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segunda-feira, janeiro 22, 2018

A Pítia - Paul Valéry - Trad. Eric Ponty

A Pítia exalta-se da flama,
Duras ventas desse incenso
arfante, livres gritos! D alma
arrepiante dos flancos ruídos!
Pálida profunda mordida,
desta maça que é tão pendida
Ponto que estiver putrefata
ao olhar lutuoso da ausência,
viver árduo perfumador
do fumo tecido furor!

Fendas presas, sombras dementes,
donde domam diabo primo,
dentre perfume tormento
Prodiga d´alma vaga,
trança trança colossal,
Deter meio da sala,
diz doido brando ruído,
mover-se em negros ânimos
ódio divos, preso espasmos,
dando-se findo dos futuros!

Essa aflição foz frias
fisgados dedos crispados,
vocifera entre às mentiras
vibra estrangulada serpe:
Ah! Roída! Maus padeci!
Toda alguma casta é golfo!
Alias! Por acesas almas,
perdi meu próprio enigma!
Uma argúcia adultera
cumpre corpo comprimir!

Vá Atroz! Mestra porca derrogue,
corra, corra, ô briosa enzima,
Falso vácuo tão grosseiro,
faz puro ventre desse amado!
Fazer-se finda cena horrível!
É todo meu corpo arco obsceno
perceber romper desta seta,
quão esta prisioneira da infâmia,
implacavelmente ao céu d’alma
do meu peito pequeno tem!

Que me fala, à minha paz mesma?
Qual eco responde-me: Homens!
Que me ilumina? Que blasfema?
Feitos certos versos que escumam,
cacos armados minha língua,
compostos brandir desta arenga,
brisando babar dos cabelos,
mastigadas redes desordem,
dum buque desse vento mordido
repreendendo-se às confissões?

ô Deus! Não sei deste crime,
tenha-me dolente vivencia!
Mas, se me prendeu por sua vítima,
do culto dum corpo vencido,
dos estranhos monstros matados,
são monstro e a besta renunciada,
doado colar, ao chefe eleito,
quais crinas tocadas nos templos,
Quão dessas lívidas lâmpadas,
acesos mármores noturnos.

Então para esse vagabundo,
morte errante lua enluarada
d água do mar surpreendida onda,
compelindo eternos ápices!
São humanos, feitos de estátuas,
geladas fontes, almas mortas,
ao gélido deste meu céu,
premiadas palavras pessoais,
das árduas pessoas dos divos,
silente tolice e do orgulho!

Eh!... Disso que se fez de víbora,
em toda tua fonte de frissons,
assombrar a carne assustada,
na pluralidade séquitos!...
Levar-se duma luta insensata,
retornando então pensamento,
para falsa joia retornada;
ô memória, feita da magia,
que não trazida desta energia,
dos outros arcanos dos cumes!

Meu caro corpo... Forma optada,
a esse viço que não é seu,
Afrodite que afronta à alma,
Intacta noite oferta ao cume,
transtornar-se dos indizíveis,
da lama duma ilha sensível,
doce martírio, minha sorte,
qual aliança de nossas vidas.

Diante dádiva das escumas,
tem-se feito corpo da morte,
do meu ombro, dos meus ardis,
desta fonte da negridão,
que jamais se passam desse ardil,
derretidos mesma doçura!
Erguendo-se à minha narina,
mãos cheias dos peitos viventes,
dos meus braços, belas torrentes,
meu abismo ébria vastidão
profunda, trazida dos ventos!

Aí! Ô rosas de toda lira,
contidas da transformação!
Noite do meu triste delírio,
semelhante à constelação!
Ô templo mudo dessa caverna,
ou deste furação dos sonhos,
ou até mesmo do céu fez belo!
É preciso gemer, há se alçar,
Já não sei qual êxtase abrange,
deste meu cabelo fragmenta!
Tenha-me perito estigma,
parecido ao meu pobre peito:
são quão dos dormidos aromas,
São lã macia quão rebanho;
tenha-me por vivo amuleto,
tocada esta garganta toada,
embaixo ornatos viperinos,
tonto, livre, dos empecilhos
possuir ou murmurar pneuma
honrados laços soterrados.

Do que me perpetra, condena,
puros, laços ritos odiosos?
Sombra presa à ossada burro
servida presa à colmeia deuses!
Mais uma virgem consagrada,
da concha nova perolada,
de que nem fez à divindade,
foi sacrificada ao silente,
desta mais intima violência,
qual foi feita virgindade!

Porque poderosa criadora,
da autora mistério animal,
composta coisa da raiz,
semear surpresas do mal!
Não são dádivas que me deram,
tão cridas quando brisas das cordas,
sendo como saltos uns mais belos,
íntegros golpes dados dorso,
quais, não foi prendido à força,
quão deste soar duma tumba!

Dos clementes, destes oráculos,
destas maravilhosas mãos,
dando caricias dos milagres,
presos presentes subumanos!
São em vão suas declarações
dos frágeis pontos destes únicos,
comoverem-se do esplendor!
D água calma esta transparência,
toda é uma tempestade mãe
duma obscura profundidade!

Vá! Á divina luminosidade
não pare esse terrível dum raio,
não advenha dessa nossa deidade,
como um sonho cruel e claro!
Arriba! Não vais nos instruir!...
Não!... A solidão vem lembrar,
Nesta brecha imensa do ar,
desalenta lívida lágrima
da arquitetura da ruptura,
compor-nos dos puros desertos!

Não siga-nos a mãos unânimes,
compor de minha fronte revolta,
de algumas das supremas faíscas!
Que sorte siga lhes em seu exemplo!
Ao passar, futuros irmãos,
a estes seus rostos contrários
de uma punida teta lívida
não se percebeu dela marca
dessa mesma essência deforma,
das ilhas dos belos olvidos.

Negras testemunhas da luz,
não buscamos mais... Clamo olhos!
Ô lágrimas fontes primevas,
tão profundas dos seus céus!
toar mais amarga demanda!...
Mas deste aprendiz deste maior
da escuridão qual deva unir!...
Presa nossa raça espantada,
A distância tão desesperada
deixar-nos tempo de morrer!

Ouça, minha alma ouça-me das flores!
Quais cavernas feitas daqui?
Então é isso meu sangue? Jovem?
Rumorosas d ondas tão gratas?
Meu oculto soneto são auroras!
Tristes bronzes, tempos sonoros,
de que irão soarem-se o futuro!
Do baque, coice, de uma rocha,
diminuírem-se hora mais breve...
minhas duas castas irão unir!

Ô formidável altitude,
quebrantados destes degraus,
Tenho rumo da árvore vida
à morte demonstra-nos rastros!
Ao longo deste meu mais gélido
dedo sutil desta fiandeira
em tecer-lhe deste cruel rastro!
Destes soluços sobem crise
até de minha nuca ou brisa
quiçá dum crime faz prazer!

Ah! Brisa dessas portas viventes!
Faça-nos rachar vãos vedados
grosso rebanho dos terrores,
das cerdas destas pronuncias!
Emergir-nos destas baias fúnebres
Destes víveres mais tétricos
das fabulosas quantidades!
Saltos, dos sonhos mais saciados,
ô  Horda espinhosa da revolta
chegando queimar douro, Lã!

*
Tal qual ainda mais torturado
delírio, grande dos fragores,
dá profetiza que provocada
pelos ares douro mais rubro;
Mas enfim o céu se declara!
Tua orelha pontífice hilário
Peripécia aos versos futuros:
Uma atenção santa se observa,
porque deu voz jovem e cândida
partiu destes corpos impuros.

*
Honra dos Homens, Santa Língua,
Discurso profético ornado,
Belas cadeias comprometidas
Do deus desta carne tão impura,
Clareada generosidade.
Aqui está voz da sabedoria
Soar-nos esta augusta voz!
Quem saberá quando esta soa,
Para Ser a voz mais pessoal
Tanto das ondas e do cedro!



TRAD.ERIC PONTY







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