Pesquisar este blog

terça-feira, junho 25, 2024

O amor chorava, e às vezes eu chorava - Eric Ponty

Essa demora eu... Me sinto inquieto, 
Quando avalio vê-la surgir, num culto,
- Teu beiço frio, frouxa de tão ofegante,
os teus olhos nos meus, linda, fitando...

Céu desfaz-se em luar... Num ventar nu
em folhagens Brandas, acariciante,
enquanto com o olhar afago amante
só à sombra crepúsculo buganvília...

E ela não vem... Elevar a apreensão:
- Num segundo que ao passar meu martírio,
sendo segundo sem fim da efeméride...

Mas eis que ela surgir tão de repente!...
- E feliz, chego a crer ímpar censurar,
quê abusava esperar-se eternamente!...

II

O amor chorava, e às vezes eu chorava com
de quem meus passos nunca se afastavam,
olhando, já que o efeito era amargo e estranho,
para teu íntimo, liberto das amarras do Amor.

Agora Deus o devolveu a exatas passagens,
Levanto minhas mãos com meu coração pra o céu,
grato àquele que, em Tua misericórdia, ouve
foi tão benigno as honestas orações humanas.

E se, ao retornar à passagem do amor,
tu encontra-se colinas e valas em tua passagem
o suficiente para quase fazê-lo voltar atrás,

E foi para mostrar qual a estrada é espinhosa,
e quão montanhosa e difícil é a escalada,
se quiser achar onde está o exato valor.

III

Fugaz de luz abluído, belo e esplêndido,
na morada imperial de pórfiro coruscante
E mármor da peônia. A casa caprichosa
demostra, em prata incrustar, Alecrim do Oriente.

Fronte no toro ebúrneo estende até à gentes...
Anéis em profusão do estrágulo fadigoso
Dourados bordados quê O olhar deslumbra, ardente,
Da púrpura Douro o brilho esplendoroso.

Bonita ancila cantar. A aurilavrada 
Lira em mão soluça. Ares perfumados,
Arde à mirra da forma em recendente.

Forma ascende, dançando, escravos fumos.
E chamas dormem ao sonhar, a fronte 
Nos alvos seios nus da lúbrica Orbe!
Eric Ponty
ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

Nenhum comentário: