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quarta-feira, agosto 13, 2025

HEINRICH HEINE - TRAD.ERIC PONTY

 Prólogo

Era uma vez um cavaleiro, triste e mudo, 
Com amuras encovadas e cândidas qual a neve;
Ele tropeçava e vagava trêmulo,
 Preso em teus sonhos sombrios.

Ele era tão rígido, tão desajeitado, tão atrapalhado,
Que as flores e as donzelas riam ao teu redor,
Quando ele passava tropeçando.
Muitas vezes sentava-se no canto mais escuro da casa; 

Ele se ocultava das pessoas. 
Lá, tendia os braços com saudade, 
Mas não dizia uma palavra. 
Mas quando chegava à meia-noite;
Abria um canto e um som estranhos.

— Ele ouvia bater à porta.
Então entrava a tua amada, 
furtiva, pronta com vestido espuma de ondas.
Ela medra e faísca qual rosinha, o teu véu é uma joia briosa.

Cachos dourados emolduram a tua figura esguia, 
os teus olhos felicitam com doce intensidade —
Ambos caem nos braços um do outro.
O cavaleiro envolve-a com o poder do amor

O lenhador está agora em chamas,
O pálido cora, o sonhador desperta, 
O tolo torna-se cada vez mais livre.
Mas ela, provocou-o de uma forma maliciosa;

Cobriu-lhe a cabeça bem baixinho com véu alvo e intenso.
De repente, o cavaleiro é conduzido para um burgo de cristal.
Ele fica exalado, e os teus olhos quase cegam 
com todo o brilho e o fasto.

Mas a ninfa o abraça com ternura, 
O cavaleiro é o noivo, a ninfa é a noiva; 
As suas donzelas tocam a cítara.
Elas tocam e cantam, e cantam tão bem;

 E erguem os pés para dançar;
O cavaleiro está prestes a perder os sentidos 
e abraça com mais força a sua amada.
 E ele abraça a doçura com mais força.

De repente, as luzes se apagam,
O cavaleiro se senta sozinho em casa antes,
Na sala de estar do poeta sombrio.

I
No belo mês de maio, 
Quando todos os botões desabavam,
Lá, no meu peito O amor floresceu.

No belo mês de maio, 
Quando todos os pássaros cantavam,
Eu confessei-lhe o meu desejo e anseio.

II
Das minhas lágrimas brotam
Muitas flores desabrocham, 
E os meus suspiros se transformam
Num coro de rouxinóis.

E se tu me amas, criança 
Eu te dou todas as flores,
E diante da tua janela soará 
A canção do rouxinol.

 

 III
A rosa, o lírio, a pomba, o sol,
 Eu amei tudo isso em êxtase amoroso.
Eu não a amo mais, eu amo sozinho 
A pequena, a meiga, a pura, a única; 

Ela mesma, fonte de todo o amor,
É rosa e lírio, pomba e sol.

 

IV
Quando olho nos teus olhos,
Todo o meu sofrimento e dor ofuscar-se; 
Mas quando beijo a tua boca, 
Fico completamente curado.

Quando me encosto ao teu peito, 
sinto-me como se estivesse no céu; 
mas quando dizes: «Amo-te!», 
tenho de lhe chorar acre. 

HEINRICH HEINE - TRAD.ERIC PONTY

  

    ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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