É para ir até te, dorminhoca secular,
Que jaz aí melhor no fundo de covas secretas
Que cingi minhas pernas e lombos com couro
E o sol forte bateu em minha pele pálida.
O estorvo das brenhas desviou tua raiva,
A espuma ocultou de mim horizontes do mar,
O vale dos ardis, gordo com sangue dos andantes,
Abreviei passos recém-criados qual medo apressa!
Estava tão longe e além das noites, tão longe!
O castelo de mistério onde dormia o doce acurado
Que fez minha vida vagar, infeliz e vagabunda.
Que, à noite, caído sem forças, de joelhos,
Eu gritei para ouvir na floresta profunda
Batendo cascos vivos com chifres e roedores!
II
O fluxo de cabelos pesados é qual um rio negro
Sob um céu sem estrelas, sem noite caldaica.
E o pastor que ronda sozinho entre as noites
Sem saber que destino guarda tua aflição.
A triste carne que foge do abraço e do espelho
Parece ter medo de oferecer, estéril e nua,
Tua mentira aos olhos ávidos por vê-la
E treme por estar nua às mãos que a faceiraram.
Esse amor, que era um orgulho para ser sorrido
Está morto, e o velho sonho aberto para o império
De uma terra de pavões azuis, flores e florestas!
Um arrepio mútuo percorre nosso pânico
Para quem a sombra crescente dos ciprestes
Sinaliza a água do olvido do fatídico Letres!
HENRI DE RÉGNIER.- .- TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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