CHARLES PIERRE BAUDELAIRE (1821-1867), poeta francês, que antes de saber escrever, Charles Baudelaire já ouvia coisas que os outros pareciam não ouvir. Não eram vozes nem visões, mas uma espécie de vibração triste no ar, algo semelhante ao murmúrio de uma igreja vazia ou ao ruído da água ao escorrer por baixo de uma pedra. Ele nasceu em Paris em 9 de abril 1821, quando a França tentava sustentar as suas feridas com uma frágil ideia de ordem, e desde o início o seu lugar no mundo era desconfortável. O seu pai tinha mais de sessenta anos, o dobro da idade da sua mãe, que mal passava dos vinte e cinco. Era um homem culto, amante da pintura, dos livros e das conversas lentas. Quando faleceu em 1827, Charles tinha cinco anos, e esse vazio nunca foi preenchido. A infância ficou marcada por essa primeira perda, que ele não compreendia, mas que já sentia como uma fenda interna, um lugar frio dentro dele aonde as palavras não chegavam. A sua mãe, Caroline, era uma mulher bonita, sensível, mas presa ao seu tempo: acreditava que o melhor seria casar-se novamente em breve. Fê-lo com o comandante Jacques Aupick, um militar correto, católico, rígido. Baudelaire cresceu com a sensação de que tinha sido afastado do centro da sua própria história. Ninguém ouvia os seus pensamentos, mas ele já começava a construir o seu mundo interior com a obstinação de quem se sabe exilado da normalidade. O novo marido da sua mãe tentou educá-lo como se educa um soldado, mas Charles não tinha vocação para obedecer. Em vez de repetir máximas morais ou aprender condecorações militares, lia secretamente os românticos e sentia que a tristeza tinha algo de nobre, algo de sentido.
Baudelaire foi educado em Lyon e no Collège Louis-le Grand, em Paris. Ao obter o seu diploma em 1839, decidiu seguir a carreira literária e, durante os dois anos seguintes, levou uma vida muito irregular, o que levou os seus tutores, em 1841, a enviá-lo numa viagem à Índia. Quando regressou a Paris, após menos de um ano de ausência, já era maior de idade; mas em um ou dois anos a sua extravagância ameaçou esgotar o seu pequeno património, e a sua família obteve uma sentença para botar os seus bens em custódia. Os seus salões de 1845 e 1846 atraíram atenção chegada pela ousadia com que propôs muitas visões então inovadoras, mas desde então geralmente aceites. Participou com os revolucionários em 1848 e, durante alguns anos, interessou-se pela política republicana, mas as suas convicções firmes eram aristocráticas e católicas.
FONTE DE PESQUISA:
Arthur Symons Charles Baudelaire: A Study (English Edition) HardPress 8 maio 2024 eBook Kindle
Eugène Crépet Baudelaire: Etude Biographique (French Edition) - 10 julho 2015 - eBook Kindle
F.W.J. Hemmings - Baudelaire the Damned - Bloomsbury Reader - 28 setembro 2011 eBook Kindle
Zir Alessandro (Org.) Charles Baudelaire Ensaios Críticos Clássicos & Influência na Poesia Brasileira A/Z, Land of the Southern Lapwing eBook Kindle
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Clássicos seguem vivos quando ganham novos olhares.
Publicada em 1857, a obra poética As Flores do Mal, do escritor francês Charles Baudelaire, chega agora em nova tradução para o português, realizada pelo querido escritor são-joanense Eric Ponty.
O livro é um convite à reflexão sobre a beleza e a feiura, o vício e a decadência, o tédio, a cidade, a memória e o desejo, temas que continuam nos convocando à reflexão no século XXI.
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