A dona Rosita Rosa
I
Este pequeno boneco azul
Que um sopro traz e leva,
Que, assim que dormes um pouco,
Arranha com a unha à tua porta,
É o meu sonho. Cheio de medo,
Ele se esgueira até a tua soleira.
Ele gostaria de entrar na tua casa
Por capricho.
Se desejas ter um capricho gentil, ágil,
E com um ar celestial,
Sob as estrelas da noite,
Meu sonho, ó bela das belas,
Combina contigo; vamos nos entender.
Ele tem seu nome em suas asas
E o meu nome em seus joelhos.
Ele é doce, alegre, nada taciturno,
Terno, fresco, banhado pelo azul.
Quanto à sua unha, ela é rosa,
E eu estou arranhado por ela.
II
Aceite-o ao teu serviço.
É um pobre sonho louco;
Mas a pobreza não é um vício.
Nenhum coração se fecha com cadeado;
Seu coração, assim qual minha alma,
Não está fechado e barricado.
Abra, então, abra, senhora,
Ao meu doce sonho fugitivo.
As horas para mim são lentas,
Pois sofro desesperado;
Ele vem pousar em sua fronte atraente
Suas asas trêmulas.
Obedecer-te será teu desejo;
Ele acariciará tua alma;
Ele acenderá em ti o fogo,
E, se puder, uma chama.
Ele fará o que lhe agrada;
Pronto para ver teus desejos nascerem;
Belo, ele será teu servo,
Até que ele seja teu mestre.
Bela Imperiosa
O amor, pânico
Da razão,
Comunica-se
Pelo arrepio.
Deixe-me dizer,
Não conceda nada.
Se eu suspiro,
Cante, está bem.
Se eu jazer triste aos seus pés
e chorar, tudo bem,
ria.
Um homem muitas
vezes parece enganador.
Mas se eu tremo, bela,
tenha medo.
VICTOR HUGO - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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