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domingo, fevereiro 16, 2025

sexta-feira, fevereiro 07, 2025

PARA LESBIA - LORD BYRON - TRAD. ERIC PONTY -

 P/ Don Juan de Byron E Suely Campos Franco


Lésbia! Desde que me afastei de você,
Nossas almas não brilham de afeto;
Você diz que fui eu, e não você, que mudei,

Eu lhe diria por que, mas ainda não sei.
Sua testa polida não foi afetada por nenhuma preocupação;
E, Lesbia! não somos muito mais velhos,
Desde que, tremendo, primeiro perdi meu coração,

Ou disse ao meu amor, com esperança cada vez mais ousada.
Dezesseis anos era então nossa idade máxima,
Dois anos se passaram, amor!
E agora novos pensamentos envolvem nossas mentes,

Pelo menos eu me sinto disposto a me afastar, amor!
Sou eu o único culpado,
Eu, que sou culpado da traição do amor;
Já que seu doce peito ainda é o mesmo,

O capricho deve ser minha única razão.
Não desconfio, amor, de sua verdade,
Com dúvidas invejosas meu peito não se agita;
Quente foi a paixão de minha juventude,

Nem um traço de engano sombrio ela deixa.
Não, não, minha chama não era fingida,
Pois eu o amava muito sinceramente;
E - embora nosso sonho tenha finalmente terminado –

Meu peito ainda o estima muito.
Não mais nos encontraremos em seus jardins;
A ausência me tornou propenso a vaguear;
Mas corações mais velhos e firmes que o nosso
Encontraram monotonia no amor.

A suave floração de sua face é imaculada,
Novas belezas ainda estão brilhando diariamente,
Seu olhar para a conquista está preparado,
A forja do relâmpago resistente do amor.

Armado assim, para fazer sangrar seus seios,
Muitos se aglomerarão para suspirar como eu, amor!
Mais constantes eles podem se mostrar, de fato;
Mais longe, infelizmente, eles nunca poderão estar, amor!

 LORD BYRON - TRAD. ERIC PONTY

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

domingo, fevereiro 02, 2025

APOLLO ANTIGO - RAINER MARIA RILKE - TRAD. Eric Ponty

 

P/ Nilo Silva Lima E PARA Débora Malucelli

Feito às vezes advém entre galhos ainda sem folhas
uma manhã já parece ser
primavera consumada; assim, nada em tua cabeça
poderia impedir que o esplendor de todos os poemas


de nos atingir com força quase letal;
pois ainda não há sombra em teu olhar,
tuas têmporas ainda estão muito frias para o louro,
e só mais tarde, dos arcos de teus supercílios


o jardim de rosas se erguerá em longas hastes,
das quais as pétalas, liberadas, uma a uma
cairão sobre o tremor de tua boca,


que agora ainda está quieta, nunca usada, e brilhando
e apenas bebendo algo com teu sorriso
feito se a música estivesse sendo infundida nele.


RAINER MARIA RILKE - TRAD. Eric Ponty

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

ORPHEUS. EURYDICE. HERMES - RAINER MARIA RILKE TRAD. ERIC PONTY

 

Essa era a estranha mina das almas.
Como silencioso minério de prata, elas vagavam
por suas veias escuras. Entre as raízes
brotava o sangue que chega aos homens,
e parecia duro como pórfiro na escuridão.
Nada mais era vermelho.

As rochas estavam lá
e florestas irreais. Pontes que atravessavam vazios
e aquele enorme lago cinza, cego e imóvel
que pairava sobre seu leito distante
como um céu chuvoso sobre uma paisagem.
E entre os prados, suaves e cheios de paciência,
a faixa pálida de um único caminho,
como uma longa palidez sendo branqueada.

E subiram por esse único caminho.

À frente, o homem esguio com o manto azul,
que, mudo e impaciente, olhava para a frente.
Seu passo devorava o caminho em grandes bocados
sem parar para mastigar; suas mãos pendiam pesadas
e cerradas para fora das dobras que caíam
e não tinham mais consciência da lira leve
que havia se enroscado em sua mão esquerda
como gavinhas de rosas em um ramo de oliveira.

E seus sentidos estavam como que divididos:
enquanto sua visão corria à frente como um cão,
dava meia-volta, voltava e então ficava
longe e esperando na próxima curva do caminho,-
sua audição, como um odor, ficava para trás.
Às vezes lhe parecia que ela chegava
que ele parecia ter chegado até os passos dos outros dois
que o seguiriam durante toda a subida.
Em outras ocasiões, era apenas o eco de sua própria escalada
e o vento de seu manto que ele ouvia atrás de si.
Mas ele disse a si mesmo que eles estavam chegando,
disse isso em voz alta e ouviu as palavras se apagarem.
Eles estavam chegando, só que caminhavam
com uma leveza assustadora. Se ele pudesse
se virar uma vez (embora qualquer olhar para trás
seria a morte para todo o empreendimento,
tão próximo da conclusão), ele teria que vê-los,
aqueles dois pés leves, que seguiam silenciosamente:

O deus das viagens e das mensagens distantes,
olhos brilhando sob o capuz do viajante,
o cajado fino estendido diante de seu corpo,
e em seus tornozelos um bater de asas;
e confiada à sua mão esquerda: ela.

Aquele tão amado que de uma única lira
surgiram mais lamentos do que nunca
das mulheres que se lamentavam;
que do lamento surgiu um mundo, no qual
tudo tinha uma segunda vida: floresta e vale
estrada e vilarejo, campo, rebanho e riacho;
e que em torno desse mundo de lamentos, assim como
em torno da outra terra, um sol se voltou
e um céu silencioso cheio de estrelas,
um céu de lamento com estrelas devastadas:
Este é tão amado

Mas agora ela caminhava sob as mãos daquele deus,
seus passos, limitados por longos lençóis sinuosos,
suaves, incertos e sem impaciência.
Ela estava em si mesma, como uma mulher perto do surgimento,
e não pensava no homem que caminhava à frente,
e nem no caminho que levava à vida.
Ela estava em si mesma. E o fato de ter morrido
a preencheu como uma abundância.
Como uma fruta madura com doçura e noite
ela estava repleta de sua grande morte,
que era tão nova que ela não entendia nada.
Ela estava em uma nova virgindade
e intocável; seu sexo havia se fechado
como uma jovem flor ao cair da tarde,
e suas mãos haviam sido tão desmamadas
do matrimônio, que até mesmo o toque
toque infinitamente suave e orientador do deus da luz
a machucava como se fosse uma liberdade muito grande.

Ela não era mais a esposa loira
que ecoava com frequência nas canções do poeta,
não era mais o perfume e a ilha da vasta cama,
e não era mais propriedade de um homem.

Ela já estava solta como um longo cabelo

e entregue como a chuva que cai
e distribuída como um suprimento ilimitado.
Ela já era raiz.

E quando, sem aviso prévio
o deus a parou e com dor em sua voz
pronunciou as palavras: Ele se virou..,
ela não entendeu e respondeu suavemente: Quem?

Mas ali, à distância, escuro contra a
a saída brilhante, estava alguém cujas características
não podiam ser lidas. Ele parou e viu
como naquela faixa do caminho do prado
com um olhar triste, o deus das mensagens
se virou silenciosamente para seguir a forma
que já estava retornando por aquele mesmo caminho,
seus passos, limitados pelos longos lençóis,
suaves, incertos e sem impaciência.

 RAINER MARIA RILKE TRAD. ERIC PONTY

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

sábado, fevereiro 01, 2025

CORRESPONDÊNCIA - CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. Eric Ponty

A natureza, um templo no qual os pórticos
estão ardendo, às vezes dá palestras confusas.
Os bosques figurativos pelos quais o homem caminha
olham de volta para ele com olhos compreensivos.


Tons, sons e perfumes desconcertam os sentidos,
 assim feito ecos distantes que se fundem
em uma síntese profunda e nebulosa
vasta como a luz do dia e a penumbra da noite.


Há perfumes frescos como a pele de um bebê,
doces sons de um oboé e verdes como a grama,
enquanto outros são corruptos, imperativos.


Sendo-lhe capazes de infinitas extensões,
feitos âmbar gris, almíscar, incenso, Benjamin,
que cantam o êxtase da alma e dos sentidos.


CHARLES BAUDELAIRE - TRAD. Eric Ponty

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

sexta-feira, janeiro 31, 2025

P/ CLAUDECIR DE OLIVERA ROCHA - Friedrich Hölderlin - Trad. Eric Ponty

Mas o amor se apega
A um. Desta vez
A canção veio muito fundo
Do meu coração,
Deixe-me consertar o erro
Cantando outros.
Eu nunca alcanço a medida
que desejo. Mas um deus sabe
Quando o melhor que desejo se torna realidade.
Pois, como o Mestre
Que vagou pela terra,
Uma águia cativa,
(E muitos que o viram
Assustaram-se,
Enquanto o Pai fazia
Seu máximo para realizar
Seu melhor entre os homens,
E o Filho estava sombrio
De tristeza até subir
Para o céu na brisa da morte),
Como ele, heróis? as almas são cativas.
Poetas, também, homens de espírito mortal,
Devem se manter no mundo.

Friedrich Hölderlin - Trad. Eric Ponty

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

domingo, janeiro 26, 2025

NÃO HÁ RELIGIÃO NATURAL: O ARGUMENTO - WILLIAM BLAKE - TRAD. ERIC PONTY

O homem não tem noção de aptidão moral
a não ser pela educação.Naturalmente,
ele é apenas um órgão natural sujeito ao senso

I
O homem não pode perceber naturalmente,
a não ser por meio de seus órgãos naturais ou corporais

II
O homem, por seu poder de raciocínio,
só pode comparar e julgar o que já percebeu.

III

 A partir de uma percepção de apenas 3
sentidos ou 3 elementos,
 ninguém poderia deduzir um quarto ou quinto.

IV
Ninguém poderia ter outros pensamentos
além dos naturais ou orgânicos se não
tivesse outras percepções além das orgânicas.

V

Os desejos do homem são limitados
por suas percepções. Ninguém pode
desejar o que não percebeu.

VI
Os desejos e as percepções
-do homem não ensinados por
qualquer coisa além dos órgãos dos
sentido, devem ser limitados
aos objetos dos sentidos.

WILLIAM BLAKE - TRAD. ERIC PONTY

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

PARA AS MUSAS - WILLIAM BLAKE - TRAD. Eric Ponty

P/ Débora Malucelli

SEJA na fronte sombria de Ida
Ou nos aposentos do Oriente,
Os aposentos do Sol, que hoje
Da antiga melodia cessaram; 

Se no céu vagais formosos
Ou nos cantos verdes da terra,
Ou nas regiões azuis do ar,
Onde os ventos melodiosos nasceram; 


Se nas rochas cristalinas vagais,
Sob o seio do mar com ondas de cristais
Vagando em muitos bosques de corais,
 Nove justos, cedendo a Poesia; 


Como deixastes o antigo amor
 Que os bardos de outrora desfrutavam em vós!
 As cordas lânguidas mal se movem,
O som é obrigado, as notas são poucas!


WILLIAM BLAKE - TRAD. Eric Ponty

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA 

sábado, janeiro 25, 2025

PARA WILLIAM BLAKE - ERIC PONTY

Adeus, é livre, Tudo - alastrar-se o mar!
Não mais jorrará mais perante mim, ó águas,
Torção infinito seus bicos azul escuras,
E deleita-te com sua beleza orgulho.
Quando uma voz triste de amigo que parte.
Sendo qual uma citação triste para dar adeus,
O seu murmúrio suave de região longínqua,
Eu ouço, mas não ouvirei mais. Ouço há mais,
Pois foste o limite ansiado d´alma em raios,
Quão mui vezes ao longo da costa de seixos,
Com passo lento e medido, vagueei,
E alegre perdido em adágios próprios meus.
Como tenho amado seus ecos tão místicos;
Monótonos sons, que uma voz do abismo;
Na hora da noite, a sua ondulação pacífica
Suas rajadas de raiva súbitos céus!
Em barco frágil o pescador navega
Que amas ao escudo de capricho das ondas,
E, salvo, escumalha os grandes em ascensão;
Mas com força não invadida, a murcha acresce,
E navio orgulhoso de se despedaçar.
Escravo disposto, mui tempo tenho servido,
Afastado de ti, um mundo que se fez sórdido;
Mui tempo olvidado com canção ao te saudar,
O meu verso sonoro e sincero tal verso,
"Espera, chamaste, mas de um feitiço
Minh ‘alma vaidosa batalhar contida;
Encantado por sua uma grande paixão,
Eu ainda permaneci arredio de ti.
Mas porquê queixar-me? Pra onde devo ir,
Os meus passos vãos e sem rumo diretos?
Seus reinos de desperdício, mas um pequeno ponto
Pode falar comigo ou mexer a Minh ‘alma:
Uma pedra minúscula, a campa gloriosa
E assombro dos sonhos de poder perdido,
Duma lembrança nua da grandeza decaída,
"Estava lá, morreu, tortura lenta a vítima,
E cá lamentamos desta perda tão grande:
Para sempre abafou a canção da tempestade,
Isso coroou-o senhor desta alma do homem.
Morreu encantado pelos filhos do alvedrio,
E derramando-lhes a sua coroa imortal.
Chora, mar, chora, derrama choros tormentosas!
As canções mais doces ele cantava para ti.
Pois na sua testa foi marcada a sua efígie,
Ele, por assim dizer, era filho de ti;
Como tu, sublime, de insondável, só;
Ó, não conquistado. não conquistado!
Sendo mundo está monótono e oco - e cá,
Para aonde, Mar, ó Mar me levarias?
Onde o homem voa, ao seu destino não mudar;
E se ele bebesse deste cálice da alegria,
A mão de algum tirano irá derrubá-la.
Mais uma vez, adeus! E eu a sua beleza,
E encantos sublimes não devem ser olvidar;
São longos, longos, trêmulos, ouvem à noite,
Desse eco do teu poderoso tal rugido.
Pra à sombra da floresta, ou pra a raso silencio,
Não preciso de pensar, salvo apenas o teu;
Vê as tuas falésias, teu brilho, teus abismos,
Onde-se ouve tuas conversas; tuas ondas por fim.

 ERIC PONTY

ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA