Na montanha dourada, Apolo Musagete
Está ali de pé, tocando a lira e cantando.
O azul do céu beija tua fronte e a luz festiva
Ilumina em teus lábios um sorriso radiante.
De teu vasto sorriso, uma alegria infinita,
Ó meu filho, jorra qual uma torrente vermelha,
E te sentes de repente um gênio saltitante
Levantar-se em teu coração qual um jovem sol.
Cante a vida, ó meu filho! A vida é bela e alegre,
a vida é um presente divino! Aspire pelos olhos
a claridade que escorre! Beba a chama intensa
e suave, como o gosto de um vinho divino!
E dance em tua honra uma dança sagrada,
Dance como o vento, dance qual um raio!
Escreva com teu corpo flexível um friso dourado
Para o frontão sonhador de um futuro Panteão!
Mas que capricho obscuro cruza o teu delírio?
Por que, dançarino imberbe, cortar o teu jogo?
O quê! O queres, elevando-se até o teu sorriso claro,
Contemplar de perto o rosto do teu Deus?
Ei! Contemple-a, meu filho! Mas tenha cuidado.
Essa máscara que, vista de baixo, parecia alegre e doce,
Estremece com uma fúria terrível e lança
Olhares emplumados de lampejos rubros e ruivos.
O que achas desses olhos cheios de ódio e raiva,
Desse riso feroz e dessa fronte saliente?
E das ordens de morte que saem de tua boca amarga
E recaem sobre as costas de Marsias ou Niobe?
Vergonha para o louco cujos dedos ferem a grande Lira,
Para o poeta por quem a Feiura cantou!
Apolo o fulmina com uma gargalhada,
Embriagado pelo sangue derramado a vingar a Beleza.
Agora que conheces a face terrível.
Desça ao solo, com a alma purificada pelo fogo,
E jure, ó meu filho, com um juramento feroz,
Jure-me servir e imitar o grande Deus!
ALBERT GIRAUD - TRAD. ERIC PONTY
Nenhum comentário:
Postar um comentário