Quão, por vezes, por meio ramos ainda não frágeis
Pelos ramos que de uma manhã que já é
primaveril: assim não há nada na tua cabeça
nada que possa impedir o esplendor.
De todos poemas nos chegaria quase fatal;
porque ainda não há uma sombra no teu olhar,
as tuas têmporas são ainda alto frescas pra o louro
e só mais tarde essas sobrancelhas.
No jardim de rosas ergue-se mais alto ainda,
de onde as folhas, únicas, soltas farfalham
vão-se arrastar pra a boca trémula no prado,
que ainda está em silêncio hoje, nunca usou e piscou
e só bebe alguma coisa com o teu sorriso
porque se o teu canto lhe tivesse sido incutido.
Rainer Maria Rilke - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA
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