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quinta-feira, julho 31, 2025

A noite - Friedrich Hölderlin - Trad. Eric Ponty

Saudai-vos, sombras acolhedoras,
Vós, corredores que repousais solitários à minha volta;
Ó lua silenciosa, tu ouves, não como caluniadores à espreita,
Meu coração, encantado pelo teu brilho perolado.
Do mundo onde tolos loucos zombam,
Em torno de sombras vazias se esforçam,
Foge para vós aquele que não ama o tumulto cintilante
Do mundo vaidoso, não! Ele ama apenas a virtude.
Somente contigo a alma sente, mesmo aqui,
Como será divina um dia,
A alegria, cuja falsa aparência tantos altares,
Tantas vítimas aqui são dedicadas.
Longe, muito acima de vós, estrelas,
Ela vai encantada com o voo sagrado dos serafins;
Olha para baixo, com um olhar divino e sagrado,
Para a sua terra, onde repousa adormecida...
Sono dourado, só o coração dele está satisfeito
A virtude benéfica conhece a verdadeira alegria,
Só ele te sente. – Aqui você bota diante dele braços fracos e miseráveis,
que buscam sua ajuda.
Ligeiramente ele sente o sofrimento do irmão pobre;
O pobre chora, ele também chora com ele;
Já é consolo suficiente! Mas ele diz: Deus deu seus dons
somente a mim? Não, eu também vivo para os outros. –
Não movido por orgulho ou vaidade,
ele veste o nu e sacia aquele
cujo esqueleto pálido é contado pela fome;
e seu coração sensível fica extasiado.
Assim ele descansa, sozinho, escravo do vício
atormentado pelo trovão angustiado da consciência,
e o medo da morte os revolta em seus leitos macios,
onde a própria luxúria se castiga com o chicote.

Friedrich Hölderlin - Trad. Eric Ponty

 

   ERIC PONTY POETA-TRADUTOR-LIBRETTISTA

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