A AUGUSTUS WILLIAM VON SCHLEGEL.
O pior dos vermes: os axiomas afiados da dúvida —
O pior dos venenos: desconfiar do próprio poder —
Isso lutou para devorar a essência da minha vida;
Eu era uma linguagem cujos adereços foram carpidos.
Tu tiveste piedade do pobre rebento naquela hora triste,
E maldito seja o que as tuas palavras gentis escalam;
A ti, grande Mestre, devo minha sincera gratidão,
Deve o fraco florescer alguma vez?
Ainda observamos enquanto cresce em passo acelerado,
Que qual uma árvore, o jardim possa embelezar
Daquela bela fada, cujo filho favorito tu eras.
A minha samaritana usava aquele jardim para afirmar
Que um estranho som, surpreendente doce, habita,
Cada flor pode falar, cada árvore ressoa com música.
AO MESMO.
Não satisfeito com os teus bens,
Roubaste o belo tesouro dos Nibelungos do Reno,
Os magníficos coevos das margens longe do Tamisa ocultam, —
As flores do Tejo foram prontamente colhidas por ti,
Fizeste o Tibre revelar muitas joias,
O Sena prestou homenagem à tua indústria,
Tu perfuraste até o santuário de Brama,
Pérolas do Ganges absorvendo o teu zelo.
Homem ganancioso, peço-te que te contentes
Com aquilo que raramente é concedido ao homem;
Em vez de adicionar mais, prepare-se para gastar!
E com os erários que tu com tanta facilidade
Do Norte e do Sul, habituado a capturar,
Enriqueça o estudioso e o herdeiro alegre.
AO CONSELHEIRO GEORGE S ——, DE GOTTINGEN.
Embora a conduta seja cogente, orgulhoso,
No entanto, a amabilidade ainda pode brincar nos lábios;
Embora os olhos brilhem e todos os músculos se comovam,
Mas que a voz seja dotada de calma.
Assim estás na tribuna, quando em voz alta
Tu falas de governos e da aptidão
Dos gabinetes e da vontade do povo,
Das longas lutas e fins confessos da Alemanha.
Nunca a tua imagem será extinta da minha mente!
Em tempos de amor-próprio bárbaro quais estes,
Duma imagem tão grandiosa pode agradar tanto!
O que tu, com paternal afeição e amabilidade,
Falaste ao meu peito, enquanto as horas caíam veloz,
No fundo do meu peito, ainda guardo firmemente.
A J. B. ROUSSEAU.
As tuas saudações amigáveis abrem-me o peito,
E as câmaras escuras do meu coração se abrem;
As visões do lar recebem-me qual estrela esplêndida,
E pinhões mágicos abanam-me para que eu serene.
Mais uma vez o Reno corre por mim, na sua crista
Das águas se erguem e refletem-se castelos;
Nas colinas cobertas de videiras, cachos sapés cintilam ao longe,
Os viticultores trepam, enquanto os rebentos bentos brotam.
Se ao menos pudesse ver-te, meu mais certo amigo,
Quem ainda se liga a mim, como se agarra a mim,
A hera verde em torno de uma parede em ruínas!
Se eu pudesse estar contigo e ouvir a tua canção
Em silêncio, ouves enquanto o pisco canta,
E as águas do Reno fluem amenamente!
HEINRICH HEINE - TRAD.ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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