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terça-feira, julho 02, 2024

ALEXANDER NO TEMPLO DE ABRAÃO - POSTAGEM CONCEITUAL - ERIC PONTY

Eu o observo com olhos deslumbrados
como se fosse um lindo arco-íris,
Fecho meus olhos para me lembrar de ti 
no mar vagueia pela ilha luxuriante.
Eu olho para ti com a respiração calma
como faria com uma imagem de minha valiosa mãe,
e espero que os anjos da infância
devem estar boiando em algum lugar próximo.

Tenho receio da esperança,
tenho o peito esgotado,
tenho pensamentos suicidas,
tenho pensado muito em ti,
ouço a música do amolador de tesouras,
não tenho tesouras nem facas afiadas,
mas tenho uma corda de nylon
tenho um guarda-chuva guardado,
um fortuito encontro com maquinas 
de escrever não saio de casa,
ouço pássaros onde não há pássaros,
falam alegres assobios da minha morte
do vento e da macieira em flor,
como o chão de porta de igreja
depois de um casamento,
aquele momento em que o amor
é para toda a vida de choros e risos
às vezes tento a ternura pela janela,
em regra, preservo o cinismo das estrelas
se eu fosse um brioso, a minha armação,
seria uma arquitetura de sangue e mel,
não sei como cheguei à velhice,
talvez o nada com alguma coisa 
prá horror dos gregos pra essa ausência 
não sei se chegarei a este Sábado de Finados.”

Eis tua efígie de mim de rocha
o nosso encontro frugal aqui
do sílex mexido a lareira que moravam
achar primeira caverna do tempo
que recuei nesse espaço
a viver para encontrar no tempo
de novo a paixão ou o delírio dos templos 
à espera dos teus gestos dás memórias 
e no fim do tempo veio uma sombra
das brumas do Norte ao Sul
''Porque o anjo é tudo,
e a coisa amada é reluz na uma cortina
onde um vento angelical 
bate no alto da janela aberta”
que me deixaram a Oeste
sendo-lhe que lhes passamos dias
de lavrar a pedra com a relíquia
deixada por um anjo ontem à noite.

'Enquanto existires tu
e o meu olhar te buscar no vácuo 
além atrás dos montes,
enquanto nada aparte 
me encher essa minha alma,
senão a tua imagem, e houver
uma remota probabilidade de estares
em algum sítio, iluminada
por uma luz qualquer…Chama
                             Enquanto
eu pressentir que tu existes e te chamas
assim, com esse teu nome escrito
tão pequeno na máquina de escrever 
continuarei como agora, escrever
meus,
transido de distância,
preso deste eco que cresce e não morreu,
deste tambor que persiste e ecoa nunca acaba.''

Parábola rasgada 
pela mão de Deus. 

Por que no momento da vinda 
não o viva! a cortesia, mas, 
estranhamente, o adeus?

(Por fim, que enigma se disfarça 
na infinda Onisciência que foge 
à nossa pobre e afetuosa reserva?)

Pura carícia. Cabia num ninho.
Tenra haste, sem tecla nem fina flor. 
Por que levar com sua balada? 
Seu pranto sem dor enredar seu caminho?

Quem atinaria seu curso, 
seu guia enfraquecido? 
Do flúmen, refreado na pedra, 
nas curvas do leito?

Por que, de repente, 
igualmente do clima, 
no sincero a percepção de, 
da compleição engolfaste, 
a vastidão do ser?

Por isso na angústia de meus brotos 
– Lar de sombras e abrolhos – 
essa obra fida: como um batel ondulante 
Nessa embarcação do seu vulto.

Ah, os anjos são guris neste horrível orbe 
sem calmarias (não sabem falar adeus). 
Porém, fulgurou um secundário como 
se não fora esse o seu orbe puro fado 
consumido na cadente refugiada por Deus.

Que ensejo – ninguém a preveniu mais
– Se fez do barro mole e forte ais 
que apenas se formara o fluido mulher 
evanescente que o vento se dissipar ser
nessa alva clara que padece de zelo?

Ao induzir esse seu mistério 
não para a crepúsculo, 
que amanhecia, (e arriscar 
entender será exame estranha, vã) 
em verdade, quem diria? 

Fez-se brilho, invisível na luz da alvorada.
Súbito, esvaeceu tão cedo, antes de tudo – 
da angústia, da dor, do pensamento 
do belo tão pequenino, sem receio, 
tão-só miúdo, desarvorado do Fadário.

Espera. Conservei seu vulto vidente, 
o olhar percuciente das noites,
em seus olhos de guri, mas sem maretas a escolhos...

E fica a dúvida sem resposta do cerne 
que não aceita a madorna arrepiadora:
Que enigma, Senhor, se remata afinal, 
reservado em sua desfeita, antes 
que o Devaneio não dimensível 
que se volvesse dessa Existência?

Anseia uma flor uma janela
Um candelabro um verso imortal 
com cheiro de lilases uma estrela
Uma fuga de Bach ao piano tal
Que anseia um licor de rosas prenha
Um chá de Londres cheio de perfume
Anseia uma história de mistério Lúmen 
Anseia uma tela em tons de roxo
De um mapa de Giotto ou de Gauguin
De uma carícia ardente no colo
Anseia uma rima dita na redenção 
Anseia que chova faça vento na alusão 
E haja um veneno um filtro uma poção
Que embruxe na memória essa opção
fugaz deste era que tomo a dose certa.


ERIC PONTY

ERIC PONTY POETA TRADUTOR LIBRETTISTA

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