O PALÁCIO ASSOMBRADO (1838)
No mais verde dos nossos vales
Habitado por bons anjos,
Outrora um palácio imponente e majestoso —
Palácio radiante — ergueu a tua cabeça.
No domínio do pensamento monárquico —
Ele estava ali!
Nunca um serafim abriu as asas
Sobre tecido meio tão bonito.
Bandeiras amarelas, gloriosas, douradas,
No teu telhado flutuava e fluía,
(Isto — tudo isto — era nos tempos antigos
Há muito tempo,)
E cada brisa suave que passeava,
Naquele dia doce,
Ao longo das muralhas emplumadas e pálidas,
Um odor alado desapareceu.
Vagabundos naquele vale feliz,
Por meio de duas janelas luminosas, vi
Espíritos movendo-se musicalmente,
Ao som bem afinado de um alaúde,
Em torno de um trono onde, sentado
(Porfirogênico)
Em estado condizente com a tua glória,
O governante do reino foi visto.
E tudo com pérolas e rubis brilhantes
Era a porta do belo palácio,
Pelo meio do qual fluía, fluía, fluía,
E brilhando para sempre,
Um grupo de Ecos, cujo doce dever
Era apenas cantar,
Com vozes de beleza incomparável,
A sagacidade e sabedoria do teu rei.
Mas coisas más, vestidas de tristeza,
Assaltou o alto estatuto do monarca.
(Ah, vamos lamentar! — pois nunca a tristeza
Que alva se abata sobre ele, desolador!)
E ao redor da tua casa, a glória
Que corou e floresceu,
É apenas uma história indefinidamente lembrada
Do tempo antigo enterrado.
E os viajantes, agora, dentro daquele vale,
Pelo meio das janelas iluminadas de vermelho, vejo
Formas vastas, que se movem delirante
Ao som de uma melodia dissonante,
Enquanto, como um rio célere e temível,
Pelo meio da porta pálida
Uma multidão horrível corre para sempre
E ria — mas não sorria mais.
1838.
O Vale da Agitação (1831)
Outrora sorria um vale silencioso
Onde não habitava ninguém;
Eles tinham ido para a guerra,
Confiando nas estrelas de olhar suave,
Todas as noites, das suas torres azuis,
Para vigiar as flores,
No meio de tudo isso, o dia inteiro
A luz rubra do sol repousava indolente.
Agora, cada visitante deve confessar
A brasa do vale triste.
Nada ali está imóvel —
Nada além dos ares que pairam
Sobre a solidão mágica.
Ah, nenhuma brisa agita aquelas árvores
Que palpitam como os mares frios
Ao redor das nebulosas Hébridas!
Ah, sem vento essas nuvens são travessas
Aquele farfalhar pelo meio do céu inquieto
Inquieto, desde a manhã até o fim da tarde,
Sobre as violetas que ali jazem
Nos inúmeros tipos de olhos humanos —
Sobre os lírios que ondulam
E chorar sobre uma campa sem nome!
Eles acenam: — de cima das suas copas aromais
O orvalho eterno cai em gotas.
Eles choram: — dos teus meigos caules
Lamúrias perenes descem em pedras preciosas.
1831.
Edgar Allan Poe - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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