P/ Débora Malucellie Alípio Correia
Ó musa do meu coração, amante dos palácios,
Terás tu, quando janeiro soltar as tuas Boreas,
Durante os problemas sombrios das noites de neve,
Um fogo para aquecer os teus dois pés violetas?
Reavivarás então os teus ombros de mármore
Para os raios noturnos que perfuram as persianas?
Sentindo a bolsa tão seca quanto o teu paladar,
Que colherás então doiro dos cofres azuis?
Para ganhar o pão de cada noite, como um acólito,
tens de tocar o incensário, cantar Te Deums
em que mal acreditas, ou, como um acrobata.
em exibir as tuas aparições então dos jejuns,
teu riso encharcado de lágrimas que ninguém
vê-se, para fazer florescer o baço do homem comum.
Charles Baudelaire – Tradução Eric Ponty
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