Pesquisar este blog

domingo, janeiro 19, 2025

A Musa Venal - Charles Baudelaire – Tradução Eric Ponty 71328 ACESSO

P/ Débora Malucellie Alípio Correia

Ó musa do meu coração, amante dos palácios,
Terás tu, quando janeiro soltar as tuas Boreas,
Durante os problemas sombrios das noites de neve,
Um fogo para aquecer os teus dois pés violetas? 

Reavivarás então os teus ombros de mármore
Para os raios noturnos que perfuram as persianas?
Sentindo a bolsa tão seca quanto o teu paladar,
Que colherás então doiro dos cofres azuis?

Para ganhar o pão de cada noite, como um acólito,
tens de tocar o incensário, cantar Te Deums
 em que mal acreditas, ou, como um acrobata.

em exibir as tuas aparições então dos jejuns,
teu riso encharcado de lágrimas que ninguém
vê-se, para fazer florescer o baço do homem comum.


Charles Baudelaire – Tradução Eric Ponty

ERIC PONTY - POETA=TRADUTOR-LIBRETTISTA 

quinta-feira, janeiro 16, 2025

CANÇÃO DO SUICÍDIO - Rainer Maria Rilke, 7.-12.6.1906, Paris - TRAD. ERIC PONTY

Eles não me perdem. Eles me aceitaram ir.
Eles dizem que nada pode advir.
Que adequado.
Nada pode advir. Tudo vem e conduza
sempre em torno do Espírito Santo,
em torno do Espírito certo (sabes) -
que capaz.
Não, você real não carece pensar que há
algum risco nisso.
Claro, há o sangue.
O sangue é a coisa mais azarada. O sangue está azarado.
Às vezes acho que não escoro mais -.
(Que capaz.)

Ah, que bola
linda é rubra e esfera quão uma em todos os recintos.
É uma coisa capaz que o criaste.
Ele virá quando me apodar?

Como tudo se suporta de caráter intrigar-se,
se colide, nada apartado:
amigável, um escasso incerto.
Que apropriado.


Rainer Maria Rilke, 7.-12.6.1906, Paris - TRAD. ERIC PONTY

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

 

domingo, janeiro 12, 2025

Não devemos pintá-lo arbitrariamente - ERIC PONTY

 Não devemos pintá-lo arbitrariamente

P/ JOÃO BOSCO BARBOSA


Não devemos pintá-lo arbitrariamente,
de quem a manhã nasceu.
Tiramos das velhas tigelas
dos mesmos traços e os mesmos raios
com que o santo o escondeu no vapor
da fumaça da Oeste de Minas.

Construímos imagens como paredes;
dSomos obreiros: escudeiros, alunos, conselheiros,
e construímos você, sua locomotiva central alta.
E às vezes um viajante sério vem até à Oeste de Minas
peregrina como um esplendor por nossos cem peitos,

treme e nos mostra uma nova alça da paisagem

Subimos no andaime oscilante pela passagem.

a bitola pende azarada em nossas mãos,
até que uma hora beija nossas cabeceiras,
que vem de você radiante e como se soubesse
tudo, como o vento do luar.

Depois, há um vagão de todas as caminhadas
e por meio das serras vai solavanco após golpe.
Somente quando enevoa é que deixamos você ir:
E seus arrabaldes póstumos amanhecem.
e modo que já existem mil paredes ao seu redor.
Pois nossas mãos piedosas de fumaça
cobrem sempre que nossos corações o veem aberto
do velho vapor Oeste de Minas.

II

 Adoro as horas nuviosas do meu ser,
nas quais meus magoados se penetram;
neles, quais  cartas antigas, trazidas pela locomotiva
que minha vida diária já vivia e, ao apito da Oeste de Minas.


Deles vem o aviso de que tenho espaço
para uma segunda vida temporalmente
ao apito da Oeste de Minas.

E às vezes sou como a árvore nos trilhos ao apito da Oeste de Minas.
que, madura e farfalhar, sobre uma campa
realiza o sonho que o menino ao apito da Oeste de Minas.
do passado (em torno de quem os apitos quentes se reúnem)
perdeu em tristezas e canções ao apito da Oeste de Minas.

III

E ele era quase um maquinista, e saiu
dessa única beleza do soar o apito,
e ecoou visivelmente por meio de seus véus buganvília,
e fez para si o alarde em meu ouvido.

E dentro de mim refletiu. E tudo era buganvília
As acajus-catinga que sempre admirei, essa
abscissa sensível, o prado junto a serra
e todo assombro que me atentava.

A Oeste de Minas no comando. Cantando paisagens, me apurou
para que ele não desejasse estar na estação
primeiro? Veja, ele apertou o apito e a paisagem surgiu.

IV


Você, vizinho se eu te perturbo às vezes
na longa noite com apitos fortes, é sua paisagem
porque raramente o ouço respirar nos vagões
e sei: está sozinho no corredor da locomotiva
E se você precisar de algo,
não há ninguém lá para dar uma poção dessa passagem:
estou sempre ouvindo. Dê um pequeno sinal.
Estou muito perto de pular entre os vagões

Há apenas uma parede do trem estreita entre nós,
por acaso; pois pode ser um grito de sua boca ou minha,

e irrompe
sem nenhum ruído ou som.

É construído a partir da Oeste de Minas.

V

Somos obreiros: escudeiros, alunos, conselheiros,
e construímos você, sua locomotiva central alta.
E às vezes um viajante sério vem até à Oeste de Minas

peregrina como um esplendor por nossos cem peitos,

treme e nos mostra uma nova alça da paisagem

Subimos no andaime oscilante pela passagem.

a bitola pende azarada em nossas mãos,
até que uma hora beija nossas cabeceiras,
que vem de você radiante e como se soubesse
tudo, como o vento do luar.

Depois, há um vagão de todas as caminhadas
e por meio das serras vai solavanco após golpe.
Somente quando enevoa é que deixamos você ir:
E seus arrabaldes póstumos amanhecem.

VI

 Foi assim que pintaram; adiante de tudo,
alguém que transportou sua aspiração para fora do sol.
Para que, amadurece mais castiça de todas dificuldades,
mas na agonia cada vez mais geral do apito da Oeste de Minas:
durante toda a sua vida foi como um homem ligado locomotiva
que chorava e batia palmas com choro na sua passagem
Assim lembrando os seus passados entes.

Ele é o mais belo véu de suas dores das fuligem,
que se aninha contra seus assentos doloridos,
inclina-se sobre eles quase para sorrir –
apito da Oeste de Minas:
e seu mistério
não é derrotado pela luz das sete velas do Lenheiro.

VII

Havia uma Oeste de Minas. Oh, pura ressonância!
Locomotiva canta! Ó lembrança alta na orelha!
E toda paisagem em silêncio. Mas mesmo no silêncio
houve um novo começo, um apito e uma mudança.

Animais do Lenheiro penetraram na fuligem da serra
e solta do arraial e do ninho do pontilhão;
e então descobriu-se que eles não estavam
tão pacatos em si mesmos por  argúcia
e não por credos, mas por ouvir. Rugir, gritar, apitar

parecia pequena passagem. E onde arduamente havia
uma paisagem para receber isso,
um abrigo das lembranças  mais sombrio com uma entrada, -
lá criastes em tua pura ressonância Oeste de Minas!

ERIC PONTY

POETA ERIC PONTY -TRADUTOR-LIBRETTISTA 
 
Parabéns pela postagem maravilhosa. Obrigada por estar aqui. Abraços Poéticos da Eunice Storch Baumann Administradora

segunda-feira, janeiro 06, 2025

Archaischer Torso Apollos - RAINER MARIA RILKE - TRAD. ERIC PONTY


Não conhecíamos a sua cabeça inaudita,
na qual os globos oculares amadureciam. Mas
o seu tronco ainda brilha como um candelabro,
no qual o seu olhar, apenas reduzido,

se mantém e brilha. Caso contrário, a proa
do peito poderia deslumbrá-lo, e na viragem tranquila
dos lombos um sorriso não poderia ir
para o centro que trazia a conceção.

Se assim não fosse, esta pedra ficaria deformada e curta
Sob o pórtico transparente dos ombros
e não tremeluziria como as peles das feras de rapina;

e não irromperia de todas as suas arestas
como uma estrela: porque não há lugar
que não o veja. Tem de mudar a sua vida.



                        RAINER MARIA RILKE - TRAD. ERIC PONTY

POETA ERIC PONTY TRADUTOR LIBRETTISTA

 

Apolo Primitivo - RAINER MARIA RILKE - TRAD. Eric Ponty

RAINER MARIA RILKE - TRAD. Eric Ponty

POETA  ERIC PONTY- TRADUTOR - LIBRETTISTA

terça-feira, dezembro 24, 2024

O Cemitério marinho Paul Valéry – tradução Eric Ponty


Se possível está feito, Basta fazer o impossível
Pindare, Pythiques


Este telhado quieto, onde andam pombas,
Pinheiros palpitantes, entre as tumbas;
Ao meio-dia o justo compõe lá fogos,
O mar, o mar, sempre renova Deus!
A recompensa após um pensar logos,
Dum longo olhar sobre a calma deuses!


Consumida cruz puro raio fino,
Mantém diamante espuma inaudível,
E que paz parece ser concebida!
Quando sobre o abismo alivia um sol,
Obras puras de uma causa eterna,
Tempo reluz e o Sonho é ciência.


Erário firme, templo simples Pallas,
Massa de calma, e reserva visível,
Água de espuma, Olho mantém de si,
Tanto sono sob um véu de chamas,
Ó meu silêncio!... Edifício na alma,
Mas teto douro mil telhas, Telhado!


Templo do Tempo, só anseio resume,
Até este alvo puro ascender afeiçoo,
Tudo rodeado no meu olhar marinho;
Quanto aos deuses, minha oferta suprema,
A cintilação serena das fêmeas,
Sobre altitude um desdém soberano.


Como a fruta se derrete em prazer,
Como em deleite, muda a sua ausência,
Numa boca onde a sua forma morrer,
Inalo aqui o meu fumo futuro,
E o céu canta pra a alma consumida,
A mudança das costas pra rumores.


Gentil céu, vero, olha pra mim mudar!
Após de tanto orgulho, após tanto estranho,
Ociosidade, mas cheia poder,
Abandono-me a este espaço brilhante,
Sobre mansão mortos passa a minha sombra,
O que me domina ao seu abalo frágil.


A alma exposta às tochas do solstício,
Apoio-vos, admirável justiça,
Da luz com armas sem misericórdia!
Devolvo-o puro pra o seu primo sítio:
Olha pra ti!... Mas pra restaurar luz,
Supõe um meio enfadonha de sombra.


O só pra mim, só pra mim, em mim mesmo,
Por um coração, na origem do poema,
Entre o vazio e o evento puríssimo,
Confio pelo eco meu brio interior,
Cisterna amarga, da escura e sonora,
Soar na alma um futuro sempre oco!


Sabe, falsa cativa da folhagem,
Ouro destas míseras vedações,
Sobre olhos unidos, chaves fascinam,
Corpo me arrasta até ao seu fim inerte,
Que fronte o atrai para esta terra óssea?
Uma faísca pensa meus ausentes.


Firme, sacra, o germe fogo sem tema,
Fragmento terrestre oferecido à luz,
Lugar agrada-me, contido tochas,
Misto douro, pedra e árvores nubladas,
Onde mármore está a tremer tantas sombras;
O mar fiel dorme nas minhas tumbas.


Soberba cabra, ponha ao lado o idólatra!
Quando solitário, com riso paterno,
Tenho pais idosos, ovelhas místicas,
Rebanho branco minhas tumbas calmas,
Desvirtuem essas pombas tão prudentes,
Os sonhos vãos, os anjos curiosos!


Aí vem o futuro é a preguiça.
O inseto da rede risca a seca;
Tudo é torrado, desfeito, atraído ao ar,
Para não saber que essência severa...
Vida é vasta, estar ébrio com a ausência,
E Tamertume é doce, alma é clara.


Mortos ocultos estão bem na terra,
Isso aquece-os e seca o seu mistério.
Meio lá em cima, Meio sem abalo,
Por si só pensa e serve-se a si próprio...
Cabeça acaba e diadema perfeito,
Eu estou em vós a mudança oculta.


Sou o único tem de conter seus medos!
contrições, minhas dúvidas, restrições,
São a falha nesse seu grande diamante...
Mas na sua noite toda densa mármores,
Um povo vago nas raízes das árvores,
Já tomaram vosso lado devagar.


Derreteram numa ausência espessa,
Barro rubro bebeu as espécies brancas,
O dom da vida passou pra as flores!
Onde estão frases familiares mortos,
A arte pessoal, as almas singulares?
Fios larvas onde cultivou as lágrimas.


Gritos agudos das moças com cócegas,
Olhos, os dentes, pálpebras molhadas,
Peito encantador brinca com o fogo,
Sangue brilhar nos lábios que se rendem,
Últimos presentes, dedos defendem,
Tudo vai para o subsolo e pra o jogo!


E tu, grande alma, que esperas um sonho,
Deixará de ter cores de mentira,
Olhos da carne a onda e douro faz aqui?
Vai cantar quando estiver vaporoso?
Vá em frente, vá em frente! Tudo está a vazar!
Presença é porosa, santa ira finda ainda!


Imortal fino, negro é dourado,
Consolador doloroso da morte,
Quem, partir morte, faz peito da mãe,
A bela mentira e o ardil piedoso!
Quem não sabe, e quem não os recusa,
Este crânio vazio este riso eterno!


Pais profundos, cabeças solitárias,
Que sob o peso dessas tantas pás,
São a terra e confundem os nossos passos,
adequado roedor, verme liquidante,
Não é pra si dorme abaixo da mesa,
Ele continua a viver, não me deixa!


Amor, talvez, ou ódio a si próprio?
Dente oculto está tão perto de mim,
Que todos esses os nomes lhe sirvam!
Que é isso zela! Ele vê, quer, pensa, toca!
minha carne agrada, e até minha cama,
A este ser vivo eu vivo pra caber!


Zenão ! Cruel Zenão ! Zenão d'Eleia!
Furaste-me daquela seta alada,
Que está vibrar, voa, e não está voa!
O som dá-me à luz e da seta mata-me,
Ah! o sol... O que é sombra do cágado,
Pra alma, Aquiles, imóvel com bons passos!


Não, não!... Alçarem! Nessa era sucessiva!
Quebra, o meu corpo, esta forma tensiva!
Bebe, o meu peito, ato de nascer do vento,
Uma frescura, do mar exalado,
Devolve-me minha alma... Poder salso!
Vamos correr ondas recuemos vivos!


Sim! bom negador delírios dotados,
Pele pantera e clamide dos douros,
De mil e dum ídolos desse sol,
Hidra total, ébria corante carne,
Que tem remorsos tua cauda brilhante,
Num alvoroço com mesmo silêncio.


Vento está a alçar! Temos tentar viver!
O ar imenso abre e fecha o meu livro,
Onda em pó atreve-se a rebentar rochas!
Voe pra longe, páginas deslumbradas!
Revogar, ondas! Fim águas ditosas,
Teto quieto onde bujardas bicavam!


Paul Valéry – tradução Eric Ponty

segunda-feira, dezembro 23, 2024

A VIAGEM - CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. ERIC PONTY


Para Maxime du Camp


I
A uma criança que gosta de mapas e gravuras
O universo é o tamanho de seu imenso apetite.
Ah! Como vasto é o mundo à luz de uma lâmpada!
Nos olhos da memória, como o mundo é pequeno!


Numa manhã, partimos, nossas mentes acesas,
Nossas almas cheias de rancor gostos amargos,
E nós vamos seguindo o ritmo desta onda,
Acalmar nosso infinito sobre o finito dos mares:


Alguns, alegres fugir de uma pátria avara;
Outros, horror do local de nascer; dum pouco,
Astrólogos se afogaram olhos de uma mulher,
Algumas tirânicas Circe com cheiros graves.


Não ser transtornado em bestas, ficam ébrias
Com espaço, com luz e com céus ardentes;
O gelo que os mordeu, os sóis que os bronzeiam,
Devagar, apagando a mágoa dos beijos.


Mas certos viajantes são apenas aqueles que saem
Apenas a sair; corações claros, como balões,
Eles nunca se afastam de sua fatalidade
E sem saber por que eles sempre dizem: “Vamos!”


Aqueles cujos desejos têm um feitio das nuvens,
Quem, como novo novato, sonhar com canhão,
Sonhar com grande lasciva, mudança e estranha,
De quem nome que a mente humana nunca ajuizou.


II
Horror! Nós imitamos o topo e a bola,
Seu limite e sua valsa; mesmo em nosso sono
A curiosidade nos atormenta, nos rola,
Como dum anjo cruel que atingir os sóis.


Destino singular onde o escopo se move,
Não pode ser nenhum lugar em qualquer sítio!
Ao qual o homem, cuja espera nunca se cansa,
Está obrando como um louco a achar o resto!


Nossa alma é um mestre de três que busca a Icaria;
Uma voz ressoa sobre a ponte: “Tenha um olho atendo!”
De uma voz alta, ardente e selvagem, chorar:
“Amor ... glória ... sorte!” -Censura! É um bando!


Toda pequena ilha distinta pelo homem de guarda
O Eldorado que prometeu pelo Destino;
Imaginação prepara-se a sua orgia
Acha, mas um recife à luz do amanhecer.


O pobre amante de terras imaginárias!
Ele deve ser posto em ferros, jogado no mar,
Esse alcatrão ébrio, inventor das Américas,
De quem a miragem torna abismo mais amargo?


Assim, vagabundo velho vago pela lama
Sonhos com o nariz no ar de Édens intensos;
Seu olho encantado descobre uma Cápua
Onde quer que uma vela ilumine uma cabana.


III


Viajantes magníficos! Que histórias esplêndidas
Nós lemos nos seus olhos tão profundos quanto os mares!
Mostre-nos sua arca de suas ricas lembranças,
Essas joias admiráveis, feitas de éter e estrelas.


Desejamos viajar sem vapor e sem velas!
A alegrar de nosso tédio de nossas prisões,
Faça suas noções, condita em horizontes,
Passe por nossas mentes tesas como telas.
Diga-nos o que você viu.


IV
“Nós vimos estrelas
E ondas; também vimos resíduos areentos;
E, apesar de muitos choques e imprevistos
Desastres, muitas vezes nos afligimos, como estamos aqui.


A glória da luz solar sobre o mar tão púrpura,
A glória das cidades contra o pôr-do-sol,
Acama em nossos cernes um gosto preocupante
Mergulhar em um céu de cores sedutoras.


As urbes mais ricas, as melhores paisagens,
Nunca continham a misteriosa atração
Daqueles que modem a chance das nuvens
E o desejo sempre nos tornou dos mais ávidos!


– O prazer fortalecer de nosso desejo.
Desejo, árvore velha estercada por prazer,
Enquanto sua casca cresceu e endurece,
Seus ramos se esforçam a se aproximar do sol!


Tu Sempre crescerás, a árvore alta mais resistente
Do que o cipreste? – No entanto, temos cuidado
Reuniu alguns esboços a o seu álbum ganancioso,
Irmãos que acham amável tudo surge de longe!


Nós fomos tortos a os divos elefantinos;
Com Tronos repletos de joias que são luminosas;
Palácios opostos tanto esplendor igual
Fariam seus banqueiros sonharem com ruína;


E fantasias que intoxicam os olhos;
Mulheres cujos dentes e unhas são tingidos
E argutos bufos quem serpente acaricia “.


V


E então, e então que mais?


VI


“Ó mentes infantis!
Para não olvidar o mais importante,
Vimos em todos os lugares, sem buscá-lo,
Do pé ao topo duma escada fatal,


O espetáculo árduo do pecado imortal:
Mulher, escrava base, altiva e estúpida,
Adorando-se sem risos ou sem desgosto;
Homem, um tirano ganancioso, amargo, 


Um escravo do escravo, uma calha no esgoto;
O carrasco que sente alegria e o mártir que solta,
O festival que sabores e perfumes de sangue;
O veneno do poder que torna o déspota fraco,


E as pessoas que amam o seu chicote brutal;
De várias religiões iguais às nossas quais,
Todos subindo ao céu; na tua Santidade
Como um diletante se lavra em uma cama de pena,


Caçando carnal nas crinas e nas unhas;
Prantando a humanidade, ébria com o teu gênio,
E louco agora como era nos tempos antigos,
Chorando a Deus em sua luta de morte furiosa:


“Ó meu amigo, ó, meu senhor, que sejas condenado!”
Os amantes menos tolos e bons da Loucura,
Fugindo do grão rebanho que Destino dobrou,
Refugiados nessa imensidão que desse ópio!
– Esse é o aviso imutável de todo o mundo “.


VII


Amarga é a notícia que ganha de viajar!
O mundo, monótono e pequeno, de hoje,
Ontem, amanhã, sempre, nos mostra a nossa efígie:
Um oásis de horror num deserto deste tédio!


Deve um sair? Jazer? Se tu podes ficares, jaza;
Deixe, se tu deves. Um corre, outro se esconde
Para escapar do hostil um cauto e um fatal,
Tempo! Há, hélas! Aqueles vagam sem descanso,


Como dum judeu errante e como dos apóstolos,
A quem nada é regular, nem instrutor nem navio,
Para fugir desta reforma infame; e outros
Quem sabe como matá-lo sem deixar seus berços.


Quando afinal está com o pé na espinha
Podemos esperar e gritar: Nos Guiar!
Assim como em outras vezes ir-se à China,
Olhos fixos no mar aberto, velos ao vento,


Devemos embarcar no mar destas trevas
Com cerne contente de um jovem viajante.
Tu ouves aquelas palavras atraentes e tristes
Cantando: “Venha assim! Tu que desejas comer


O Lotus perfumado! É aqui que tu reúnes
Os frutos divinos aos quais seu cerne tem fome;
Venha ficar ébrio com a estranha doçura
Nesta tarde eterna? “


Pelo sotaque familiar, julgamos o espectro;
Nossos Piliades estendem os braços a nós.
“A renovar teu peito, mergulhe no tua Electra!”
Gritar cujos joelhos nos beijamos outros dias.


VIII


Morte, velho capitão, é hora! Aportar vamos!
Este país nos cansa, ó Morte! Vamos nos arrumar!
Embora o mar e o céu sejam negros como tinta,
Nossos cernes que tu julgas estão cheios de luz!


Vazar teu veneno a que possas nos refrescar!
Fogo arder cabeças feroz, ânsia afundar
Funduras do abismo, Céu ou Averno, isso importa?
Para os imos do Ignoto a achar algo novo! “

CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. Eric Ponty