Inhorruit unda tenebris
VIRGILE
I
Aurora vã! Se lágrimas velam um sorriso,
São presságios das nossas fugas de alegrias?
Olhos de outra pessoa veriam seguir jogo de cerdas?
Em breves arrepios ao longo das paredes de pórfiro?
Mas nenhum gesto que o amanhecer ainda não reflita
No fantástico disperso que tu exibi
Ou, verbo, não se grave em hinos, jovens presas
A promulgar: nada é, a não ser escrever.
Uma névoa envelhecida agoniza no pilar,
E lá se esgota a voz rouca de angústia sufocante
Para se sentir surgindo diante das ofensas atrelar.
Nos portos dourados de outrora, onde se curvava
Corinto Nenhum efebo navega em votos de alma nova
Rumo às pelagens selvagens que a aurora revela.
II
Ó Pastor, se com dedos frágeis alisas
A malsana lã noturna das ovelhas,
Oh! É um sorriso que cintila como mil rubis
Cuja aurora se estrela, e delícias lânguidas.
No entanto, a sombra. A noite torna as melissas mais pesadas.
Hora dos aromas, ninguém sabe se sofres de angústia,
o feixe de angústia onde estão, preparados,
As espadas afiadas de um ardil onde tu enfraqueces.
Ainda a sombra, e que alvorecer teria explicado o céu negro?
A sombra: sob a colina está a floresta, ameaça
Feitiços prontos para destruir a esperança.
Na escuridão, onde o horror persistente se agita
Da alma que foi Tu, pastor loiro, aos rumores
Espalhadas pelos arbustos da Noite, assim morre.
III
O gelo: viver livre na ira do inverno,
Rumor que se reflete no vidro da manhã,
Onde, talvez, vibra efémera a élitro a ir,
De tal voo ou de sopro espesso de menu - vair.
O céu cinzento se abriu! Para si mesmo semiaberto:
Não é verdade que uma mitra flui pela fronte sombria?
Não! Nobreza senil onde ninguém foge a um título
A mentir menos vil do que rasteja o verme.
A hora segue a hora, nenhuma é única:
Semelhante a si mesma, eis que vem aquele que a envolve
Para nascer de súbito dela e morrer abruptamente.
Um cardo azul, nem mesmo, no sudário,
nem cirse oferecendo, sonho anódino e desdém do jardim,
Não fosse um espinho para formar um tirso.
IV
Medroso, um bronze vermelho sufoca na viburnum,
O sombrio soluço da sombra de onde a Única escuta,
Montar um luto de angústia nas rochas negras da estrada,
De uma bombarde grave ou de um morne cromorne.
Mas do grave cromorno à triste bombarde
O furacão só bebeu o sangue da minha dúvida;
Estás tu, de pé, a Morte que o dedo na abóbada
A meu medo suscita um voo do Unicórnio?
A Esperança! Já não há mais aquelas cujas corolas escuras
Abrindo um fogo de êxtase à aurora dos nossos olhos,
E até o teu sorriso é de um ouro preocupado;
A esperança fumegante e vaga, pesado monte de ruínas
Exala-se nos céus da noite em sopros obscuros,
E a silva cresce sozinha à sombra das velhas paredes.
V
Rade com os futuros arrepios dos oceanos de auroras,
Será isso o reflexo de um crepúsculo distante?
Que naves coroadas com o teu azul astral
Aterrarão nos cais dos teus jardins sonoros?
Cidade, ó Tu, do triunfo e das flores, que decoras
De alegria, com a tua multidão em festa, um litoral
Onde padres sem pompa e sem luto augural
Desviam-se de beber em ânforas impuras:
Mantenha o orgulho de viver e o orgulho no amor
E a doçura vibrante de um sonho casto.
Orgulho ingênuo, com os olhos voltados para o mar, na torre,
Vigília, mastros de sombra vagueiam pelo vasto mar;
Vento do mar, ameaça sombria aos jardins claros,
Teme a nuvem bruno de tempestade e relâmpagos.
ANDRÉ FONTAINAS-TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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