LA TOUR D IVOIRE
Uma pátria cujos peitos estão rubros de púrpura viva!
Sob armas e sabres brandidos,
Eis que chegam até vós em um céu de terror
Os dias terríveis que previ aos vinte anos.
A multidão o impediu de ouvir o poeta
Cuja ode, pressagiando um novo regime,
Denunciou o nada de teus tribunos sem cabeça
Que fizeram de tua raça um povo sem cérebro.
Desde então, não se preocupa com atitudes vãs,
Livre demais para servir e orgulhoso demais para bajular,
Ele encontrou o deserto no coração das multidões
E na torre de marfim começou a cantar.
Por meio do espaço e do tempo, viajando em pensamento
Para terras de glória e heróis distantes.
O poeta embarcou em uma vasta odisseia
Dos campanários de Flandres às margens do latim.
Agitando uma tocha nostálgica entre os mortos
Para as terras dos sonhos onde tua alma aterrissou,
Toda noite ele moldava em gesso energético
Uma orgulhosa máscara de amante, artista ou soldado.
Nas sombras que envolviam a torre.
Ainda se lembrando de que ele era o avisador,
Às vezes ele dirigia a espada inútil
A saudação sem eco da lira, tua irmã.
Porque para você, longe dos jogos de uma era desastrosa,
Ele manteve um coração ardente e filial,
E, se tua raça já fez uma ação nobre
Pronto para prolongá-la no mundo ideal.
E é por isso. Pátria! Hoje vós resmunga,
Agarrando as seções de tua espada quebrada;
Enquanto o ódio e a morte em teus grandes cavalos pálidos
Pisoteiam teu peito martirizado com teus cascos;
Então não se pergunte se, quebrando teu êxtase,
Ele retorne ao século ao teu primeiro chamado!
Olhe para o horizonte: teu asilo está em chamas!
A torre alva de marfim está rubra contra o céu!
LES CRIS CAPT
Gritos de ódio e amor, gritos ferozes
do horror das valas comuns,
Gritos de ódio e amor que em nossas bocas
A mordaça os mantinha prisioneiros;
Gritos afogados na névoa dos rios,
Gritos cativos dos quais nossos corações estavam cheios,
Soluços abafados de esposas e viúvas;
De mães e órfãos pela cordilheira;
Gritos de fé aprofundados pela bala
No corpo do mártir no poste;
Gritos vagos de sangue exalados
Dos lábios da faca dessa cordilheira ;
Gritos de ódio e amor, gritos de raiva
Estrangulados pelo nó do cabresto;
Gritos mordidos pelo ultraje da honra
Na espuma do rapto e do estupro;
Gritos mudos que a agonia atroz deixam
de vagar nos lábios dos mortos;
Gritos quebrados por sabres ou paus
Engolidos pela vergonha da mordida;
Sinos queimados do campanário nas chamas,
Da abelha em sua torre consumida;
Gritos de carne, gritos de coração, gritos de alma.
Gritos vãos a um Deus indefeso;
Os rumores loucos de multidões cansadas
Entusiasmadas por esperanças frustradas;
Canções de proscritos cujas asas feridas
Esvoaçam em nossas testas ao vento;
Eu tenho você, trabalhador solitário
Sim, indignado e cerrando meus dentes,
Condenado como vós ao silêncio,
Reunidos nesses ritmos estridentes!
É para libertá-lo que eu forjo
Na bigorna do verso soberano,
Gritos que um povo guardou em sua garganta,
O poema com uma boca de bronze!
ALBERT OIRAUD - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA
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