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sexta-feira, novembro 14, 2025

DOIS SONETOS - HENRI DE RÉGNIER – TRADUÇÃO ERIC PONTY

DEDICATÓRIA

Contínuas cantando, na argila e no barro,
Para lhe devolver para sempre a forma em que tu o vês,
Que ronda teus pensamentos e foge da tua voz,
Um fantasma furtivo que foge do teu dedo ágil.

A figura se esboça indecisa e frágil
Na terra fértil onde teus dedos a procuram,
Pois, ainda secreta e às vezes visível,
O sorriso já está na matéria vil.

Às vezes, uma deusa brota de tuas mãos frescas...
Então escavas o solo com a ponta da tua pá
Até que o bronze descubra então o bronze,

E a terra, muitas vezes, que o teu trabalho corta,
Entrega-lhe, intacto na medalha de bronze ou rústica,
Algum deus sempre jovem e há muito subterrâneo.

PUELLA

Perdoe-me, pois não tive nada a oferecer ao Amor,
Nem flores do meu Verão, nem frutos do meu Outono,
E a terra onde nasceu meu destino sem coroa
Não produziu para mim a rosa ou a espiga pesada.

As fiandeiras que faz nossas horas e nossos dias
Também não teceram, para que eu lhe desse,
A túnica fértil onde, ingênua Pomona,
A virgem sente, contudo, teus seios amadurecerem.

Não pude sequer oferecer à tua divindade
A pomba da minha nudez insignificante,
Pois minha carne sem penugem não teria aquecido tua mão.

Amor! Estenda-a pelo menos à frágil moeda
E pegue esta medalha onde, com perfil infantil,
Meu rosto ansioso sorri na superfície da argila.

 HENRI DE RÉGNIER – TRADUÇÃO ERIC PONTY

 

    ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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