Linguagem das flores e das coisas surdas.
                                                          
Correspondência 

Natureza é um templo onde viventes pilares
Deixam às vezes sair de confusas palavras,
Homem passa defeitos das florestas símbolos
Que se observou com seus olhares familiares.

Como longos ecos de longe se confundem
E uma tenebrosa e uma profunda unidade,
Vasta como à noite e como claridade,
Os perfumes, as cores e sons correspondem.

Está em perfumes frescos como claras crianças,
Doce como oboés verdes como pradarias -
E de outros que se corrompem ricos triunfos.

Possuem a expansão das coisas infinitas,
Como âmbar, almíscar, beijoim, incensos,
Que cantam transportes da alma dos sentidos.
TRAD.ERIC PONTY





A Viagem - Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty

Á Maxime   Du Camp
 I
Há uma criança que gosta de mapas e gravuras
O universo é o tamanho de seu imenso apetite.
Ah! Como vasto é o mundo à luz de uma lâmpada!
Nos olhos da memória, quão o mundo é pequeno!

Numa manhã, partimos, nossas mentes acesas,
Nossas almas cheias de rancor gostos amargos,
E nós vamos seguindo o ritmo desta onda,
Acalmar nosso infinito sobre o finito dos mares:

Alguns, alegres fugir de uma pátria avara;
Outros, horror do local de nascer; dum pouco,
Astrólogos se afogaram olhos de uma mulher,
Algumas tirânicas Circe com cheiros graves.

Não ser transtornado em bestas, ficam ébrias
Com espaço, com luz e com céus ardentes;
O gelo que os mordeu, os sóis que os bronzeiam,
Devagar, apagando a mágoa dos beijos.

Mas certos viajantes são apenas aqueles que saem
Apenas a sair; corações claros, como balões,
Eles nunca se afastam de sua fatalidade
E sem saber por que eles sempre dizem: "Vamos!"

Aqueles cujos desejos têm um feitio das nuvens,
Quem, quão novo novato, sonhar com canhão,
Sonhar com grande lasciva, mudança e estranha,
De quem nome que a mente humana nunca ajuizou.

II
Horror! Nós imitamos o topo e a bola,
Seu limite e sua valsa; mesmo em nosso sono
A curiosidade nos atormenta, nos rola,
Como dum anjo cruel que atingir os sóis.

Destino singular onde o escopo se move,
Não pode ser nenhum lugar em qualquer sítio!
Ao qual o homem, cuja espera nunca se cansa,
Está obrando como um louco a achar o resto!

Nossa alma é um mestre de três que busca a Icaria;
Uma voz ressoa sobre a ponte: "Tenha um olho atendo!"
De uma voz alta, ardente e selvagem, chorar:
"Amor ... glória ... sorte!" -Censura! É um bando!

Toda pequena ilha distinta pelo homem de guarda
O Eldorado que prometeu pelo Destino;
Imaginação prepara-se a sua orgia
Acha, mas um recife à luz do amanhecer.

O pobre amante de terras imaginárias!
Ele deve ser posto em ferros, jogado no mar,
Esse alcatrão ébrio, inventor das Américas,
De quem a miragem torna abismo mais amargo?

Assim, vagabundo velho vago pela lama
Sonhos com o nariz no ar de Édens intensos;
Seu olho encantado descobre uma Cápua
Onde quer que uma vela ilumine uma cabana.

III
Viajantes magníficos! Que histórias esplêndidas
Nós lemos nos seus olhos tão profundos quanto os mares!
Mostre-nos sua arca de suas ricas lembranças,
Essas joias admiráveis, feitas de éter e estrelas.

Desejamos viajar sem vapor e sem velas!
A alegrar de nosso tédio de nossas prisões,
Faça suas noções, condita em horizontes,
Passe por nossas mentes tesas como telas.
                                      Diga-nos o que tu viste.
IV
"Nós vimos estrelas
E ondas; também vimos resíduos areentos;
E, apesar de muitos choques e imprevistos
Desastres, muitas vezes nos afligimos, como estamos aqui.

A glória da luz solar sobre o mar tão púrpura,
A glória das cidades contra o pôr-do-sol,
Acama em nossos cernes um gosto preocupante
Mergulhar em um céu de cores sedutoras.

As urbes mais ricas, as melhores paisagens,
Nunca continham a misteriosa atração
Daqueles que modem a chance das nuvens
E o desejo sempre nos tornou dos mais ávidos!

- O prazer fortalecer de nosso desejo.
Desejo, árvore velha estercada por prazer,
Enquanto sua casca cresceu e endurece,
Seus ramos se esforçam a se aproximar do sol!

Tu Sempre crescerás, a árvore alta mais resistente
Do que o cipreste? - No entanto, temos cuidado
Reuniu alguns esboços a o seu álbum ganancioso,
Irmãos que acham amável tudo surge de longe!

Nós fomos tortos a os divos elefantinos;
Com Tronos repletos de joias que são luminosas;
Palácios opostos tanto esplendor igual
Fariam seus banqueiros sonharem com ruína;

E fantasias que intoxicam os olhos;
Mulheres cujos dentes e unhas são tingidos
E argutos bufos quem serpente acaricia ".

V
E então, e então, o que mais?

VI
"Ó mentes infantis!
Para não olvidar o mais importante,
Vimos em todos os lugares, sem buscá-lo,
Do pé ao topo duma escada fatal,
O espetáculo árduo do pecado imortal:

Mulher, escrava base, altiva e estúpida,
Adorando-se sem risos ou sem desgosto;
Homem, um tirano ganancioso, amargo,
Escravo dum escravo, uma calha no esgoto;

O carrasco que sente alegria e o mártir que solta,
O festival que sabores e perfumes de sangue;
O veneno do poder que torna o déspota fraco,
E as pessoas que amam o seu chicote brutal;

De várias religiões iguais às nossas quais,
Todos subindo ao céu; na tua Santidade
Quão um diletante se lavra em uma cama de pena,
Caçando carnal nas crinas e nas unhas;

Prantando a humanidade, ébria com o teu gênio,
E louco agora quão era nos tempos antigos,
Chorando a Deus em sua luta de morte furiosa:
"Ó meu amigo, ó, meu senhor, que sejas condenado!"

Os amantes menos tolos e bons da Loucura,
Fugindo do grão rebanho que Destino dobrou,
Refugiados nessa imensidão que desse ópio!
- Esse é o aviso imutável de todo o mundo ".

VII
Amarga é a notícia que ganha de viajar!
O mundo, monótono e pequeno, de hoje,
Ontem, amanhã, sempre, nos mostra a nossa efígie:
Um oásis de horror num deserto deste tédio!

Deve um sair? Jazer? Se tu podes ficares, jaza;
Deixe, se tu deves. Um corre, outro se esconde
Para escapar do hostil um cauto e um fatal,
Tempo! Há, hélas! Aqueles vagam sem descanso.

Como dum judeu errante e como dos apóstolos,
A quem nada é regular, nem instrutor nem navio,
Para fugir desta reforma infame; e outros
Quem sabe quão matá-lo sem deixar seus berços.

Quando afinal está com o pé na espinha
Podemos esperar e gritar: Nos Guiar!
Assim como em outras vezes ir-se à China,
Olhos fixos no mar aberto, velos ao vento.

Devemos embarcar no mar destas trevas
Com cerne contente de um jovem viajante.
Tu ouves aquelas palavras atraentes e tristes
Cantando: "Venha assim! Tu que desejas comer!

O Lotus perfumado! É aqui que tu reúnes
Os frutos divinos aos quais seu cerne tem fome;
Venha ficar ébrio com a estranha doçura
Nesta tarde eterna? "

Pelo sotaque familiar, julgamos o espectro;
Nossos Piliades estendem os braços a nós.
"A renovar teu peito, mergulhe no tua Electra!"
Gritar cujos joelhos nos beijamos outros dias.

VIII
Morte, velho capitão, é hora! Aportar vamos!
Este país nos cansa, ó Morte! Vamos nos arrumar!
Embora o mar e o céu sejam negros como tinta,
Nossos cernes que tu julgas estão cheios de luz!

Vazar teu veneno a que possas nos refrescar!
Fogo arder cabeças feroz, ânsia afundar
Funduras do abismo, Céu ou Averno, isso importa?
Para os imos do Ignoto a achar algo novo! "


TRAD.ERIC PONTY










Palma - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

À Jeannue.


De Tua graça tão temível
Vela à pena resplendor,
Um anjo sobre uma mesa
O pão suave, o leite plano;
Ele me faz da sobrancelha
Este signo feito d’uma prece
Que dizer lhe à minha visão:
-Calma, calma, resta-nos calma!
Conheces peso d’uma palma
Portanto tua profusão!

Tanto ela se dobrar em preces
À abundância desses bens,
Tua figura está se cumprir,
Teus frutos graves dos laços.
Admiro como ela vibra,
Qual lenta fibra confeita
Que se divide o momento,
Desaparta sem arcano
Atirasse da terra
E os pesos desse firmamento!

A bela arbitra móvel
Entre sombra e entre sol,
Simulando d’uma sibila
A sensatez desse o sonho.
Redor d’um mesmo sítio
Ampla palma que nem se fustiga
Convocados nem adeus…
Que ela está nobre, em brancura
que ela está terna! Pacifica
Que está digna de esperar
À solitária mão de deus!

Ouro suave ela murmura
toca ao simples dedo de ar,
E d’uma sedosa armadura
altera alma do deserto.
Uma voz imperecível
Que ela faz vento de areia
Que rega de seus grãos,
À si-mesma engajar d’oráculo,
E se acariciar do milagre
Que se canta as tristezas.

No entanto que ela se ignora
Entre a areia e o céu,
Cada dia até é luminosa
ainda composta pouco de mel.
Doçura está dividida
Para a divina da dureza
Nem conta passar os dias,
Mas bem que lhe dissimula
em um néctar onde se acumula
Todo aroma desses amores.

Ás vezes se desespera,
Se de adorável rigor
apesar choros não opera
Tuas sombras de languidez,
N’acusa advir ser avara
Um Sangue que se prepara
Tanto doiro d’autoridade:
Pela energia solene
Uma esperança eternal
Monta à tua maturidade!

Estes dias pintam vazios
Perdidos ao universo
Onde raízes avidas
Trabalhando desertos.
A substância cabeluda
Nas penumbras eleita
Nem dita para jamais
até entranhas do mundo,
De perseguiu água profunda
Solicita que cumpre.

Paciência, paciência,
Paciência nesse azul!
Cada átomo silêncio
Chance dum fruto amaduro!
Será uma feliz surpresa:
Uma pomba, a brisa,
estremecer mais suave,
Uma mulher se apoia,
Indo tombar esta chuva
Onde comoveu joelhos!

Que um povo presente derrube,
Palma! …. Irresistível!
No pó que ela se vibrar
Sobre os frutos do firmamento!
Tu não passas perdida horas
Si ligeira tu habitas
Após belos abandonos;
Igual a ela que pensa
E de que alma se gastou
Se incrementar teus dons!

TRAD. ERIC PONTY





O ESBOÇO DUMA SERPENTE - PAUL VÁLERY - Trad. Eric Ponty

Para Henri Ghéon.


Entre a árvore, as brisas rochosas
A Víbora de que eu me visto;
Um sorriso, dentes que nasço
Se ilumina com os apetites,
O jardim é risco e vagueia,
E meu triângulo de esmeralda
Puxa a língua no duplo fio...

Besta que sou, mas a besta aguda,
Qual veneno que embora vil
Deixar sábia cicuta longe!
Sendo cortês é esta era a porto!
Tremam, mortais! Estou tão duro
Quando a mim nunca é bastante,
Eu bocejo ao dissolver o maio!

Esplendor azul que este aguça
Este visco é me disfarça
Simplicidade de animais;
Venham a mim, raça tão tonta!
 Estou em pé e desembaraçada,
Semelhante à tua necessidade!

Sol, sol!... A sua culpa radiante!
Que em ti mascara a morte, o sol,
Sob o azul e o ouro duma tenda
Onde as flores tomam seu Conselho;
Por delícias impenetráveis,
Mais orgulhoso dos meus cúmplices
Minhas armadilhas mais altas,
Tu tens coração de saber
Que universo é apenas defeito
Nesta pureza do não-ser!

Grande sol, que toca desperto
De estar, no fogo, acompanhado.
Tu quem me enceraste dum sono
Engana pintado campanhas,
Provocador fantasmas felizes
Que devolveu súbito aos olhos
A presença sombria da alma,
Sempre mentindo há de quem gosta
Tu derramas sobre esse absoluto
Rei das sombras fazer da chama!

Verse a mim o bruto calor,
Vivente parece gelado
Fantasias qualquer infortúnio
Segundo natura se entrelaça...
Esse lugar encantador carne
Coro junta a mim é muito caro!
Minha fúria, aqui, está madura;
Eu aconselho se recolher,
Eu escuto-me em meus círculos,
Minhas meditações sussurros...

Ó vaidade! Causa primaria!
Aquele que reina nos céus,
Duma uma voz feita de luz
Abriu-se o universo espaçoso.
Como é seu puro espetáculo 
Deus ele mesmo rompe obstáculo 
De tua eternidade perfeita;
Ele era quem um dissipava
Em consequência, teu princípio,
Nas estrelas, que são unidade.
Céu, teu erro! O Tempo tua ruína!
Abismo animal escancara!...

Quando ao cair nessa origem
Cintila teu lugar desse nada
Mas, prima palavra verbo, em mim!...
Dos astros são mais soberbos
Que falou o doido do criador,
Eu sou!... Eu serei!... Eu ilumino
O teu declínio é tão divino
Todos fogos do sedutor!

Objeto radiante minha raiva,
Vós amais perdidamente
Vós haveis quem tevês a Hinom
Dar ao Império a deste amante,
Olhar nessa minha escuridão!
Antes desta tua imagem fúnebre.
Orgulho sombra do meu espelho,
Sóis profundos em teu desconforto
Vosso sofrer sobre à tua argila
Foi um suspiro desse desespero!

Em vão, vós só tendes, o lodo,
De Seixos de fáceis dessas crianças
Que de vossos atos tão triunfantes
Todo dia vós a fenda Louvor!
Enquanto pedra, enquanto sofre
A Mestra serpe sibilou-os,
As lindas crianças vós criastes!
Olá! Disse-lhes, aos recém vindos!
Vós soeis todos homens são nus,
Ó parvos brancos e parvas bestas! 

Tua semelhança me excretou,
Vossos troncos feitos, vós odiais!
Como eu odeio o nome que cria
Tantos prodígios que imperfeitos!
Eu sou está que se modifica,
Eu retoco coração se fia,
Um dedo prende e misterioso!...
Nós mudaremos macias obras
E dessas evasivas serpes
Nós destes répteis furiosos!

Minha imemorável inteligência 
A Chave das almas tão humanas
Um instrumento de vingança
Que foi reunida minhas mãos!
E tua paternidade tão veladas,
Aos que em tua câmara de estrela,
Não ascende ao libor incenso,
Não obstante excesso dos meus charmes
A mimar distantes dos alarmes
Mover propósitos todo-poderosos!

Eu vou, só, eu deslizo, imersões,
Eu esvaeço em dum coração puro!
Nunca foi tão difícil teu seio
Que eu não introduzi num sonho!
Quem tu sois, sou eu vós apontar
Esta complacência que aponta
Em tua alma quando ela me amar?
Estou no fundo teu favor
Este inimitável sabor
Que tu não encontras em ti mesmo!

Eva outrora eu a lhe surpreendi,
Entre teus primos pensamentos.
Lábio entreabre sem seus espíritos
Que nasceu — rosas acalantadas.
Esta perfeição que me engana
Teu vasto flanco doiro andado
Nem temendo o sol nem esse homem;
Todos ofertam teu oculto ar
Alma mesmo estúpida e quão
Proibida no umbral dessa carne.

A massa dessa beatitude,
Tu és bela, do justo preço
De toda solicitude
Dos bons e dos maus espíritos!
Teus lábios seda ocupados
Bastante por teus suspiros!
A mais pura olhará o pior,
Mais duros são mais feridos...
Justo a mim vós me alcançais
Que se revelam nos vampiros!
Sim! Meu posto da folhagem
Réptil aos êxtases de pássaro,

No entanto, que meu balbuciar
Teceu-se de astúcia tua à rede
Bebi-te, ó luxuosos dos surdos!
De calma clara, charmes, densos,
Eu que durmo tão furtivamente,
O olho teu ouro ardente de lã,
Tua nuca enigmática é tão plana
Segredos de todos movimentos!

Eu estava presente quão odor,
Quão o aroma duma ideia
Que não possa ser aclarar.
A insidiosa da profundeza!
E eu inquietava na tua candura,
Ó carne suavemente decidida,
Sem que eu tenha intimidado
A cambalear no esplendor!
Pronto, eu dou, eu me aposto,
Já que tua nuance se varia!

(A soberba simplicidade 
Dimensão do imenso respeito!
Transparência do respeito,
Tolice, orgulho, felicidade,
Guardar bem a bela cidade!
Deixá-los criar casualidades,
A está mais rara dessas artes,
Dá ao imo mais puro solenidade;
Este é mais forte, este é meu fim,
A mim o meio teu de meu fim!)

Ouro, uma deslumbrante Baba.
Matéria de sistemas ligeiros
Onde ocioso libor da Eva suave
Atraindo em vagos dos perigos!
Que tua uma carga desta seda
Álamo do pé desta presa
Acostumados só costelas!...
Sim da gaze do ponto sutil,
Nem fio invisível seguro,
Mais da trama do meu estilo!

Doirada, língua! Que doirando
Mais doces ditas vós aceitais!
Alusões, fábulas, fineses,
De mil silêncios cinzelados,
Uso de tudo que vem se dana:
Nada te acaricia nem lhe induz
Há se perder em meus propósitos,
Dóceis a estes pedintes se rendem
Nas profundezas pélvis azuis
Os Riachos céus que se descendem!

Ô que prosa não semelhante,
Que espírito não passou à concha
No labirinto que se cochila
Que desta maravilhosa orelha!
Aí, pensei, nada havia perdido.
Tudo aproveitado teu imo suspenso!
Seus Triunfos! São minhas palavras,
Da Alma obsessiva do tesouro
Como uma abelha, uma Corolla
Nem paga mais orelha doiro!

"Nada, sopro eu, na minha certeza.
Como a palavra divina, Eva!
Uma ciência de viva esvaindo
Grandiosidade fruta madura
Não escute esse ser velho e puro
Que amaldiçoou a mordida breve
Se tua boca tinha um sonho
Esta sede sonha esta energia
Esta delícia metade futura,
Este Além derretido de Eva! »

Ela solveu minhas pequenas letras
Que edificava uma obra estranha;
Olhos às vezes perdidos de anjo
A regressar às minhas mãos
Mais astuto dos animais;
Que zomba de ser tão duro
Ó pérfidos grossos do mal,
Nesta que é uma voz dessa verdura.
-Mas seria a Eva, mas, não será
Que em teus ramos vou ouvi-la!

"Alma, disse eu, doce estadia.
De todo êxtase do proibido,
Sentido teu sinuoso amor
Eu tenho o pai foi-me furtado?
Tenho isso, essa essência do céu,
Mais doce que o mel da colmeia
Delicadamente ordenei...
Pegue esta fruta.... Erga teu braço!
Para colher o que desejais 
Esta bela mão te foi dada! »

Qual silêncio batido cílio!
Mas dor dos seus seios sombrios
Que morda árvore da tua sombra!
O outro brilhava como pistilo!
-Assovia, assovia! Me cante! 
E eu senti fremir nesse número,
Todo meu longo açoite sutil,
Todas estas dobras que me estorvam:
As voltas depois deste berilo
Minha cresta um justo perigo!

Gênio! Ó longa impaciência!
Finais dos tempos que são vindos
Que não verso duma nova ciência
Irá jorrar desses pés nus!
Marmo aspira, dos arcos dourados!
Essas bases loiras sombras âmbar
Tremer na borda do movimento!
Ele vacila, dessa grande urna
Que vais vazar do consentimento
Do aparente do ser taciturno!

Prazer de tuas oferendas cede,
Caro corpo, não ceda iscas!
Que tua sede de Metamorfoses
Entorno da árvore desta morte 
Engrena uma cadeia de pausas!
Chega sem entrar! Forma de passos
Vagos como pesadas rosas...
Dança corpo caro.... Nem penso passo!
Aqui às delícias são das causas
Suficientes das aulas das coisas!...

Ó loucamente, me ofereci
Esta dos inférteis de desfrutes:
Ver longa pureza faz fresca
Que estremece desobediência!...
Já que liberta de tua essência
Da Sabedoria e de ilusões.
Toda árvore do conhecimento
Desfreado destas Visões,
Agita teu grande corpo mergulha
No sol e sugando-lhe o sonho!

Cedro, grande cedro, alma céu,
Irresistível cedro dessas árvores,
Na escassez destes teus mármores,
Para seus sucos deliciosos,
Vós cresceis tais labirintos
A obscuridade abrace siga
Perdida tua safira de eterno
Do amanhecer. Doce perda,
Aroma ou zefir, pomba predestinada,

Ô cantor, secreto bebedor
Das mais profundas das pedrinhas
Berço do réptil sonhador
Que se lançou de Eva em sonhos
Grande ser agitou-se ao saber,
Sempre, minhas apures visões
Crescendo ao chamar-nos copa,
Tu ouro pura promessa braços
De Duros, de ramos são fumeados.

Outra parte, ecoa verso abismo
Tu pouco repetes o infinito
Que é feito do teu aumento
E a tumba justo esse é teu ninho
De sentir todo o conhecimento!
Mas este velho amador do fracasso,
Em teu douro de ocioso sóis que és,
Em tua ramagem só retorce;
Olhos estremecem seu tesouro.
Que buscam dos frutos da morte,
Do Desespero e desta desordem!

Bela serpe do berço azul,
Assobia, com delicadeza,
Oferece-se a glória de Deus
O triunfo dessa minha tristeza...
Ela me bastou em mim seu ar,
Imensa espera frutos amargos
Presos os filhos desse lodo
-Está sede se dá tão grande.
Até ser exalta o estranho
Toda Onipotência desse nada!

TRAD. ERIC PONTY


A Pítia - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

A Pítia exalta-se da flama,
Duras ventas desse incenso
arfante, livres gritos! D alma
arrepiante dos flancos ruídos!
Pálida profunda mordida,
desta maça que é tão pendida
Ponto que estiver putrefata
ao olhar lutuoso da ausência,
viver árduo perfumador
do fumo tecido furor!

Fendas presas, sombras dementes,
donde domam diabo primo,
dentre perfume tormento
Prodiga d´alma vaga,
trança trança colossal,
Deter meio da sala,
diz doido brando ruído,
mover-se em negros ânimos
ódio divos, preso espasmos,
dando-se findo dos futuros!

Essa aflição foz frias
fisgados dedos crispados,
vocifera entre às mentiras
vibra estrangulada serpe:
Ah! Roída! Maus padeci!
Toda alguma casta é golfo!
Alias! Por acesas almas,
perdi meu próprio enigma!
Uma argúcia adultera
cumpre corpo comprimir!

Vá Atroz! Mestra porca derrogue,
corra, corra, ô briosa enzima,
Falso vácuo tão grosseiro,
faz puro ventre desse amado!
Fazer-se finda cena horrível!
É todo meu corpo arco obsceno
perceber romper desta seta,
quão esta prisioneira da infâmia,
implacavelmente ao céu d’alma
do meu peito pequeno tem!

Que me fala, à minha paz mesma?
Qual eco responde-me: Homens!
Que me ilumina? Que blasfema?
Feitos certos versos que escumam,
cacos armados minha língua,
compostos brandir desta arenga,
brisando babar dos cabelos,
mastigadas redes desordem,
dum buque desse vento mordido
repreendendo-se às confissões?

ô Deus! Não sei deste crime,
tenha-me dolente vivencia!
Mas, se me prendeu por sua vítima,
do culto dum corpo vencido,
dos estranhos monstros matados,
são monstro e a besta renunciada,
doado colar, ao chefe eleito,
quais crinas tocadas nos templos,
Quão dessas lívidas lâmpadas,
acesos mármores noturnos.

Então para esse vagabundo,
morte errante lua enluarada
d água do mar surpreendida onda,
compelindo eternos ápices!
São humanos, feitos de estátuas,
geladas fontes, almas mortas,
ao gélido deste meu céu,
premiadas palavras pessoais,
das árduas pessoas dos divos,
silente tolice e do orgulho!

Eh!... Disso que se fez de víbora,
em toda tua fonte de frissons,
assombrar a carne assustada,
na pluralidade séquitos!...
Levar-se duma luta insensata,
retornando então pensamento,
para falsa joia retornada;
ô memória, feita da magia,
que não trazida desta energia,
dos outros arcanos dos cumes!

Meu caro corpo... Forma optada,
a esse viço que não é seu,
Afrodite que afronta à alma,
Intacta noite oferta ao cume,
transtornar-se dos indizíveis,
da lama duma ilha sensível,
doce martírio, minha sorte,
qual aliança de nossas vidas.

Diante dádiva das escumas,
tem-se feito corpo da morte,
do meu ombro, dos meus ardis,
desta fonte da negridão,
que jamais se passam desse ardil,
derretidos mesma doçura!
Erguendo-se à minha narina,
mãos cheias dos peitos viventes,
dos meus braços, belas torrentes,
meu abismo ébria vastidão
profunda, trazida dos ventos!

Aí! Ô rosas de toda lira,
contidas da transformação!
Noite do meu triste delírio,
semelhante à constelação!
Ô templo mudo dessa caverna,
ou deste furação dos sonhos,
ou até mesmo do céu fez belo!
É preciso gemer, há se alçar,
Já não sei qual êxtase abrange,
deste meu cabelo fragmenta!
Tenha-me perito estigma,
parecido ao meu pobre peito:
são quão dos dormidos aromas,
São lã macia quão rebanho;
tenha-me por vivo amuleto,
tocada esta garganta toada,
embaixo ornatos viperinos,
tonto, livre, dos empecilhos
possuir ou murmurar pneuma
honrados laços soterrados.

Do que me perpetra, condena,
puros, laços ritos odiosos?
Sombra presa à ossada burro
servida presa à colmeia deuses!
Mais uma virgem consagrada,
da concha nova perolada,
de que nem fez à divindade,
foi sacrificada ao silente,
desta mais intima violência,
qual foi feita virgindade!

Porque poderosa criadora,
da autora mistério animal,
composta coisa da raiz,
semear surpresas do mal!
Não são dádivas que me deram,
tão cridas quando brisas das cordas,
sendo como saltos uns mais belos,
íntegros golpes dados dorso,
quais, não foi prendido à força,
quão deste soar duma tumba!

Dos clementes, destes oráculos,
destas maravilhosas mãos,
dando caricias dos milagres,
presos presentes subumanos!
São em vão suas declarações
dos frágeis pontos destes únicos,
comoverem-se do esplendor!
D água calma esta transparência,
toda é uma tempestade mãe
duma obscura profundidade!

Vá! Á divina luminosidade
não pare esse terrível dum raio,
não advenha dessa nossa deidade,
como um sonho cruel e claro!
Arriba! Não vais nos instruir!...
Não!... A solidão vem lembrar,
Nesta brecha imensa do ar,
desalenta lívida lágrima
da arquitetura da ruptura,
compor-nos dos puros desertos!

Não siga-nos a mãos unânimes,
compor de minha fronte revolta,
de algumas das supremas faíscas!
Que sorte siga lhes em seu exemplo!
Ao passar, futuros irmãos,
a estes seus rostos contrários
de uma punida teta lívida
não se percebeu dela marca
dessa mesma essência deforma,
das ilhas dos belos olvidos.

Negras testemunhas da luz,
não buscamos mais... Clamo olhos!
Ô lágrimas fontes primevas,
tão profundas dos seus céus!
toar mais amarga demanda!...
Mas deste aprendiz deste maior
da escuridão qual deva unir!...
Presa nossa raça espantada,
A distância tão desesperada
deixar-nos tempo de morrer!

Ouça, minha alma ouça-me das flores!
Quais cavernas feitas daqui?
Então é isso meu sangue? Jovem?
Rumorosas d ondas tão gratas?
Meu oculto soneto são auroras!
Tristes bronzes, tempos sonoros,
de que irão soarem-se o futuro!
Do baque, coice, de uma rocha,
diminuírem-se hora mais breve...
minhas duas castas irão unir!

Ô formidável altitude,
quebrantados destes degraus,
Tenho rumo da árvore vida
à morte demonstra-nos rastros!
Ao longo deste meu mais gélido
dedo sutil desta fiandeira
em tecer-lhe deste cruel rastro!
Destes soluços sobem crise
até de minha nuca ou brisa
quiçá dum crime faz prazer!

Ah! Brisa dessas portas viventes!
Faça-nos rachar vãos vedados
grosso rebanho dos terrores,
das cerdas destas pronuncias!
Emergir-nos destas baias fúnebres
Destes víveres mais tétricos
das fabulosas quantidades!
Saltos, dos sonhos mais saciados,
ô  Horda espinhosa da revolta
chegando queimar douro, Lã!

*
Tal qual ainda mais torturado
delírio, grande dos fragores,
dá profetiza que provocada
pelos ares douro mais rubro;
Mas enfim o céu se declara!
Tua orelha pontífice hilário
Peripécia aos versos futuros:
Uma atenção santa se observa,
porque deu voz jovem e cândida
partiu destes corpos impuros.

*
Honra dos Homens, Santa Língua,
Discurso profético ornado,
Belas cadeias comprometidas
Do deus desta carne tão impura,
Clareada generosidade.
Aqui está voz da sabedoria
Soar-nos esta augusta voz!
Quem saberá quando esta soa,
Para Ser a voz mais pessoal
Tanto das ondas e do cedro!



TRAD.ERIC PONTY







Fragmentos do Narciso - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

  I

Cur aliquid vidi ?

Que tu brilhas enfim, termo puro de meu corso!
Se tarde, qual d’um cervo, foge versos da fonte
Nem cessa ela nem tomba ao meio dos teus juncos,
Minha sede me chega mata a borda mesma d´águas.
Mas, a matar-me sede deste amor curioso,
Eu nem perturbo passar na onda misteriosa:
Ninfas! Se vós m’amais, faltam sempre dormir!
A menor ama ao ar vós fazeis todo latejo;
Mesmo, em tua escassez, nas sombras escapadas,
Si a folha apaixonada ocorrendo as ninfas,
Se bastam à rompe um universo adormecido...
Vosso sonho importaria ao meu encantamento,
Temor até ao estremecer d’uma pluma que sacode!
Guardam meu detidamente rosto por sonhar
Que uma ausência divina está só a conceber!
Sonhos das ninfas, céu, nem alta minha visão!

Sonham, sonham de mim!... São vós, belas fontes,
Minha graça, minha dor, serão coisas incertas.
Eu me busquei em vão este que tenho de mais caro,
Sua ternura confusa assombrasse minha carne,
Meus tristes olhares, inábeis meus charmes,
Onde d’outros que mim-mesmo. Fazendo-lhes lágrimas...
Vós abrandais, será, uma fronte que foi chorada,
Vossas calmas, vós sempre folhagens e das flores,
E de incorruptíveis alturas acossar,
Ô Ninfas!... Mais dóceis pedintes seduzir
Que me haveis versos vós d’invencíveis caminhos,
Soprais formosa imagem desordens humanas!
Felizes vós corpos fundos, água flutua e fundas!
Eu estou só!... Se o Deus dos ecos e as ondas
E se tantos suspiros permitem que lhe seja!
Só!... Mais coro este que se aproxima de si mesmo
Quando ele beira a bordo que bendita tua folhagem...
D´alturas, ar ia cessar a pura pilhagem;
Vozes das fontes mudam, me fala da tarde;
Ampla calma m’escuta, eu escuto esperança.
Eu atendo erva noturna cresce nas sombras santas,
E a lua pérfida elevando teus espelhos
Até em os secretos da fonte apagados...
Até em os secretos que eu temo de saber,
Até em seu recuo de amor de si mesmo,
Nada nem acaso escapa silêncio da tarde...
Noite chegou sobre minha carne lhes soprar amor.
Tua voz fresca à minhas vozes tremem conceder;
À pena, na brisa, ela parece mentir,
Tanto o estremecimento de teu templo tácito
Conspira ao espaço silêncio d’um tal lugar.
Ô doçura sobreviver à força do dia,
Quando ela se retira enfim rosa d’amor.

Todavia um pouco ardente, e fatiga, mas cheio,
Tantos erários ternamente acobertar
Por de tais lembranças que elas incendeiam seus mortos,
Sendo elas as fontes felizes rodeiam-se em ouro,
Depois se abris, fundem, perdem suas vindimas,
E se apagam em um sangue em que a tarde se altera.
Perdida si mesma ofertar se calma lugar!
A ama, até perecer, se deita por um Deus
Que ele pleito à onda, onda deserta, e digna
Sobre teu lustre, lisa destruição d’um cisne ...
À esta onda jamais não bebeu os teus rebanhos!
D’outros, aqui perdido, achar o descanso,
Nas sombras terrenas, clara tumba se abriu...
Mais se n’estes passos à calma, hélas! Que eu descubro!

Quando opaca delica ou dormir nesta luz,
Ceder meu corpo horror das folhagens abertas,
Então, vencedor sombra, ô meu corpo tirânico,
Repulsivos aos bosques lhes engrossa pânico,
Teus lamentos prontos de eternais noites!
Por inquieto Narciso, ele não está aqui entediado!
Todo me chama e me enlaça à clara luminosidade
Que meu aposto das águas a paz vertiginosa!
eu deploro teu resplendor fatal e puro,
Se debilmente de mim, esta fonte já cercada,
Onde pisquei meus olhos em mortal azul,
Os olhos mesmos e noites que lhe ama assombram!
Fortemente, profundamente, sonhos me veem,
Como eles se enxergam de uma outra vida,
Digam, me sigam eu passo este que vós crereis,
Vossos corpos de vossos feitos-ele inveja?
Altas, sombras espíritos, este labor do antigo
Que se fazem no amor que dia; fazem na mesma hora
Nem busquem passar vós, nem irem espantar aos céus
Os males dos seres que são uma maravilha:
Encontrais na fonte dum corpo delicioso...
Beneficiador vossos olhos perfeitos pressa,
Do monstro de amor feito vós por um cativo;
Errantes redes vossos largos cílios sedosos
São galhardos brilhos vós retende distraídos;
Mas nem vós acariciais passar mutação d’império.
Este cristal esta são corretas estancias;
Os esforçais mesmos de amor se esforçais
Nem sabeis da onda extrai que ela não se expira…

PIOR.
     Pior? …
           Qualquer repete pior…. Ô mosqueiros!
Ecos longínquos veloz a prenunciar teu oráculo!
De teu riso encantado, a rocha brisa meu imo,
E o silêncio, por milagre,
Cessai!... Fala, renascer, sobre a face d´água…
Pior?...
 Pior destino!... Vossos ditos, juncos,
Que devolve aos ventos minha queixa vagabunda!
Antro, que me pronuncia meu amor mais profundo,
Vós sois vãs vossas sombras voz que se mata…
Vós me murmurais, bosque!... Ô rumor murmuro
Dilacerante, e dócil ao sopro sem figuras,
Vôs, porém, leves agitam, bocejam augúrio…
Todo se mistura de mim, brutas divindades!

Meus secretos ares sonetos divulgados,
A rocha ri; árvore chora; por sua voz encantadora,
Eu nem depois até aos céus que eu nem me lamento
Pertencer são forças d’eternais atrações!
Infelizmente! Entre os braços que nascidos florestas,
Um terno clarão d’hora ambígua existe no êxtase…
Ali, d’um resto da tarde, se forma um noivo,
Nu, sobre o lugar pálido ou m’atira água triste,
Delicioso demónio desejoso e gelado!
Ei-lo, meu doce corpo de lua e dessas rosas,
Ô forma obediente às minhas promessas contrárias!
Que elas são belas, de meus braços lhes dons vastos e vãos!
Minhas lentas mãos, ouro adorável cansativo
Chamem cativo que lhes folhas enlaçadas;
Meu coração parido ecos clarão nomes divinos!
Mas tua me boca sendo bela mudez blasfémia!
Ô semelhante! … E, no entanto, mais perfeito que meu mesmo,
Efêmero imortal, se claro diante meus olhos,
Pálidos membros pérola, e estes cabelos sedosos,
Sinto ele que à tristeza amável, sombra lhe ofuscar,
E que a noite já nos divide sós, ô Narciso,
E desliza entre nosso deus o ferro que taça um fruto!
Que tens tu?

 Minha queixa está funesta? …
                                           O ruído
Do sopro que eu escrevo aos teus lábios, meu dobro,
Sobre a límpida lâmina feita correr turvo! …
Tu tremes!... Mas estas palavras eu expiro ao joelho
Nem são, no entanto que uma alma hesitante entre nós,
Entre frontes se puro e minha pesada memória...
Estou perto de te que eu posso te absolver,
Ô rosto!... Minha sede está num escravo nu...
Até estes tempos encantadores eu me sou ignoto,
E eu nem sabia passar meu caro e me juntar!
Mas te ver, caro escravo, obedeço ao seu menor
Das sombras em meu imo se fulgente ao pesar,
Vejo sobre minha fronte tempestade e os fogos d’um segredo,
Ver, ô maravilha, ver! Minha boca matizada
Trair... pintar sobre minha onda uma flor de pensamento,
Quais acontecimentos cintilam em olhares!
Eu lhe encontro um tal tesouro d’impotente e d’orgulho,
Que nula virgem jovem escapada ao sátiro,
Nula! Fugas hábeis, as quedas sem emotivo,
Nula das ninfas, nula amiga, nem m’atrai nulo
Como tu fazes sobre onda, inesgotável. Me!...

II
Fonte, minha fonte, água friamente presente,
Doce águas puras animais, águas nasces complacentes
Que d’águas mesmas tentam seguir ao fundo à morte,
Todo está sonhado por ti, irmã tranquila da Sorte!
À pena em lembrança transformasse um presságio,
Que igual sem cessar em teu fugido rosto,
Enquanto de teu sono os céus te são encantados!
Mas se puro teu sois dos seres teu rumino,
Onda, sobre que os anos passam como as nuvens,
Que coisas, no entanto devendo ser conhecidos,
Astros, rosas, sessões, o corpo e seus amores!
Claro, mas se profundo, uma ninfa sempre
Roçando, e animando de tudo está que aproxima,
Nutrisse qualquer sonhado ao abrigo de sua rocha,
À sombra deste dia que ela pinta debaixo da madeira.
Ela sabe à jamais as coisas d’uma vez ...
Ô presença pensativa, água calma recolhida
Tudo uma sombra tesouro fábulas e de folhas,
Pássaro morto, a fruta madura, lenta abaixa,
E os raros clarões de claras argolas perdidas.
Tu consomes em ti dele perda já solene;
Mas, sobre essa pureza de tua face eternal,
Amor passa e perigo...

Quando às folhagens dispersas
Tremem, começando a fugir, choram de todas partes,
Tu vês da sombra amor se misturar ao teu tormento,
Amante escaldante e duro fingem à branca amante,
Vençam almas... E tu sabes segundo qual suavidade
Sua mão potente passa através espessura
Das tranças que se derramam em sua nuca preciosa,
Se repõem, e se remete forte e tão misterioso;
Ela fala aos ombros e reina sobre a carne.
Então os olhares firmes iguais ao eternal éter,
Nem observa, mas o sangue que doirado suas pálpebras;
Seu encarnado temível obscuridade às luzes
D’um casal aos pés confusos misturam, se mentem.
Elas gemem... A terra apela docilmente
Esses grandes corpos delicados, que lutam boca a boca,
E que, da virgem sabe atrever-se bater a camada,
Compuseram d’amor um monstro que ele se mata ...
Seu sopro nem faz, mas que dum feliz rumor,
Alma crida respirar alma toda que é lhe próxima,
Mas tu sabes melhor que minha, venerável fonte,
Quais frutas formando sempre eras encantado!
Pois, à pena ao coração calmo e tão contentes
D’uma ardente aliança se expirou em uma das delícias,
Desses amantes soltos tu contemplas às malicias,
Tu olhas brotar dos dias de mentiras tecidas,
Nascem mil maus demais ternamente entender!
Logo, minha onda prudente, infiel a si mesma,

Os Tempos levam estes doidos que acreditam são amigos
Repetem aos teus juncos de mais profundos suspiros!
Versos ti, tristes passam prosseguir-lhes lembranças ...
Sobre tuas bordas, confundir sombras de escassez,
Tudo deslumbra d’um céu de beleza lhes ferir
Tanto ele guarda clarão seus dias são mais belos,
Eles chegam bens perdidos acharem teus túmulos ...
« Esse lugar de sombras estanho quietas e nossa! »
« Outro deseja estes ciprestes, se ditam coração d´outros,
« E d’aqui, nós provamos respiração dos mares! »
Hélas! A rosa mesma esta amarga no ar com libor.…
Menos amarguras perfumes das supremas fumaças
Que abandonam ao vento das folhas consumidas!...
Ele respira este vento, caminhando são noções,
Comprimindo aos pés tempos d’um dia de desespero...
Ô marcha lenta, veloz, e igual aos pensamentos
Que conversam volta à volta as cabeças insensatas!
A carícia e a morte hesitante suas mãos tão breves,
Teu coração, acreditas se romper desviar caminhos,
Luta, e retiram a si tua esperança do abraço.
Mas seu espírito perdido corre labirinto
Ou s’ extraviam daquele que maldito o sol!
Sua loucura solitária, não importa do sonho,
Povo e trompa ausência; em tua secreta orelha
Em todo lugar uma voz que não aponta de igual.
Nada nem poder dissipar seus sonhos absolutos;
Sol nem pode nada contra este que não está mais!
Mas se ele arrasta em ouro seus olhos secos e fúnebres,
Ele se percebe em prantos defender suas penumbras
Mais caras à jamais que teus os fogos do dia!
E neste corpo esconde todas marcas de amor
Que porta amargamente alma que usa das horas,
Ardente dum secreto beijo que o deixa furioso...
Mas mim, Narciso amável, eu nem sou curioso
Que minha sozinha essência; do silêncio do vazio
Todos outros não para mim que um coração místico,
Todos outros não estão ausentes diante desta paisagem.
Ô meu bom soberano, caro corpo, não tenho que teu!
Mais belos mortais nem pode custoso que si...
Doce e doirado, este que é um ídolo mais santo,
Todas uma floresta se consuma, se cingi,
E frasco em azul vivente por tanto d’pássaros?
Este-ele veste mais divino favor das águas,
E d’um dia que se matou do mais adorável uso
Retorno aos meus olhos honoráveis de meu rosto?
Nasceu, pois, entre nós que sois a luz única
Da graça e do silêncio uma troca infinita!

Eu vós saudais, jovem de minha alma e da onda,
Caro tesouro d’um espelho que reparto ao mundo!
Minha ternura vem beber, embriagar da visão
Um desejo sobre si mesmo ensaia teu poder!
Ô que teus meus desejos, vós sereis semelhantes!
Mas a fragilidade vossa fez inviolável,
Vós não sereis que luz, adorável da metade
D’um amor demais igual à mortiça amizade!
Hélas! A ninfa mesma separa de nossos charmes!
Depois-eu espero de ti que de veio dos alarmes?
Que ele é doce aos perigos nós decompomos eleger!
Se surpreendam sou mesmo e sou -mesmo nos alcançar,
Nossas mãos se entrelaçam, nossos maus entram-destruir,
Nossos silêncios muito tempo de sonhos se instruírem,
A mesma noite em prantos confundem nossos olhos cerrados,
E nossos braços fecham-se sobre os mesmos soluços
Apertam mesmo coração, d’amor pronto a se derreter...
Quita enfim o silêncio, atrevido enfim me responder,
O Belo e cruel Narciso, inacessível duma jovem,
Todo ornado de meus bens que são que ninfa defende...

III

.... Este corpo puro, está consciente pode seduzir?
De alguma profundidade sonhos-tu de m’instrui,
Habitante de abismo, anfitrião se precioso
D’um céu sombra mundo precipitado dos céus?
Ô fresco ornamento de minha triste tendência
Que um sorriso si próximo, plena confidência,
E que presta ao meu lábio uma sombra de perigo
Até me faz temer um desejo dum estrangeiro!
Que respira vem à onda ofertar esta fria rosa!...
« Eu amo... Eu amo!... » E aqui assim pois pode amar outra coisa
Que sou mesmo?...
               Teu só, ô meu corpo, meu esse caro corpo,
Eu te amo, único objeto que me defende dos mortos.
…………………………………………………………….
Sigo, ti sobre meu lábio, meu, em meu silêncio,
Uma preze ao deus comove de tanto d’amor
Sobre teu pedinte púrpuro ele hirto o dia!...
Fazes, basal feliz, Ô Pai de justas fraudes,
Ditos que dum clarão rosa ou d’esmeraldas
Que sonhos da noite vosso espectro recomeçou,
Puro, e todo igual aos mais puros dos espíritos,
Espera, ao seio dos céus, tu vives esse por favor,
Perto de mim, meu amor, propõe um leito de folhas,
Sair tremulo de flanco da ninfa ao coração frio,
E são deixados meus olhos, sem cessar de ser meu.

Terno tua forma fresca, e está mais clara tua casca...
Ô! Te apanhar enfim!... Pegar este calmo tronco
Mais puro que d’uma mulher não forma de frutos...
Mas, d’uma pedra simples este templo onde eu sou,
Onde ruminarei…. Ruminar teus lábios avaros!...
Ô meu corpo, meu caro corpo, templo arreda
De minha divindade, eu quero apaziguar
Vossa boca... Tão logo, eu quebrarei, beijo,
Este pouco nós defendemos da extrema existência,
Este tremulo, frágil, e devota distância
Entre mim mesmo e onda, meu amor, e os deuses!
Adeus... Sentido-tu tremes mil flutuantes adeuses?
Pronto venha estremecer a desordem dessas sombras!
A árvore cega versa árvore estende seus membros sombras,
E provoca horrivelmente à árvore desaparece...
Minha alma assim se perde em tua própria floresta,
Onde a potência escapa à tuas formas supremas...
Alma aos d´olhos negros, tocando negrume mesmo,
Ela se fez de imensa e nem reencontra nada...
Entre à morte e si, qual olhar este é teu!
Deus! De augusto dia, pálido e terno resto
Siga o dia consumir juntos a sorte funesta;
Ele abisma aos infernos de profundas lembranças!
Hélas! Corpo miserável, está tempos de se unir...
Incline-te.... Beijo-te. Treme de todo teu ser!
Inacessível amor que tu me vens prometido
Passa em um arrepio, brisa Narciso, e foge...

TRAD. ERIC PONTY



domingo, janeiro 21, 2018

Para às flores - PEDRO CALDERÓN DE LA BARCA - Trad. Eric Ponty

Estas que foram pompa e alegria
Despertando ao albor da manhã,
a tarde serão lástima vã
Dormindo aos braços da noite fria.

Este matiz que ao céu desafia,
Iris listada de ouro, neve e grama,
será escarmento da vida humana:
Tanto se empreende ao terminar dum dia!

Eflorescer as rosas madrugaram,
Ao que envelhecer floresceram:
Cunho e sepulcro em botão falaram.

Tais os homens suas fortunas vieram:
Em um dia nasceram e aspiraram;
Que passados séculos horas foram.


TRAD.ERIC PONTY

Memória – Arthur Rimbaud - Trad. Eric Ponty

I
Clara água como o sal de prantos da infância,
Assalto ao sol brancura dos corpos das fêmeas,
A seda pisada e lírio puro das auriflamas
Sobre muro onde alguma donzela defende.

A Luta dos anjos – Não corrente ouro em marcha,
O braço negro mover, denso, fresca erva. Ela 
Esvaece de antes céu azul ao céu lê chamando
A engelhar sombra desta colina e desta arca.

II

Ah! Húmido do vitral tende caldo do límpido!
Move ouro água do livor sem funda classe presta
Vestidos de verdes debotados meninas
Faz salobro onde salta bípede sem rédeas.

Mais puro que Luiz lume amarelo pálpebra
Vigiar água — tua fé da nupcial, ô esposa! —
Meio dia em ponto terno espelho de inveja
Ao céu cinza calor globo rosa comida.

III

Madame se tens muito em pé em pradaria,
Onde nevar o fio junto lida sombrinha
Dedos premente umbela mui vaidosa ela
As crianças que lhes traduz verdura florescem.

Ler livro marroquim rubro! Hélas ele como,
Mil anjos brancos que se separam sob via
Desvio distante serra! Ela permanecer toda
Fria e negra curta! Após partida do homem!

IV

Saudade do braço grosso e jovem erva pura!
Ouro lunar de abril do santo leito! De júbilo
Obras dum morador abandonado às pressas
Tardinha longe faz rebentar podridão!

Que ela presente abaixo da muralha! Hálito
Do álamo alto é ser para única da brisa
Pois este lençol sem imagem fonte gris
O Velho dragador em barca inerte pena!

V

Brinquedo esse olho água morna não se unir possa
Ô barca inerte! Oh! Braço mui curto! Nem uma
Nem outra flor: nem esse amarelo me importuna
Lá nem azul amigo água colorir cinza

Ah! Salgueiros em pó que um alado sacode!
Rosas do roseiral muito tempo se devora
Meu bote sempre fixo corrente esticado
Ao fundo esse olho água sem margem — que lama!

TRAD.ERIC PONTY

As Rosas - Rainer Maria Rilke - Completo - Trad, Eric Ponty

l
Se a calma, por vezes, nos espanta muito,
Rosa feliz
É que, por si mesma, por dentro,
Pétala contra pétala, você acalma.
Tudo esperto, meio
Dorme durante que de incalculáveis, toques
A ternura deste imo silencioso
Levando à boca extrema.

II
Eu vejo você, rosa, entreaberto livro,
Que contém tantas folhas
Beleza detalhada
Nós nunca vamos lhe ler. Livro-bruxo,
Que se abre ao ar e que pode ser lido
Olhos calados ...
Abrangendo borboletas insurgem confusas
Por terem tido os mesmos conceitos.

III
Rosa, ó coisa por compostura finda
Que contém ilimitadamente
E se espalha imensamente, cabeça
Um corpo se abranger muito suave,
Nada bate ti, ó essência soberana
Esta estadia nebulosa;
Amo este recinto onde apenas se avança
Seu perfume faz nós perdermos.

Tu eras rica aceitável para tornar-se
Uma centena de vezes a si mesma
Em uma única flor;
Este é a categoria de quem ama ...
Mas você não nos faz pensar o oposto.

V
Abandono redil por abandono,
Ternura tocando a ternura ...
É o seu interior que firmemente
Carícias, elas dizem;
Afagar em si,
Avisado por seu próprio reflexo.
Assim você inventa o tema
Narciso almeja o desejo.

VI
Uma única rosa é todas as rosas
e isso: o insubstituível,
o perfeito, o termo brando
incluídos no texto das coisas.
Como sempre, sem ele
quais eram as nossas esperanças,
e intervalos de ternura
na vela contínua.

VII
Te pressionando, fresca, clara
rosa, contra o meu olho calado -
parece que mil pálpebras
sobreposto
quente contra o meu.
Mil dorme contra a minha ambição
em que eu rondam
no labirinto odorante.

VIII
Seu sonho muito apinhado,
grande flor no interior,
molhar como um enlutado,
você se faz apoiar na parte da manhã.
Suas forças doces sono
em um desejo arriscado,
desenvolver suas formas de ternura
entre amuras e seios.

IX
Rosa, tudo ardente ainda claro,
devemos nomear relicário
Santa-Rosa ..., distribui acresceu
esse cheiro santo nu sedicioso.
Rosa nunca tentada, desconcertante
sua paz interna; amante final,
embora longe de Eva, seu primeiro aviso -
rosa que tem perda imensamente.

X
Amiga das horas quando não sendo abandonadas,
onde todos rejeita o coração aflito;
consolador cuja presença atesta
Como carícias que flutuam no ar.
Se renunciar a viver, se ele é abdicado
que foi e o que pode advir,
Você acha que ter o aceitável para um amigo insistente
que ao lado de nós é a sua fada aflição.

XI
Eu tenho uma tal consciência do seu
ser rosa cheia,
meu consentimento embaraça
com o cerne na celebração.
Eu respiro você como se você fosse,
rosa, toda a vida,
e eu sinto o amigo perfeito
um amigo assim.

XII
Contra a qual rosa
você adotou
estes espinhos?
Sua alegria muito fina
Você fez isso forçou
tornando-se esta coisa
exército?
Mas que a resguarda
esta arma excessiva?
Quantos inimigos eu você
Temos afastado
que não temem.
Pelo contrário, outono verão,
você faz tratamento das feridas
nós damos-lhe.

XIII
Tu preferes-de-rosa com a namorada de fogo
nosso presente de assomo?
Lembre-se que você ganha mais
quando a felicidade de original?
Tantas vezes eu vi você, feliz e seca,
- Cada pétala uma mortalha -
em uma caixa de aromal, ao lado de um pavio,
ou um livro amado que só reler.

XIV
Verão: seja por alguns dias
rosas coevas;
respiração que flutua em torno
chocado suas almas.
Faça cada morrendo
um confidente,
e sobreviver a esta irmã
em outras rosas ausentes.

XV
Só, abundante flor,
você cria o seu próprio espaço;
teus padrões no gelo
odores.
Teu perfume em torno de quão outras pétalas
o seu cálice incalculáveis.
Lembro-me de você, você está de folga,
atriz prodigiosa.

XVI
Não falando de você. Você é indizível
de acordo com sua índole.
Outras flores decoram a mesa
transfigurá-la.
Ele coloca você em um vaso simples -
aqui tudo transforma:
esta é talvez a mesma frase,
mas cantada por um anjo.

XVII
É você quem está se arranjando em você
mais do que você, sua imo último.
O que sai de você, essa emoção intrigante,
é a sua dança.
Cada pétala aceitações
e é ao vento
andando odores
invisível.
A música dos olhos
tudo cercado por eles,
você se torna o meio
intangível.

XVIII
Qualquer coisa que nos move, você divide.
Mas o que acontece com você, nós não.
Seria uma centena de borboletas
para ler todas as suas folhas.
Não é de você que são como dicionários;
aqueles que indicar o
quer fazer vincular essas folhas.
Eu gosto das rosas epistolares.

XIX
É este o exemplo que você indica?
Podemos preencher como rosas,
multiplicando a sua matéria sutil
fizeram para não fazer nada?
Porque isso não está obrando do que ser
uma rosa, que parece.
Deus, olhando para fora da janela,
feita em casa.

XX
Diga-me, rosa, donde
em si mesmo fechado,
Retardar seu impõe força
a esta prosa do espaço
Todas estas companhias aéreas?
Como deve ser esse ar
afirma que rodavam as coisas,
ou, com um beicinho,
ele parece amargoso.
Enquanto em torno de sua carne,
-de-rosa, que faz com que a roda.

XXI
Isto não é que ele lhe darás desmaio
virá-la em seu caule
para completar você, rosa circular?
Mas quando o teu próprio mundo impulso ti,
estás no seu botão de ignorar.
É um mundo que gira em torno
pelo teu centro de calma se atreves
rodada do resto do rosa rodada.

XXII
Vós de novo, saem
a terra dos mortos,
rosa, aquele urso
a um dia enquanto o ouro
convencidos de que a prosperidade.
Será que eles os permites
cujo crânio oco
nunca foi conhecido como?

XXIII
Rosa, chegar tarde, as noites amargas para parar
por sua limpidez também sideral
rosa, você acertar as delícias completas fáceis
de suas irmãs de verão?
Durante dias e dias eu vejo tu hesitas
em sua envoltura unida muito forte.

Rosa, que, brotando, para baixo imitar
a lentidão da morte.
Teus estados incalculáveis que tu sabes
em uma mistura onde tudo se funde,
este acordo indizível do nada e ser
nós não sabemos?

XXIV
Rosa, tinha ele havia desamparado para fora,
Requintado caro?
O que é uma rosa, onde o destino
em nós fora?
Ponto de retorno. Você está aqui
que ações
com a gente, absorto, esta vida, esta vida
não a sua idade.

TRAD. ERIC PONTY

sábado, janeiro 20, 2018

Part 1 - VIDA - Emily Dickinson - 10 Primeiros Poemas - Trad. Eric Ponty

I
Sucesso é descrito valiosamente,
Por aqueles nunca tem sucesso.
Para compreender um néctar
Requer dolorida necessidade.
Não um de todos o roxo anfitrião
Quem tomou a bandeira hoje
Pode dizer uma definição
Tão clara desta Vitória.
Como ele derrotou-morrer-
Em cujo interdito ouvido
A distante estirpe de triunfo
Salvas angustiadas são claras.

II
A nossa quota noturna a suportar,
A nossa quota de manhã,
Nossa branca sorte total a preencher
Nossos em branco na zombaria.
Aqui uma estrela, e há uma estrela,
Alguns perdem a sua forma.
Aqui uma névoa, e há uma névoa,
Depois-dia!

III
Alma queres tu sorteies novamente?
Por apenas um tal risco
Centenas perderam, efetivamente,
Mas dezenas ganharam uns todos.
Anjos ofegante escrutínio
Se prolonga a gravar de ti;
Peste ansiosa reunião eleitoral
O brinde para a minha alma.

IV
'T é tanta alegria! 'T é tanta alegria!
Se eu falhar, o que pobreza!
E ainda tão pobres como a mim
Tem aventurados todos a se lançarem
Tem lucrado! Sim! Hesitado tão
Este lado a vitória!

A vida é, mas a vida e a morte, mas a morte!
Sorte plena é, mas sorte plena e fôlego, mas fôlego!
E se eu falhar,
Pelo menos para saber o pior é delicada
Derrota não significa nada, mas a derrota,
Não desolação possa prevalecer!

E se eu ganhar, -oh, arma no mar,
Oh, sinos que nos campanários,
A primeira repetição é lenta!
Para o céu é uma coisa diferente
Há conjecturas, e acordei tão súbita em
Talvez possa oprimir-me também.

V
Contentes! A grande tempestade é mais!
Quatro têm recuperado a terra;
Quarenta desceram juntos
Em ebulição a areia.
Anel, para a escassez de salvação!
Pedágio encantador para almas
Vizinho e amigo e esposo,
Girando sobre os cardumes!

Como eles irão dizer o naufrágio
Quando o inverno abala a porta,
Até as crianças pedirem, "Mas a quarenta?
Eles fizeram voltar não mais?"

Depois de um silêncio permeia a história,
E uma suavidade eficaz do olhar
E as crianças mais nenhuma pergunta,
E apenas as ondas como resposta.

VI
Se eu pode parar um coração apaixonado
Não quero viver em vão;
Se eu pode facilitar uma vida a dolorida,
Ou arrefecer uma dor,
Ou ajudar um desmaio pisco-de-peito-ruivo
Até o seu ninho novamente,
Não quero viver em vão.

VII
Dentro do meu alcance!
Eu poderia ter tocado!
Eu poderia ter alterado desta forma!
Suave passeio pela aldeia
Passeio com suave distância
Portanto insuspeitas violetas
Dentro dos campos mexericos
Esforço demasiado tarde para os dedos
Que passou, há uma hora.

VIII
Um ferido veado saltos mais altos,
Eu estou ouviu o caçador dizer;
'T é, mas o êxtase da morte,
E então a fratura ainda está.

A ferida rocha que brota,
O aço espezinhados que as primaveras
Uma face está sempre corada
Apenas onde frenética das picadas!

Gozo é o correio da angústia,
Em que o braço do cuidado,
Porventura alguém espiona o sangue
E "Você pode machucar" ao exclamar!

IX
O CORAÇÃO pede prazer primeiro,
E então, desculpa da dor
E então, aqueles pouco ungidos
Que mortifica o sofrimento;
E então, para ir dormir;
E então se ela deve ser
A vontade do seu Inquisidor,
A liberdade de morrer.

X
Um precioso, abandonado prazer está
Para atender a um livro antigo
Em apenas o vestido seu século usava;
Um privilégio, penso.
Seu venerando lado a tomar,
E o aquecimento na nossa própria,
Uma passagem de volta ou duas para fazer
Para vezes quando ele era jovem.


TRAD.ERIC PONTY

SONETOS SAGRADOS - John Donne - Trad. Eric Ponty

I
Tu me fizeste, e o teu trabalho decadência?
Atender-me, por agora o meu fim acaso pressa,
Eu posso executar a morte atende-me tão rápido,
E todos os meus prazeres são feitos como ontem;
Não me atrevo mover palor meus olhos agora
Desespero atrás, morte antes acaso expressos,
Tal terror, minha carne frágil acaso inútil,
Pelo pecado, que para o inferno faz pesar.
Só tu és acima, e de quando para que ti
Pelo teu deixar posso olhar, intervenho outra vez;
Mas nosso velho hostil subtil tão sendo tentar dizer-me,
Não que de uma hora eu posso me sustentar;
A tua graça podes das asas para evitar sua arte,
E tu como indomável chamar meu férreo imo.

II
Como devido por muitos títulos eu demitirei,
Eu a ti, ó Deus. Primeiro eu estava feita
Por ti; e para ti, quando eu estava de declínio
O teu sangue comprado que, o que antes era a tua
Eu sou teu filho, fez contigo para brilho
teu servo, cujas dores tu tens ainda reparado
As tuas ovelhas, a tua efígie até que eu trair mim
Eu próprio de um templo de teu Espírito divino.
Por que prospera diabo então usurpar sobre mim?
Por que se queixa ele roubar, não viole a tua direita?
Exceto tu subiste ao teu próprio trabalho luta,
Ó! Vou em meu breve desespero, quando eu ver-me
Que tu amas caridade ainda bem, não deixarás opção minha,
E Satanás odeia a mim, ainda relutante em perder-me.

III
Ó! Talvez suspiros e lágrimas retornarem
No meu peito e nos olhos, que eu tenho gastado,
Que eu possa neste santo descontentamento
Choram com umas frutas, tenho chorado seria vão.
Na minha idolatria que nevoeiros de chuva
Meus olhos não inúteis? Que fez meu imo dor fender?
Que dores foram culpas, amaria agora de pesar;
'Causa eu não sofro, devo que sofrem a dor.
Vós hidrópico ébrio célebre noite ladrão
Que dá vontade libertina e coceiras de orgulho
Ter recordação do passado alegrias, de alívio
próximos males. A mim é permitir minha pobreza
facilidade; por longos, veemente dor ter sido
efeito e causar, a punição e o pecado.

IV
Ó minha alma negra, agora tu és convocada
Pela doença e da morte de Herald e campeão;
Tu como peregrino, que fizeste no estrangeiro
Traição e não ousava olhar volta a donde ele fugiu
Ou como um ladrão, que até a morte destino leu
É vontade de oferecer o próprio eu da prisão
Mas é maldita forte esta tua execução
É vontade de que ele ainda pode ser preso.
Mas graça, se não arrependeres, não poderás falta;
Mas quem é o que te dará graça para começar?
Si para com tua Santa Sé luto é negro,
E rubro com qualquer pejo, como tu com pecado;
Ou te lavar no sangue de Cristo, que tem esta pode,
Que ser rubro, tinta vermelha às almas em branco.

V
Estou um pouco mundo que se faz astutamente
Dos elementos e dum angélico do espírito
Mas negra culpa faz trair eterna noite
duas partes do meu mundo oh ambas devem morrer.
Você que para além de que o céu foi mais altivo
Ter achado novos bens, nova terra pode escrever,
Verta novos mares em meus olhos, a que eu possa
Afogar o meu mundo com meu pranto sinceramente,
Ou lavar se ele deve ser afogar eu não mais.
Mas oh que devem ser cremados; alas o fogo
Da luxúria e da inveja ter cremado o que dantes,
E tornou mais imunda; deixe suas flamas ir-se
E me arder Ó Senhor, com um zelo ardente
De ti e a tua casa, que acaso em comer curar.

VI
Esta é a minha peça última cena aqui céus nomear,
minha peregrinação de última milha; e a minha corrida,
ocioso, ainda depressa correr tendo este último ritmo,
meu espaço último, meu minuto de último ponto;
E glutões morte instantânea da inarticulada
De meu corpo minha alma, eu dormia no espaço;
Mas minha vez de acordar deve sondar esse rosto
De cujo temor já batidos minha cada junta.
Então minha alma céu, seu inicial banco, toma o voo
E terra nascida do corpo nela habitarão
cair meus pecados, todos podem ter seu direito,
A onde eles são criados, quer apetar, ir inferno,
Imputar-me justo, do purgatório do diabo,
Para assim deixar o mundo, da carne, ao diabo.

VII
Na ronda da terra imaginado cantos, soprar,
As trombetas, anjos, e levantar, surgir
Da morte, você inúmeras infinidades
Das almas e ao seu organismo disperso vão,
Todos os que o fizeram de inundação e fogo
Todos quais guerras, fome, idade, sezão, cetros
Desespero, lei, acaso, matou, e cujos olhos,
Vereis a Deus, e nunca o sabor da morte à dor.
Mas o sono, Senhor, me lamentar um espaço;
Se acima de todos estes, abundam meus pecados,
É tarde para pedir a abundância da tua graça,
Quando estamos lá. Aqui nesta humilde terra,
Ensinar-me ao arrependimento; por que é tão bom
Si o tivesses seria meu selo perdão teu sangue.

VIII
Se fiéis das almas tanto ser glorificado,
Como anjos, então o meu pai n´alma ao vê-lo,
E adiciona essa mesma à plena felicidade,
Que proezas eu da boca grande inferno outrora
Mas se as nossas mentes almas seriam descritas
Pelas circunstâncias, pelos sinais seriam
Aparente em nós não tão imediatamente
Como será minha mente alva vera ser julgada?
Veem idolátrico amantes choram e lamentam,
E degrau blasfema ilusionista a chamada
Em nome do, Jesus é uma hipocrisia
Dissimuladores fingem devoção. Então voltam,
Reflexivas almas Deus, porque sabem que é grande
Nessa tua dor, para ele, está no meu peito.

IX
Se minerais venenosos e se aquela árvore,
Cujos frutos lançou morte na outra (imortal) nós,
Se lascivos caprinos, se serpentes inveja
Não podem ser malditas alas! Por que deveria ser?
Por que razão a intenção ou a razão, nascida em mim,
Fazer pecados, outro igual, em mim mais odiosos?
E misericórdia sendo fácil, e gloriosa
A Deus na sua ira severa por ele se ameaça
Mas quem sou eu, se atreve a disputa contigo?
Ó Deus, ó! Da tua apenas digno de sangue,
meus prantos, fazer celeste Lethés cheias
E afogar em ti o meu culpa negra da memória.
Que. Tu lembrasses-lhes, alguns afirmam em dívida;
Penso a misericórdia se queres esquecer.

TRAD.ERIC PONTY

Canceoneiro - Francesco Petrarca - Sonetos Escolhidos - Trad. Eric Ponty

I - Vós escutais em rima esparsa soar

Vós escutais em rima esparsa soar,
em suspiros que eu me nutria em coro,
de que em meu primo juvenil do erro,
ficará em parte noutro aquele soar.

De vários estilos em que eu choro,
fazendo de vã esperança e vã dor,
por esta via por prova entenda amor,
confio trovar piedade, não perdão.

Mas bem me vejo como o povo todo,
fábula foi grande tempo, onde espessa,
do meu modesto fato me envergonho:

Do meu divagar vergonho meu fruto,
me seduz a conhecer claramente
quando desejei o mundo breve sonho.

III - Era em torno do qual sol escondia-se

Era em torno do qual sol escondia-se,
pela piedade do Criador paraíso,
quando fui preso, e não me guardei,
que belo olhar vós outro duma dama.

Tempo não me parecia de atendê-lo,
contra o golpe de Amor, porém impôs,
que nem duma comum dor iniciada.
Porém meu ornamento não lhe fui honrando,

Encontrou-me amor de tudo desarmado,
Aberta a via por meus olhos coração.
Que lágrimas são fato porta cruzada.

Porém, ao meu orna minha dignidade
Feri-me de fecha naquele estado
Se armada meu mostrar puro arco.

IV - Que a infinita providência da arte,

Que a infinita providência da arte,
Demostrou admirável magistério,
de quem me fez este outro hemisfério
e Júpiter fez brando mais que marte.

Vindo tornar fulgurada esta carta,
muitos anos gosto selado verso,
fez Giovanni duma rede de Pedro,
meu reino do céu, fez-se tão de perto.

De se nascendo em Roma foi-me graça,
A Judeia sim, tanto servia ao status
humilde exaltar sempre por favor.

E cá um carente povo um sol faz fato,
Tal qual há casta e logo agradecia
Onde bela dona do mundo nasce.

V - Quando em novo suspiro chamar vou

Quando em novo suspiro chamar vou,
no coração nome que tem me escrito,
láudano isolado urdir do anterior,
em seu primeiro doce acento soa.

Vosso estado real, que encontro pois,
desfolha alta impressão do meu valor,
mas: basta grita um fim falar de amor,
digna reverência do amor excelente.

Que quase louvor ensinas há narrar,
da voz mesma voz deste meu chamado
que digna reverência do amor digno.

Se minha força Apolo se designa,
Que dizer sou sempre dum verde ramo,
com esta língua mortal presunçosa.

VI - Se extravio da folia do meu desejo

Se extravio da folia do meu desejo,
seguindo segundo fuga e retorno,
dos laços de amor ligeiros se soltam
vai adiante do meu lento caminhar.

Que quando reclamando seu envio,
pela escura estrada, minha escolha,
nem me vale espera, dar-lhe à volta,

que amor pela natura se fez resto. 
E, pois, freio força que se recolhe,
E me levanto em senhor de mim próprio,

Que meu mau grado a morte me transpõe.
Só por vir do louro donde se colhe,
da erva amarga, minha dor atraí,
custando aflige-me por me conforta.

VII A gula e sono e ócio e da pena

A gula e sono e ócio e da pena,
havendo mundo virtude banida,
onde dá curso seu quase perdida
de nossa natura deste costume.

Que se transcorre uma benigna luz,
do céu, que nos informa humana vida,
que dá coisa visível se adiciona,
fazer Hélicon nascer um relâmpago.

Qual vingança, do louro, qual mirto,
- Avara, e, nua vai à filosofia,
Disse a turba ao vil falseada intensa.

Pouco acompanhara por nossa via,
tanto prego tu, oh gentil espírito,
não libera há magnânima tua empresa.

VIII - Ao pé da colina da bela vista,

Ao pé da colina da bela vista,
presos terrenos membros suplicava
desta senhora que lhe nos enviava.

denso sono lagrimejando desta.
E livres em paz passavam por esta
da vida mortal, que animal desvia
Sem nos suspeitar trovar pela via.

da coisa que nosso andar nos moleste.
Mas do misero estado ouve nós meio
Conduzindo da vida anda serena.

Um só conforto, desta morte, temos.
Que vingança nos fez pesar à pena
Ao qual força outros presos ao extremo,
Rimam com maior legado cadeia.

IX - Quando planeta distingue à hora

Quando planeta distingue à hora,
Há albergar com Touro se retorna,
que cada virtude acendeu cornos,
que vestiu o mundo de novas cores.

E não só pela grandeza há nós fora,
serras e montes, que floresce adorna,
mas dentro não apercebeu do dia,
gravido fia deste terrestre humor.

Onde tal fruto e similar se causa,
quase paga, trazendo dona ao sol,
e me movendo aos olhares perdi.

Cria d´amor pensar, ante palavras,
Mas como ela que governa vontade,
Primavera porque não mais haverá.


X - Oh gloriosa coluna que se sustem

Oh gloriosa coluna que se sustem,
nossa esperança e grão nome latino,
rancor me torceu do vero caminho,
ira de Júpiter venturosa praga.

Que não palácio, não ao teatro não chama,
Mas observa abeto, uma faia, um pinho,
da erva verde e belo monte vizinho,
donde que se acende poetando d´agua.

Leve terra e do céu nosso intelecto,
o rouxinol que docemente assombra
todas noites se lamenta das penas.

Amoroso pensar imo nos enche,
Mas tanto bem só torso foi imperfeito,
Faz dia, senhor meu, minha companhia.

XVIII
Quando total retorno àquela parte,
Aclamo belo viso à dona Luz,
E minhas rimas ao pensar na luz,
Que ardi e grosseiro de parte a parte.

E que temo cerne que se parti,
E vejo preso ao fim de minha luz,
volto-me forma privada sem luz,
não me louve sem falha pura parte.

Coisa auscultar ao golpe da morte,
fujo, mas não tão veloz que desejo,
medir não venha como vem só.

Mudo estou, pois que à palavra morte,
fariam ranger a gente e meu desejo,
que à lágrima minha se emana só.

XIX
Só há animais no mundo que se altera,
visto que contra o sol a defender
outros porém que grão luz se ofender
não saem furor se não verso à noite.

E outros com desejo louco que espera
Júbilo força num foco, porque belo
provam outra virtude, que acende,
laçam meu louco e não esta última pura.

Eu não tenho força observar à luz,
Da dona, e não sou puro descrição,
Lugar tenebroso de hora tardia.

Mas olhos lagrimosos e enfermos,
Meu fado venderia na condução
E só que bem direito aquele arde.

CXIII - Que meio onde estou Senuccio meu

Que meio onde estou Senuccio meu,
(coisa fosse inteiro, vou me contendo)
vim fugindo do dilúvio e do vento
chamo súbito fato tempo rio.

Que sou seguro, dir-lhe-ei porque,
Não como trono ele fulgura medo
E porque mitiguei, não que morto
Lhe falarei de meu ardente desejo.

Tosto junto no amoroso reger,
vi onde nasceu aurora doce e pura
aquieta haver, meter trovão em bando.

Amor nem alma, fez meu repouso,
Ressoa fogo e suspende à emoção:
Quão agirei com seus olhos aguardando.


TRAD.ERIC PONTY