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segunda-feira, janeiro 20, 2020

Poemas Intersemióticos - Pinturas de Fernando Campos - 2010- Poesia Eric Ponty


Edifiquei das mãos nuas das flores,
do casario das dores, verde arado,
que do muro alto céu deste imóvel,
alertas sobre o prado tão friorento.

Estrela deste arado faz pascer,
deste remoto sonho dos adeuses,
desnudasse dos frágeis dos gerânios,
deste perdido azul deste futuro.

Queimei-me destas mãos sós destas luzes,
que desnudava em sombria suas mãos,
destas vãs cicatrizes deste fruto.

Não é do ocre, que de outro dolorido,
que se esvai no vermelho do imaturo,
silêncio seu de nunca foi ter visto.

Este prado expandisse girassóis,
incrustados das flores deste mel,
donde porá das falas do silêncio,
dos verdes sóis dos campos deste sol.

Das nuvens distantes de tão distantes,
relâmpagos aludem-se do céu,
cortando-se neste âmago da serra,
destas canções divinas desta terra.

As carroças passando no horizonte,
das estradas azuis como dos rios,
fincadas cicatrizes postas terra.

É desta fonte mais triste do prado,
luzes da escama sol deste penoso,
relva manta da frágil da senhora.


Outro do olhar que não tem de olvidar,
do que senão do inerte que se assiste,
porque desamparada há deste olhar,
na manhã frágil céu, tênue do prado.

As chuvas donde alçasse do esquecer,
enlutados estão arados à sorte,
da solidão da morte que do mito,
imersão ficou olhando do crepúsculo.

Mais intensa da chama deslembrada,
que clamasse deste alto dessas trevas,
tudo sorri dos chãos. E destas mãos.

Se reanimar da sombra imaginada,
onde da ave não há. Mas que se eleva,
outras visões virão, mas perpetuam.

Mito será então no descampado,
que de um leve acerto da imensidão,
que deste próprio arado deste espanto,
que sem voltar-se olhar onde percebe.

Inamovível cobre deste olho,
de cabelos pendentes desta tarde,
adobes muros negros dos desvelos,
destes presságios lívidos do breu.

Mito? É certo cântico do ardente
oscilando de súbito desbota,
deste obstinado rito desta cólera.

Do espesso do oceano deste pranto,
desta demente nuvem contratempo,
que das águas divinas se rebela.



É do Lácteo do prado tão sombrio,
suspira nuvem léu rio agonia,
respiração das fontes de tão entregues,
da plácida imagem dura perpétua.

Leio margem da tarde quase morta,
repassada das nuvens dos rebentos,
olhando como deusa vaga arado,
se desta tempestade meio dia.

Ave assoprada pela tempestade,
terrestre dos lamentos dos ornados,
desta essência da essência do findado.

Se inda vou colher florido do campo,
pássaro solitário réu sombrio,
brotos destes gemidos aís ardentes


Se da minha ilha não terá ventura,
está nela sozinha desta casta,
defendida invisível sensível,
que para sempre exalte ainda pura.

Olharei sem colher, formosura,
que de onde arde manhã paixão fendida,
são destes próprios corpos desta usura,
fazendo gemer glória da amargura.

Distante anunciarás dos vastos bosques,
prados das mais discretas das visões,
ausentes ficarão quiçá da sorte.

Que nem olharei mais das brisas raras,
sorte da mais formosa dos cabelos,
pascer mais feliz após a morte.


A boca que se exprime nessa face,
da manhã enunciada desta têmpora,
da fonte do céu, olvidamente breve,
pelo ensejo que apenas esboçado.

Nela respira do imaculado olho,
da carne desta nuvem de tão brada,
são dos rios aguados véus movidos,
são das brisas alentos envolvidos.

É face destes poucos deste branco,
que ofertasse desta árvore madura,
olho dormir frutas assassinadas.

Verdes folhas enunciadas dos tempos,
sedimentar no solo da cabeça,
após sair pronunciando vozes ilha.



Se pronunciar azul nem sempre é leve,
que melhor percebê-lo das ramagens,
destas fartas lembranças deste escuro,
azuis dos céus das nuvens desoladas.

Melhor será mirar das madrugadas,
que lívida d´água azul sempre matura,
claridades azuis evanescentes,
latejando nos sacros dos olhares.

Não é este movimento das dores,
teceu pétala ingênua após sonhada,
sob os seus olhares mais austeros.

É breu que oferecemos desta face,
trevas se olhar alçado deste escuro,
em folhas esboçadas neste muro.
Eric Ponty 2010

quinta-feira, janeiro 16, 2020

A tumba vozerio mares marmor campos - Eric Ponty


A semente da paz anunciasse,
trazendo-nos à luz que se vanglória,
passividade caça dos senões,
desocupados prados vagar quadros.

A luzidia manhã encanta-se árvore,
sozinha tece-se alba flores selva,
que ela não há dos pássaros voam.

Os desencantos são tais nos chegam,
densas cortinas anjos estampados,
vozerio coros choros tão pranteados.

Dessa saúde de olhos divindades,
é densa escuma, traz águas pascidas:
Ó meus virgens parques dos lamentos.

II

São vergar hinos março chegam prados,
são sob a borda cantam pelos parques,
mas, esses quem os são vestidos homens,
bela ideia que expostas pelos adros.

Rumor cinturas pobres das criaturas,
imóvel tempo sol maravilhas,
rumor profundos olhos dos caminhos,
libertando da sorte pensamento.

Quando da flama céu expõe primeva
refletir-se da hercúlea primavera,
dos desencantos ondas do poente.

Ah, mais são das quimeras que se vertem,
é mágoa justo éter pasce aos céus
embranquecidas rés das nuvens ágrafas.
  Eric Ponty



domingo, janeiro 05, 2020

Esboço da sua sombra - eric ponty


Quem você é: à noite, saia esboçar

do seu quarto, onde você sabe tudo;

até a última casa antes do distante:

quem você é.

Com seus olhos, expressam cansaço

mal se libertam do limiar desgastado,

você ergue muito devagar uma árvore negra

e assente contra o céu: esbelto, sozinho.

Foi você fez o mundo. E é enorme

e como uma palavra que amadurece em silêncio.



E como sua vontade apreende seu significado,

ternamente seus olhos o soltam ...

eric ponty

terça-feira, novembro 12, 2019

Les fleurs du mal, de Charles Baudelaire - Antonio Carlos Secchin

O desafio de traduzir na íntegra Les fleurs du mal, de Charles Baudelaire,  já foi enfrentado, no Brasil, por alguns  poetas. O pioneiro Jamil Almansur Haddad  teve sua tradução publicada em 1958. Seguiram-no Ivan Junqueira (1985) e, este ano, em lançamentos quase simultâneos, Júlio Castañon Guimarães e Eric Ponty, que é também poeta, autor de Visões de um filho do fim do século, livro  em que reverencia  grandes mestres da poesia  do final  do século  XIX  e do século   XX.  Na  condição de profundo conhecedor da arte do verso, Eric  oferece-nos  em sua As flores do mal   soluções bastante  originais, mantendo-se fiel à metrificação preponderantemente dodecassílaba de Baudelaire, sem se  ater, todavia, ao emprego sistemático da rima do texto francês.  É um privilégio para os leitores brasileiros  poder agora dispor de  quatro  tão diversas  traduções dessa obra-prima da poesia ocidental.
 
Antonio Carlos Secchin

quarta-feira, agosto 07, 2019

Burlesca=

Sábado será a estreia de "Burlesca", para trompa solo no concerto do Prelúdio 21. Escrevi para o trompista e amigo de longa data Sávio Faber a partir de uma imagem e uma poesia de outro amigo, o Eric Ponty. A poesia está publicada no livro "Menino retirante vai ao circo de Brodowski" em que o Eric escreve sobre quadros do grande Portinari. É uma peça de caráter circense, baseado na poesia/quadro "Palhacinhos na Gangorra". O concerto será no CCJF, Centro Cultural Justiça Federal, às 15:00, com entrada franca e terá obras dos amigos do Prelúdio 21: Caio Senna, José Orlando Alves, Marcos Vieira Lucas, Neder Nassaro e Pauxy Gentil-Nunes.

sábado, julho 20, 2019

A morte não terá nenhum domínio - dylan thomas


A morte não terá nenhum domínio.
Os homens nus hão de ser um só
Com o homem no vento e a lua poente;
Quando ossos caiam asseados e os ossos limpos se espalhem,
Terão estrelas no calcanhar e o pé;
Ao que ficarem loucos serão judiciosos,
Ao se fundarem no mar de novo nasceram,
Aos percam os amantes, não se invadiram do amor;
E a morte não terá seu domínio.

A morte não terá nenhum domínio.
Dos que perpetram do tempo os fez
Embaixo dédalos mar não hão padecer dentre os ventos,
Retorcidas angústias quando nervos cederem,
Atados qual as rodas não serão dilaceradas;
As fés de suas mãos, hão partisse em dois,
E farão traspassar-lhes os maus unicornes;
Desfigurados todos dentões, não estalaram.
E a morte não terá seu domínio.

A morte não terá nenhum domínio.
Já gaivotas não gritaram aos ouvidos
Nem romperam ondas sonoras nas praças;
Onde alentou-se uma flor, noutra flor talvez jamais
Ergam à cabeça aos embates da chuva;
Aos que estejam loucos e inteiramente mortos
Em suas cabeças martelarem nas margaritas;
Irromperam ao sol até sol fraqueje,
A morte não terá nenhum domínio.
Eric Ponty

sexta-feira, julho 19, 2019

Não entres docilmente nessa noite quieta - Dylan Thomas

Não entres docilmente nessa noite quieta.
A velhice deveria delirar e arder quando no crepúsculo;
Raiva, raiva, contra a agonia da luz.

Ao que os sábios ao morrer entendam que a treva é justa,
porque suas palavras não relampejaram
não entrem docilmente nessa noite quieta.

Os bons, que atrás a última inquietude chora por esse brilho
com que seus atos frágeis puderam dançar em uma Bahia verde
Raiva, raiva, contra a agonia da luz.

Os loucos que atrapalharam e cantaram ao sol em sua carreira
e aprendem, já mui tarde, que encheram de pena seu caminho
Raiva, raiva, contra a agonia da luz.
não entrem docilmente nessa noite quieta.

Os solenes, próximas a morte, que vem com face deslumbrante
quanto os olhos cegos puderam
alegrar-se e arder como meteoros
Raiva, raiva, contra a agonia da luz.

E tu meu pai, ali, em teu triste apogeu
Maldizer, bendizer, que eu agora imploro
com a veemência de tuas lágrimas.
Raiva, raiva, contra a agonia da luz.

Eric Ponty