I
Esta noite o meu coração canta
anjos que se lembram...
Uma voz, quase a minha,
por excesso de silêncio tentada,
sobe e decide-se
para nunca mais voltar;
terno e intrépido,
A que se vai unir?
II
LÂMPADA da noite, minha confidente tranquila,
o meu coração não está revelado a ti;
(talvez nos perderíamos), mas a sua afeição
O lado sul é suave fulgurado.
É você novo, ó lâmpada do estudante,
que deseja que o leitor, de vez em quando,
para, surpreendido, e incomoda-se
no seu livro, olhando para ti.
(E a tua simplicidade extingue um Anjo.)
III
FICA tranquilo, se de repente
O Anjo à tua mesa decide-se;
amenamente apaga as pequenas rugas
que faz o pano debaixo do teu pão.
Tu oferecerás a tua comida dura,
para que ele também possa provar,
e que ele levanta aos lábios puros
um simples copo para o dia a dia.
IV
COMO trataram as flores?
confidências estranhas,
para que esta delicada sensatez
nos diga o peso do ardor.
Os astros estão todos confusos
que às nossas tristezas se misturam.
E do mais forte ao mais frágil
ninguém aguenta mais
o nosso humor variável,
as nossas revoltas, os nossos gritos...
exceto a incansável mesa
e a cama (mesa desmontada).
Rainer Maria Rilke - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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