Pesquisar este blog

terça-feira, junho 04, 2024

INAUTAGONICOS ( TRECHO) - ERIC PONTY

Tremo tanto quando aqueles olhos vivos me atacam,
pois o amor mora com minha morte ali, lado a lado,
Eu fujo como os meninos fogem da vara
e meu primeiro voo foi há muito tempo.

Eu escalaria o pico mais alto, com fadiga e dor
não importavam, para não me achar
que confundiria minha mente e meu coração,
deixando-me congelado, como ela faz, em pedra
ou pode acenar talvez se estivesse abismar-se um amor
que retorna sempre ao mesmo lugar
na borda de um copo vazio ou dentro dele
um ponto tão indefinido e persistente
tão indefinido e persistente quanto sua recusa em reconhecê-lo.

Posso criar um trabalho de duplo mérito,
combinando o estilo moderno com a língua antiga,
de modo que, embora eu tremo ao dizer isso,
até mesmo na urbe, você ouvirá o estrondo.

Mas como me falta, para completar meu trabalho
meu trabalho, um pouco do reverendo fio
que meu amado pai fiou tão muito, por que 
fechou suas mãos para mim com tanta força?
Não é do seu feitio. Por favor, abra-as
e grandes coisas acontecerão, como verá.
Mais tarde, as coisas sempre acham seus carecidos lugares
como no quintal, quando você encontra
um botão marrom do seu casaco - e sabermos:
não é nada idêntico com os botões dos figurinos
dos atores - não, nem um pouco -
um botão normal que terá que costurar de volta em seu casaco
com aquele cuidado estranho e educado
do eterno aprendiz.

Mas quando seu sorriso, doce em seu meio-termo,
já não abriga seu belo e raro encanto,
o antigo ferreiro conhecido na urbe 
na forja negra, agora balança seu braço em vão.

Será pois então as armas forjadas no fogo 
para resistir a todas as provações caíram das mãos rudes
e sob o olhar brilhante de Apolo
qualquer irmã de Jovi, pouco a pouco, aparece renovada.
Nós engraxamos o vidro com jornais
você um, eu o outro - estamos de plantão hoje.
Nossos movimentos são quase idênticos.
Não olhamos um para o outro.
Gostamos dessa semelhança.
Olhamos pela janela para um céu perdido na névoa.
Assim, todas as coisas, então, têm a aparência de eternidade.


O homem cujas mãos foram tão ágeis em impregnar
o solo da Tessália com sangue civil das moradias 
derramou lamúrias ao ver o marido de sua filha morto,
apresentado com as feições que ele bem conhecia.

O menino pastor que esmagou a testa de Golias
chorou pelo acidente fatal de seu filho rebelde
e com a morte do bom Saul mudou de semblante,
Ele colocou-o seus óculos de volta. Ele não os limpa.
Quero escrever um poema para Mitsos
não com palavras
mas com lírios amarelos.

Meu inimigo, em quem você amiúde acha
seus olhos, que o céu e o amor louvam,
seduz com belezas tais não são dele,
felizes e doces além de nossa espécie mortal.
Seguindo seu conselho, me levou para fora
no abrigo que um dia foi meu lugar predileto:
um banimento miserável, embora eu possa não
estar apto a viver onde só você vive.
Então, pensei que seria digno de me sentar em seu banco
montado no galho de um plátano no mosteiro
e tirarei essas coisas perturbadoras de meus ombros
da mesma forma que afasto aquela pequena aranha
que rasteja em meu braço
e não sentirei frio algum no inverno.

O ouro e as pérolas, as flores alvas e as rubras
que o inverno deve murchar e depois secar
se demudaram em espinhos afiados e intoxicados para mim;
Sinto suas perfurações em meu peito e nas costas.
Isso, por si só, abreviará meus dias tristes,
pois uma tristeza tão profunda rara perdura por muito tempo;
mas culpo ainda mais esse seu copo assassino
que você cansou com seu olhar amoroso.
Conto os dedos de minhas duas mãos.
Acho que estão corretos.
Não sei como contar todo o resto.
O que significa que não faz sentido.
No final dessa contagem, há uma maldição.
A chuva de lamúrias salgadas risca meu rosto, o vento
de suspiros angustiados sopra em mim toda vez que
que eu possa voltar meus olhos para você, por quem
só por você estou separado da humanidade.
É verdade que seu sorriso doce e gentil alivia
a urgência das dores do meu desejo
e me mantém longe do fogo atormentador
enquanto, absorto, eu o mantenho em meu olhar.

Talvez não tenha sido por causa do frio. Mais tarde
uma amargura jazeu. Com certeza meu cachorro 
do lado de fora da casa trancada subirá até as janelas,
arranhar as persianas. E não poder
de escrever-lhes uma ou duas palavras, para explicar-lhes,
para que não pensem que o olvidou. Não pode fazermos.
Talvez a lua entenda as casas
talvez as casas apreendam suas janelas de adobe,
mas não percebo por que uma lâmpada deve ter esse nome
quando um navio apita durante a noite
navios, semanas e cestas de pão
estão apinhados em uma baderna no chão
abro meu logro para que possam me alimentar
com uma mordida no pão que lhes dou.

E que não se transtorne em bosque de folhas Buganvília 
e assim escape de meus braços, como no dia
 em que um tronco a perseguiu aqui na terra.
Uma noite com ela - adeus ao sol poente,
e ninguém lá para nos ver, a não ser as estrelas -
apenas uma noite e que não haja alvorada!
De modo que, se vivi em dilúvio e guerra
Morrer de no porto e em paz; assim, se minha estadia
tenha sido inútil, com alguma honra eu possa partir.
No breve período de vida que me resta
dessa minha morte, que sua mão esteja por perto.
Não espero em mais ninguém, como bem sabe.

Como pode nos criar - disse ele -
um verdadeiro inautagonico da alma?
O cobertor é pesado sobre o corpo nu.
Bela estátua olvidada -
eles a pintaram, e, tombem 
ela também morreu.

Eu lamento por todo o tempo que passei
amando imoderadamente uma coisa mortal,
não voando no ar apesar de minhas asas
aptas para um voo não tão baixo.
Vê minha vil e vergonhosa pequenez,
invisível, imortal rei do céu;
socorrei minha fraca alma, que foi desviada
e que se perdeu, suprima o com de sua graça.
ERIC PONTY


ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

Nenhum comentário: