Janeiro voltou. Não tema, nobre mulher!
Não se importe com o ano que está passando
e com aqueles que passarão!
Meu amor sempre jovem está florescendo em minha alma;
Sua beleza sempre jovem está em flor em sua fronte.
Seja sempre séria e gentil, ó tu que eu idolatro;
Que tua humilde auréola deslumbres os olhos!
Qual leite puro alastrado em um vaso de alabastro,
Encha seu peito religioso de dignidade.
Resista à passagem do tempo. Tua beleza o protege.
Enfrente o inverno. Logo maio estará de volta.
Deus, para apagar a idade e derreter a neve,
nos devolverás a primavera e nos deixarás o amor.
1º de janeiro de 1842.
Eu estava contando uma história
Para quatro ou cinco crianças, um público seleto,
E eu estava, eu acho, no seguinte ponto:
"... Em um momento em que Deus estava de costas, o diabo
Entrou, silencioso e amigável,
Como muitas vezes faz, por trás do bom Deus;
Ele cortou um pedaço de tecido azul do céu,
E, para ocultar o buraco, colocou uma nuvem sobre ele... "
Jeanne me interrompeu. - Vamos, Jeanne, comporte-se,
disse George, interessado no demônio e em Deus;
Estamos ouvindo, fique quieta. - Jeanne não se incomodou com isso.
- Pensei que o céu fosse feito de seda", disse ela.
Eu o amo, com seus olhos cândidos e seu ar masculino,
Seu lenço siamês e seu pescoço bronzeado,
Com seu riso e sua alegria,
Entre a Liberdade, rainha dos olhos orgulhosos,
E a Fraternidade, doce anjo abrindo suas asas,
Minha igualdade camponesa!
Todos os homens são homens; e não mais do que os céus
A lei não tem margens;
Minha liberdade sombria sente o peso anômalo
De toda servidão.
Com cada prisioneiro eu me sinto encerrado;
Suas correntes são nossas;
Guerra contra os reis! Libertação! Um povo oprimido
Oprime todos os outros.
A estação está amainando,
As sombras se tornam mais longas,
do azul se desvanece,
O vento se refresca na colina,
O pássaro treme, a grama está fria.
Agosto luta contra setembro;
O oceano não tem mais ancião;
Cada dia perde um minuto,
Cada amanhecer lamenta um raio.
A mosca, como se estivesse presa,
Está imóvel em meu teto;
E como um floco de neve branco,
Pouco a pouco, o verão se derrete.
VICTOR HUGO - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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