Cantarei para ti com novas cordas,
ó pequena canção, que tocas
nesta solidão do teu coração.
Envolve-te em grinaldas,
ó mulher delicada, por meio
da qual pecados são expiados!
Como benfeitor Lete,
gostaria de atrair beijos de ti,
que estás imbuída de magnetismo.
Quando a tempestade dos vícios
moveu todas as passagens,
Tu apareceste, ó Divindade,
Como uma estrela salvadora
nos naufrágios do amor...
Penderei o meu peito nas tuas asas!
Piscina cheia desta virtude,
Fonte da eterna juventude,
dá voz aos lábios dos mudos!
O que era imundo, queimaste-o;
O que era bruto, refinou-o;
O que era frouxo, fortaleceu-o.
Na fome, a minha taberna,
na noite, a minha lamparina,
guia-me sempre impecável.
Agora majora à força,
doce banho com os doces
dos aromas de pomadas!
Enrola a mica na minha cintura,
ó peitoral da castidade,
tingido de água seráfica;
Tigela a brilhar com valiosas,
pão salgado, carne macia,
vinho divinal, Francisca!
Charles Baudelaire - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
Nenhum comentário:
Postar um comentário