O quarto está cheio de sombras e tristezas
sussurro fraco de dois pequeninos,
Cabeças ainda pesadas de sonhos
Sob a longa cortina branca, mexendo-se levemente...
Lá fora, os pássaros se aglomeram em busca de calor,
Asas caídas contra o céu cinzento.
E o Ano Novo, arrastando a névoa,
Deixando teu vestido de neve no chão,
Sorri por meio das lamúrias e treme com a canção...
Sob o movimento da cortina, as crianças
Falam baixo, como acontece em noites escuras.
Com atenção, ouvem um murmúrio distante;
Muitas vezes estremecem com a voz dourada e clara
Da manhã, tocando uma mensagem de metal
Em teu globo de cristal, e repetindo o som.
-E o quarto está gelado; ao redor das camas
As roupas de luto estão espalhadas pelo chão.
O vento feroz de inverno, gemendo à porta
Sopra um hálito sombrio na casa...
Há uma sensação de que algo está faltando...
Onde está a mãe dessas pequenas coisas?
A doce mãe sorridente com olhos triunfantes?
Então, ontem à noite, sozinha, abaixada, ela se olvidou
De reavivar o fogo que estava se apagando,
De empilhar cobertores, edredons,
Antes de sair do quarto, gritando: "Perdoe-me!
Ela não pensou que poderia ficar frio na manhã seguinte,
Não tinha fechado a porta contra o vento do inverno.
Uma mãe sonha com o calor da lã,
De ninhos aconchegantes onde as crianças se chegam
Dormem em paz, sonham em branco,
Como lindos pássaros em galhos balançando
-Mas aqui é um ninho frio, sem penas
De crianças trêmulas, que não dormem, assustadas,
Um ninho congelado por ventos cruéis.
sussurro fraco de dois pequeninos,
Cabeças ainda pesadas de sonhos
Sob a longa cortina branca, mexendo-se levemente...
Lá fora, os pássaros se aglomeram em busca de calor,
Asas caídas contra o céu cinzento.
E o Ano Novo, arrastando a névoa,
Deixando teu vestido de neve no chão,
Sorri por meio das lamúrias e treme com a canção...
Sob o movimento da cortina, as crianças
Falam baixo, como acontece em noites escuras.
Com atenção, ouvem um murmúrio distante;
Muitas vezes estremecem com a voz dourada e clara
Da manhã, tocando uma mensagem de metal
Em teu globo de cristal, e repetindo o som.
-E o quarto está gelado; ao redor das camas
As roupas de luto estão espalhadas pelo chão.
O vento feroz de inverno, gemendo à porta
Sopra um hálito sombrio na casa...
Há uma sensação de que algo está faltando...
Onde está a mãe dessas pequenas coisas?
A doce mãe sorridente com olhos triunfantes?
Então, ontem à noite, sozinha, abaixada, ela se olvidou
De reavivar o fogo que estava se apagando,
De empilhar cobertores, edredons,
Antes de sair do quarto, gritando: "Perdoe-me!
Ela não pensou que poderia ficar frio na manhã seguinte,
Não tinha fechado a porta contra o vento do inverno.
Uma mãe sonha com o calor da lã,
De ninhos aconchegantes onde as crianças se chegam
Dormem em paz, sonham em branco,
Como lindos pássaros em galhos balançando
-Mas aqui é um ninho frio, sem penas
De crianças trêmulas, que não dormem, assustadas,
Um ninho congelado por ventos cruéis.
2
O coração entende que essas crianças não têm mãe.
Não há mãe em casa, e o pai está longe.
Uma velha empregada assumiu o controle.
Os pequenos estão completamente sozinhos na casa de gelo;
Órfãos de quatro anos, uma lembrança sorridente
Lentamente preenche teus pensamentos,
Como um rosário durante as orações.
Ah, dia de Ano Novo, que manhã esplêndida.
Cada um sonhou com os presentes que virão
Estranhos sonhos de brinquedos,
Doces embrulhados em ouro, joias brilhantes
Um eco de danças rodopiantes,
Desaparecendo sob cortinas e voltando novamente.
Manhã: fora do sono, fora da cama,
Olhos esfregados, expectativa alegre...
Rápido, vá, cabelo despenteado,
Olhos brilhantes, os mesmos de dias especiais,
Os pés descalços mal tocam o chão,
Para o quarto dos pais, mal ousando...
Entrar... saudações, bons votos...
Pijama, beijo após beijo, risadas permitidas.
3
Essas palavras deliciosas são repetidas várias vezes!
Mas como mudou, esta casa de outra época.
Uma grande fogueira costumava crepitar na grelha,
A velha sala estava iluminada,
Reflexos carmesins saltavam das chamas,
Dançavam sobre os móveis polidos.
O armário, o grande armário, sem a chave,
Tuaporta marrom e de ébano vigiada...
Sem chave!... Estranho... imaginações frequentes
De mistérios hibernando naquelas paredes de madeira.
Ruído imaginado, no fundo da fechadura aberta,
Ruído distante, vago murmúrio feliz...
-Hoje, o quarto dos pais está bem vazio,
Sem carmesim, sem lareira, sem chaves recolhidas,
Sem beijos de despedida, sem doces surpresas.
Como será triste o dia de Ano Novo para eles.
E, perdidos em pensamentos, lágrimas silenciosas
Ardem de teus grandes olhos azuis,
Eles murmuram: "Quando nossa mãe voltará para casa?
............................................
4
Agora, as crianças dormem com tristeza.
Ao vê-las, dir-se-ia que estão chorando por trás das pálpebras fechadas,
Teus olhos estão tão inchados, tuarespiração tão tensa.
Essas crianças pequenas têm corações tão sensíveis.
Mas teu anjo da guarda enxuga suas lágrimas
E coloca sonhos felizes em um sono pesado,
Tão felizes que teus lábios sorridentes, meio fechados
Parecem murmurar algo...
Elas sonham que, apoiadas em teus pequenos braços redondos,
Naquele doce reflexo do despertar, mostram teus rostos,
E teus olhos vagos olham ao redor...
Acham que estão dormindo em um paraíso cor-de-rosa...
O fogo alegre canta e crepita na lareira...
Pela janela, lá em cima, um belo céu azul.
A natureza acorda e fica inebriada de luz...
A terra meio faminta, feliz por viver novamente,
Treme de prazer com o abraço do sol...
E na velha casa tudo está corado de calor.
As roupas escuras não estão mais espalhadas pelo chão,
O vento parou de assobiar sob a porta...
Como se uma fada tivesse passado por ali...
As crianças alegres gritaram duas vezes... Ali,
Ao lado da cama da mãe, em um lindo banho de luz rosada,
Lá no grande tapete, algo brilha esplendidamente...
Dois medalhões, banhados a prata, preto e branco,
Jato e madrepérola, luz dardejante;
Pequenas molduras pretas, com volutas de vidro em volta,
Suas três palavras: 'PARA TUA MÃE traçadas em ouro.
Agora, as crianças dormem com tristeza.
Ao vê-las, dir-se-ia que estão chorando por trás das pálpebras fechadas,
Teus olhos estão tão inchados, tuarespiração tão tensa.
Essas crianças pequenas têm corações tão sensíveis.
Mas teu anjo da guarda enxuga suas lágrimas
E coloca sonhos felizes em um sono pesado,
Tão felizes que teus lábios sorridentes, meio fechados
Parecem murmurar algo...
Elas sonham que, apoiadas em teus pequenos braços redondos,
Naquele doce reflexo do despertar, mostram teus rostos,
E teus olhos vagos olham ao redor...
Acham que estão dormindo em um paraíso cor-de-rosa...
O fogo alegre canta e crepita na lareira...
Pela janela, lá em cima, um belo céu azul.
A natureza acorda e fica inebriada de luz...
A terra meio faminta, feliz por viver novamente,
Treme de prazer com o abraço do sol...
E na velha casa tudo está corado de calor.
As roupas escuras não estão mais espalhadas pelo chão,
O vento parou de assobiar sob a porta...
Como se uma fada tivesse passado por ali...
As crianças alegres gritaram duas vezes... Ali,
Ao lado da cama da mãe, em um lindo banho de luz rosada,
Lá no grande tapete, algo brilha esplendidamente...
Dois medalhões, banhados a prata, preto e branco,
Jato e madrepérola, luz dardejante;
Pequenas molduras pretas, com volutas de vidro em volta,
Suas três palavras: 'PARA TUA MÃE traçadas em ouro.
ARTHUR RIMBAUD - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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