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segunda-feira, junho 24, 2024

Imitações de Petrarca - Eric Ponty

À Moema com ardor
Mas, como o amor
os olhos de Moema
são cegos.

Na noite imatura
os olharem dos espíritos 
deixam rastros de lírio
candente.

A quilha da lua
rompe as nuvens roxas
e os tremores
estão cheios de orvalho.

Oh, mas como o amor
os olhos de Moema
são cegos!

I

Descendente de arlequim, faceirice
com a coroa real de teu antepassado,
pegou em armas para derrubar a Babilônia
e todos os que extraem teu nome dela.

E o Vigário de Cristo retorna ao ninho
com o manto e as pesadas chaves,
e se nenhum outro acidente o impedir,
que chegará a Bolonha e depois à nobre Roma.

Esse seu cordeiro manso e gentil
destrói os lobos ferozes: e que assim seja
com todos os que destroem alianças legítimas.

Console-a então, tu que ela espera,
e Roma, ainda se queixa de seu esposo,
e peguem a espada agora por Cristo.

II

Agora que aquele espírito gentil que parte,
chamado para a outra vida antes de seu tempo,
se juntará à região mais abençoada do céu
quando for bem ganho, como com certeza será.

Se ele passasse entre Vênus, a terceira luz, e Marte,
ela diminuiria o brilho do sol, pois os espíritos nobres 
se reuniriam em torno dela tal qual árvores 
apenas para contemplar sua beleza infinita.

Se passasse abaixo da quarta, o Sol
todas as luzes guimbas semelhariam menos atraentes,
e somente ele teria a fama e a glória:

não poderia existir na quinta esfera de Marte:
Mas se voar mais alto, acredito que realmente
Júpiter será conquistado e todas as estrelas.

III

E quanto mais me aproximo do último dia
que põe fim à miséria humana mais rápida 
e leve vejo o tempo passar, e minhas esperanças 
se iludem e se desvanecem em tuas sombrias.

Em meus anexins, digo: 'Agora não há mais tempo
para falar de amor, pois esse duro e pesado
fardo terreno começou a derreter
tal qual é neve fresca: assim encontraremos paz:

Já que com o corpo a esperança também ofuscar-se,
que nos fez delirar por tantos anos com risos e lamúrias, 
de medo e raiva, enquanto o sol numa clareza:

pois assim vemos tal qual acontece com presença
que prosseguimos por meio de coisas incertas,
e vezes suspiramos sem nenhum propósito real".

IV

Virgem com uns olhares mágicos,
Virgem dó Penumbra,
aberta como uma desmedida
tulipa.
Em seu barco de luzes
vais
na maré alta
do orbe,
entre flechas turvas
e estrelas de giz.
Virgem com uns olhares mágicos
vais
ao longo do rio da rua,
até o mar!

ERIC PONTY
ERIC PONTY POETA - TRADUTOR - LIBRETTISRA

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