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domingo, outubro 26, 2025

Les Conquérants de l’Or - II - José-Maria de Heredia - Trad. Eric Ponty

 Dois anos haviam se passado, quando um soldado abstruso
Que desde então foi nomeado marquês por sua conquista,
François Pizarre, ousou fazer o pedido
Para armar um galeão para navegar além de
Puerto Pinas. Então Pedrarias d'Avila
o fez entender que, naquele momento
Não era sensato tentar a aventura
E seus perigos sem número ou lucro; além disso,
Que não lhe agradava ver que os melhores
De todos os seus homens de guerra, em aventuras tolas,
Prodigalizavam o sangue das veias espanholas,
E que ninguém antes dele, dentre tantos cavaleiros,
Tinha triunfado sobre os mangues
Que nestas costas cruzam seus nós inextricáveis;
Que, tendo a tempestade despedaçado estaleiros e cabos
Em vão se aventuraram em seus navios,
Voltaram moribundos e desamparados,
E ainda muito felizes por terem salvado suas vidas.

Mas esse conselho só serviu para aguçar seu apetite.
Foi assim que Diego d'Almagro, por contrato,
tendo reunido suas riquezas e suas armas,
E Dom Fernão de Luque tendo fornecido as somas,
No ano de mil quinhentos e vinte e quatro, com cem homens,
Pizarro, o primeiro, em uma manhã nebulosa
De novembro, montando um mau brigue,
Fez-se ao mar e lançou toda a sua lona ao vento,
Confiou prontamente em seu fadário da sorte.

Mas, a princípio, tudo parecia desmentir sua esperança.
O vento tornou-se tempestuoso, e até o céu negro
O mar terrível, inchando suas ondas escuras,
esmagou as vigias, quebrou os mastros e a âncora,
e deixou o triste navio tão esfarrapado quanto uma jangada.
Enfim, após dez dias de angústia, com falta de água
E comida, com sua tripulação muito cansada,
Pizarro desembarcou em uma costa baixa.

Na borda, os mangues formavam uma longa treliça;
Mais acima, um bosque impenetrável e esplêndido
De lianas floridas e trepadeiras,
A margem do rio subia em suaves declives
Em direção à distante e escura linha das florestas.
E esse país não era nada além de um vasto pântano.


Estava chovendo. Os soldados ficaram convulsos
Com o assédio venenoso dos mosquitos
Que escureciam o céu com enxames zumbindo,
Pisam com horror nesses baixios insalubres,
Novos répteis e insetos estranhos,
Ou viram surgir lagoas vis,
Em suas barrigas escamadas envolvendo um pé retorcido,
Esses lagartos monstruosos que chamamos de jacarés.
E quando a noite chegava, na terra encharcada,
Em suas capas, ao lado da espada inútil,
Quando se deitavam sem nada para comer
Do que raiz amarga ou pimenta rubra,
Sobre o grupo adormecido desses buscadores de império
Flutuava, crepe vivo, o voo suave dos vampiros,
E aqueles que eles marcavam com seus beijos peludos
Dormiam tão fortemente que não acordavam mais.

É por isso que os soldados, pela força e pela oração,
Forçaram seu líder a voltar atrás,
E, apesar de si mesmo, dando um adeus eterno
Ao triste arraial do porto de Saint-Mathieu,
Pizarre, pelo mar recém-aberto,
Com Bartolomé seguindo a descoberta,
Em um único brigantino de calado raso
Voltou a navegar, passando por Punta de Pasado,
O bom piloto Ruiz teve uma sorte notável,
O primeiro dos aratus a cruzar a linha
E progredir mais para o sul no mundo ocidental.

A costa se apartou, e as árvores de sândalo
exalavam sua brisa perfumada sobre o mar.
Uma leve fumaça subia de todos os lados,
E os alegres marinheiros, encostados nas cobertas,
viam os rios brilharem em fitas tortuosas
Pelo campo e ao longo das praias
Fugindo dos campos cultivados e caindo pelas aldeias.

Depois, abraçaram a costa mais de perto,
Para seus olhos atônitos, as florestas surgiram.

Ao pé dos vulcões mortos, sob a zona de cinzas,
O ebenier, o gayac e os palissandres duros,
Até os limites azuis dos últimos horizontes
Rolando a corrente escura da folhagem verde,
Variada em folhagem e variada em essência.


Espalhando brio de sua magnificência;
E de norte a sul, de leste a oeste,
Cobrindo toda a costa e todo o continente,
Onde quer que os olhos pudessem alcançar, os galhos
Continuavam com um murmúrio eterno
Como o som dos mares. Sozinho, nessa moldura negra
Brilhava um lago, um espelho imóvel
Onde o sol, mergulhando no meio dessa sombra,
Fez um grande buraco dourado na vegetação escura.

José-Maria de Heredia - Trad. Eric Ponty

 

    ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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