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domingo, julho 06, 2025

LIRICA SANJOANENSE E VARIAÇÕES DO TEMA - (ALEXANDRINOS) - ERIC PONTY

 

 À Memória do Poeta e tradutor Onestaldo de Pennafort
Pelo conjunto de sua obra.
 
Quem me quer, quem me quer felicidade atroz,
Fazia tarde toar no ar flanado de pena
Já um sol com o raio, a tombar nuvem trono
Mal aclarava a diva em frígido abandono.

Fomos sós os dois, conjunto – o pensamento
E os cavalos ao céu pisando ao sabor do vento
E eis que ela a me olhar num enternecimento,
Falou: - “qual foi terrestre o teu melhor instante.

Com a tez angelical de entonações tão plenas
Por única reposta eu lhe disse apenas
E curvei suas mãos palmas, devotamente.

Os primeiros sinais... Como já são aclamados,
E que encantada luz, que sussurro atraente,
Tem a primeira chama aos lábios bem formados!
 
E que me quer ó rainha em saudade? O Outono,
Fazia reis voar no ar príncipe deste sono,
Já que um sol com raio a tombar do áureo trono,
Mal aclarava a manhã em rígido abandono.

Íamos sós os dois, conspira – o pensamento,
E os cabelos de rei, voando ao sabor do vento
E eis que ele, a me lembrar num enaltecimento,
Disse: - Qual foi, na terra, o teu real instante.

Com a voz professoral de discursos amenos,
E por única mágoa eu lhe sorri apenas,
E beijei fundo a tez branca devotamente.

Os primeiros florões... são tão majestosos,
E que encantado luz que lampejo já atraente
Tem meu primeiro sim lábios bem adornados.

  Que me quer o querer esta idade? O outono,
Fazia tarde voar, já lá estado de sono,
Já uma dor sem pavor, a tombar do áureo estado
Mal aclarava a manhã em frígido abandono.

Íamos sós os dois planando – o pensamento,
E os cavalos ao léu, andando ao sabor tempo
E eis que ela a me ignorar num enternecimento,
Disse: - Qual foi terrestre o teu melhor instante.

Com a foz angelical de entonações apenas.
Por única reposta eu lhe disse amenas,
E beijei suas mãos febris, compulsivo de penas.

Privemos por senões... E como são amistados,
E que de furtado tom, que murmuro atraente
Tem o primeiro sim das faces bem amadas!
 
 Que me quer a cidade ufania languidez,
Fazia manhã nascer no ar as nuvens de chumbo,
Já um Sol sem a nota a tombar da áurea pauta,
Mal aclarava o toque em rígido do emprego.

Íamos sós os dois, nadando – o esvaecimento,
E os cabelos ao céu, flutuando ao labor do tempo
E eis que ela a me olvidar num enternecimento,
Disse: - qual foi no poente o melhor do nascimento.

Com a tez angelical entonações de plumas,
Por única reposta eu lhe pedi apenas,
E beijei mãos alvas devotamente.

Os primevos botões... confeitos perfumados,
E que de amaldiçoado tom sussurro atraente,
Tem o primevo sim lábios bem contornados.
 
 Que me quer, quem me quer esta salvação? O outono,
Fazia o pardal voar, no ar complexo de sono.
Já um sol sem vapor, a tombar no chafariz,
Mal aclarava o dia em régio abandono.

Íamos só os dois, pensando – o pensamento,
E os cabelos ao céu, voando ao sabor do tempo,
E eis que ela a me olhar já num distanciamento,
Disse:- Qual foi na fonte o teu melhor instante?-

Com a voz patriarcal de vibrações apenas,
Por única sibila eu lhe disse poemas
E beijei suas mãos de abril devotamente.

Os primeiros florões... Como já são adornados,
E que encantado tom, que murmúrio ameno,
Tem primeiro livor dos lábios porcelana.
ERIC PONTY

 
  ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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