PENSAMENTOS NA SEPARAÇÃO
Nunca nós achamos; mas nos deparamos todos os dias
Sobre aquelas colinas da vida, sombrias e imensas —
O bem que amamos, e o sono, a nossa inocência.
Ó colinas da vida, colinas altas! E, mais altas do que elas,
Os nossos peitos guardiões reúnem-se em oração e enigmas.
Além da dor, da alegria, da espera e do longo suspense,
Acima dos cumes das nossas almas, longe daqui,
Um anjo descobre outro anjo no caminho.
Além de tudo o que eu sempre acreditei de bom em ti,
Ou tu de mim, estes sempre amam e vivem.
E embora eu não retribua ao teu ideal de mim,
O meu anjo não falha. Eles cumprimentam-se.
Quem sabe, eles podem trocar o beijo que damos,
Tu para o teu crucifixo, eu para a minha mãe.
O JARDIM
O meu coração será o teu jardim. Vem, meu amor,
Para o teu jardim; sejam felizes as tuas horas
Entre os meus adágios mais belos, as minhas flores mais altas,
Da raiz à pétala mais alta, só tua.
Teu é o lugar de onde as sementes são semeadas
Até ao céu fechado, com todas as tuas chuvas.
Mas ah, as aves, as aves! Quem erigirá os ninhos
Para ficar com estas coisas? Ó amigo, as aves já voaram.
Pois, à medida que estes vêm e vão, e cedem o nosso pinheiro
Para seguir a doce estação, ou, recém-chegados,
Canta apenas uma canção das nossas árvores de amieiro,
O meu coração tem pensamentos que, embora os teus olhos fixem os meus,
Voe para o mundo silencioso e outros verões,
Com asas que mergulham além dos mares prateados
O JOVEM NEÓFITO; OU, UM JOVEM CONVERTIDO.
Quem sabe por quantos dias ainda terei de responder por hoje?
Ao dar o botão, dou a flor. Eu me curvo.
Esta testa ainda não apagada e outra amortecida;
Dobrando estes joelhos fracos, eu rezo.
Adágios ainda juvenis em mim, eu a dobrar para um lado,
Dá um descanso à dor que agora não conheço,
Um inquérito para a alegria que vem, acho que não sei como.
Eu dedico os meus campos quando a buganvília é cinzenta.
Que vergonha! (Eu sorrio) para afetar o meu trigo abrigado.
Hoje me curvo em altares distantes
Mãos trêmulas com que trabalhos? Na tua retirada
Selo o meu amor futuro, a minha arte dobrada.
Acendo as velas na minha cabeça e nos meus pés,
E deita o crucifixo sobre este coração silencioso.
Alice Meynell - TRAD.Eric Ponty
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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