Mármore sagrado, revestido de força e gênio,
Deusa irresistível com porte vitorioso,
Pura como o raio e a harmonia,
Ó Vênus, ó beleza, mãe branca dos deuses!
Vós não é Afrodite, balançando nas ondas,
Em seu búzio azul descansando um pé de neve,
Enquanto ao seu redor, uma visão rosada e bela,
Voa a rosa dourada com o enxame dos jogos.
Vós não és Cytherea, em tua pose flexível,
Perfumando de beijos o feliz Adônis,
E tendo por testemunhas no galho dobrado
Mas pombas de alabastro e pombos amorosos.
E você não é a Musa de lábios eloquentes,
A modesta Vênus, nem a suave Astarte
Cuja fronte é coroada de rosas e acantos,
Em um leito de lotos morre de volúpia.
Não! Os risos e os jogos, as graças que se abraçam,
Coradas de amor, não o acompanham.
Seu cortejo é feito de estrelas no tempo,
E os globos em coro seguem teus passos.
Prosperidade impassível, ó símbolo adorável,
Calmo como o mar sereno,
Nenhum soluço quebrou seu peito imutável,
Nenhuma lágrima humana manchou tua beleza.
Salve! Ao te ver, o coração se apressaste.
Uma corrente de mármore inunda teus pés brancos;
Vós caminhasse, orgulhosa e nua, e o mundo palpita,
E o mundo é seu, deusa de faces largas!
Abençoados sejam Fídias, Lisipo e Praxíteles,
Esses criadores marcados com um sinal radiante;
Pois tuas mãos moldaram essa forma imortal,
Pois eles se sentaram no senado dos deuses!
Abençoados são os filhos da sagrada Hélade!
Oh, se eu estivesse n6 no arquipélago sagrado,
Nos gloriosos séculos em que a terra inspirada
Viu os céus descerem ao seu primeiro chamado!
Se meu berço balançando na antiga Thetys
Não fosse acariciado por seu cristal tépido;
Se eu não rezei sob o frontão ático
Vênus vitoriosa, em seu altar natal;
Acenda a sublime centelha em meu peito,
Não encerre minha glória em uma tumba aflita;
E deixe meus pensamentos fluírem em ritmos de ouro,
Como o metal divino em um molde harmonioso.
Leconte de Lisle - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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