Pesquisar este blog

sexta-feira, outubro 24, 2025

TROPHÉES - JOSÉ-MARIA DE HEREDIA-TRAD. ERIC PONTY

 ESQUECIMENTO


As ruínas do Templo se espalham por todo o pontal,
Em cujas alturas de bronze heróis de bronze minguam,
Com deusas de mármore, de cuja glória é vã 
A grama tênia abriga ternamente da vista.

Somente às vezes um pastor descuidado, que,
Levando seu rebanho a beber, canta uma velha 
cepa que nós inundamos os céus até o fundo,
Mostra forma escura contra o azul sem limites.

A Terra, doce mãe dos Deuses de outrora, 
Na primavera, vã e eloquentemente tece 
Em torno desta capital de folhas de acanto;

Mas o homem, não mais assisado por sonhos antigos,
Ouve sem tremor, nos imos da meia-noite,
O mar em luto, por tuas sirenes perdidas, chorar.

Neméia


DESDE QUE o domador solitário na floresta sombria 
ousou procurar cada rastro assustador, 
rugidos retumbantes contaram o abraço feroz.
Agora o sol se põe, e o silêncio embala os ouvidos.

O pastor em direção a Tirynthus foge com medo 
Pelo meio de arbustos, e freios com passo célere, 
E vê, olhos esbugalhados do lugar de tuas órbitas, 
O monstro fulvo na borda dessa floresta atrás.

Ele grita. Ele viu o terrível terror de Neméia, 
Contra o céu vermelho-sangue teu maxilar armado,
Com a crina desgrenhada e as presas malignas.

Pois então o crepúsculo misterioso se aproxima, 
Grande Hércules, em torno dele a pele flutuante,
Homem mexido com fera, cresce um herói admirável.

STYMPHALUS


Em toda parte, à sua frente, milhares de pássaros,
Da margem lamacenta onde o herói corre,
Voaram, como uma súbita rajada,
Sobre o lago sombrio, cujas águas banhavam.


Outros, de um voo mais baixo, cruzaram redes negras,
Roçaram a fronte beijada pelos lábios de Opala,
Quando, ajustando a flecha triunfal ao nervo,
Arqueiros soberbos, pisam pelos pântanos.

Daí em diante, com flechas cravadas, 
Com nuvem receosa derrama um dilúvio horrendo, 
Aos gritos gritantes, raiados ardentes de levina chacina.

Por fim, o Sol vê, por meio da espessa nuvem, 
as aberturas feitas pelas hastes de Hércules,
O herói lavado de sangue sorrindo para o céu.

JOSÉ-MARIA DE HEREDIATRAD. ERIC PONTY

 

   ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

Nenhum comentário: