A Centaura
Na outrora, por bosques, rochas, riachos e vales
Vagueava o brioso rebanho dos incontáveis centauros;
Em teus flancos, o sol brincava com a sombra,
Eles baralhavam crinas negras com nossos cabelos loiros.
O verão floresce a grama em vão. Nós a pisamos
Sozinhos. Cerrado rasteira abarca a toca deixada;
E às vezes eu me encontro, na noite quente e escura,
Tremendo com o convocado distante dos garanhões.
Pois a raça diminuía dia a dia na margem,
Dos filhos prodigiosos gerados pela Nuvem,
Abandona-nos, acossa a Mulher sã que peca.
É que o amor, mesmo pelos brutos, nos arrebata;
O grito que nos arranca é um relincho de um eco,
E teu desejo apenas nos abraça; não nos desata.
Centauros e Lapitas
A multidão nupcial corre para o banquete,
Centauros e guerreiros ébrios, ousados e belos;
E a carne heroica, no reflexo das tochas,
Mistura-se com velo ardente dos filhos da Nuvem.
Risos, tumulto... Um grito! A Noiva poluída,
Premida por um peito negro, sob a púrpura esfarrapada,
Luta, e os anéis de bronze com choque dos cascos,
E a mesa desaba com as vaias vindas quais ecos.
Então, aquele para quem o mais alto é um anão,
se levanta. Em seu crânio, um focinho leonino
com garras e crinas douradas. É Hércules.
E de uma ponta a outra da enorme sala,
Domados pelo terrível olho onde a raiva ferve,
O rebanho monstruoso recua, se serve.
Fuga do centauro
Eles fogem, ébrios de homicídio e rebelião,
Para a montanha íngreme que protege teu retiro;
O medo os apressa, sentindo a morte pronta
E sentem o cheiro do leão no crepúsculo.
Eles se cruzam, pisando em hidras e estelionato,
Ravinas, torrentes, cabrestos, imparáveis;
E já, no céu, ergue-se ao longe a crista
De Ossa, Olimpo ou o negro Pelion.
Às vezes, um dos membros em fuga da manada feroz
De repente se levanta, se vira, olha, e se ergue,
E em um único salto se junta ao gado fraterno;
Pois ele viu a lua cheia e deslumbrante
Deitada atrás deles, espantalho supremo,
O horror gigantesco da sombra hercúlea.
O nascimento de Afrodite
Antes de tudo, o Caos envolvia os mundos
Onde o Espaço e o Tempo rolavam sem medida;
Então Gaia, favorável a seus filhos, os Titãs,
Dar seu grande ventre com teus seios frutíferos.
Eles caíram. O Styx os cobriu com tuas ondas.
E nunca, sob o éter do relâmpago, a primavera
Brilhado os sóis brilhantes,
Nem o generoso verão madurou as belas colheitas.
Ferozes, ignorantes do riso e dos jogos,
Os Imortais sentavam-se no Olimpo nevado.
Mas o céu fez chover o orvalho viril;
O oceano se abriu, e em tua nudez
Radiante, emergindo da espuma ardente.
No sangue de Ouranos floresceu Afrodite.
José-Maria de Heredia - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
Nenhum comentário:
Postar um comentário