Pesquisar este blog

sábado, agosto 30, 2025

Canção Suave - Poema Belga - FERNAND SEVERIN - Trad. Eric Ponty

 "Um sopro soprou; no lustre se apagou:
À noite, azulada e tépida, entra com tua languidez.
Um canto de ave distante, triste qual um lamento,
Que surge, às vezes, na paz de meu coração.

Como é bom estar no mundo! E amar! E ouvir
Uma confissão roubada responder às tuas confissões...
Coroei tua testa com uma frágil e terna faixa;
As lágrimas da noite tremem em teus cabelos.

Aproxime-se... O amor tem essas palavras supremas
Que não são envoltas a menos que sejam ditas suaves.
Veja, minha querida filha, eu sei que tu me amas,
Mas minha alma, sem elas, não sentiria isso.

Mais perto, mais perto de mim! Tudo ainda nos afasta!
Que um suspiro, respiração, um arrepio menos discreto
Me dê essa confissão que as palavras ignoram:
Só será tão doce ao preço de tal segredo.

Ó minha filha! Os mortos que dormem sob a terra
Perderam tudo, sem dúvida, com o surgimento do dia...
Mas nada aflige tanto teu sonho ermo
Do que o alvitre desse momento de amor.

Eu amo-a... Nesta noite, clara com opalas,
Onde a lua nasceu tão só, e tão trêmula,
As flores que matam, lindas e pálidas.
Emaranhar em tua cabeça com flores que o fazem sonhar.

Achamos que estamos unidos, e o amor tem asas!
Oh, fale, fale outra vez! Deixe-me ouvir tua voz,
Vaga, alada, infantil, onde as vogais cantam,
Morrendo no ar noturno dum som de oboé distante.

Prolongue tua doce ressonância para sempre!
Foi teu coração que soou naquele timbre dourado e fresco.
Vá dormir.... Eu ouvirei o canto no silêncio.
Todas aquelas confissões advindas, cujo eco ainda vibra.

... Um sopro soprou; a lâmpada se apagou:
À noite, azulada e tépida, entra com tua languidez.
Um canto de pássaro distante, triste qual um lamento,
Surge, às vezes, na paz de meu coração.

FERNAND SEVERIN - TRAD. ERIC PONTY

 

  ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

Nenhum comentário: