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sexta-feira, novembro 14, 2025

COURONNE OFFERTE A LA MUSE ROMAINE - VIELÉ-GRIFFIN - TRAD. ERIC PONTY

I

Que aroma ardente e puro
Embriaga tuas florestas e teus prados,
Filha, ainda altiva, de Roma,
De pé, contra seus ciprestes?

Eu, que passo, como uma sombra,
Em teu caminho aberto entre 
A fileira onde cada túmulo
Ergue a tocha de Meio dia...

Que te importa a trégua ardente
Em que teu coração se une ao verão?
No entanto, não foi assim que Dante
Imobilizou a Beleza?

II

Que descemos, bárbaros,
Das brechas do Norte,
Em direção ao mar límpido que te bloqueia,
Em vão, o acesso aos histriões,

Não te irites, Solene,
Tu, tão viva ao sabor dos teus deuses:
A tua grave Beleza imortal
Só é real nos teus olhos.

Outros passam, como o rio,
Mudando de amores e de reflexos;
A tua imagem jaze nova
Para quem a busca nestas páginas.

III

Não tenho pressa em obrigar,
Teus lábios, a um sorriso banal;
Seja tal que nos faça temê-la,
Que seu amor seja marcial.

Eu não vim, Romana,
Como peregrino predestinado
Cruzei o limiar de Domínio
Sem me preocupar em ser perdoado;

Mas, agora que olhas
Para mim, sei que é proibido;
Que é justo e bom que tu demores
Para sorrir para o pueril atordoado.

IV

O vento nos precede e nos empurra,
A poeira dos nossos passos
Os antecede, querida,
Que ri bem, mas não sorri;

Eu sou de lá, onde tilinta
Um sino de prata durante o dia,
Onde o espaço é sombreado
Pelos choupos e pelos campos arados;

Tudo te pareceria triste e pálido,
O rio, a planície e os céus:
Eu conheço lá uma coisa sem igual:
O Sorriso silencioso.

V

Devo contar-lhe toda a minha viagem,
E o caminho que me trouxe até aqui?
Quer saber sobre a minha vida, a minha idade
E as minhas alegrias e preocupações?

Quer que eu sonhe um poema,
Que eu cante tua canção?
Que eu declare que te amo,
Ou que eu te fale com razão?

Qual será a nossa língua,
A tua, a minha ou a deles?
Ou nos amaremos um ao outro
Por um perfume, um sabor!

VI

Agora que a paz nos reúne,
Só sabemos rir juntos;
A guerra é mais propícia, ao que parece,
Aos belos discursos prestigiosos.

O amor não é conhecer-se,
O ódio, sábio, sabe disso!
O amor só é alegre ao nascer,
Como o dia, e tão cedo se cansa;

A bela ciência, minha bela,
Que a do meu coração sem fé!
A ciência vã que aquela
Que me abriria a tua alma, a ti.

 VIELÉ-GRIFFIN - TRAD. ERIC PONTY

 

    ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA 

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