II
Eric Ponty
Mais que meu conivente: confidente
de ocasiões ditosas, macambúzias;
Horto de expressões, recônditas estirpes.
O que ajuízo tu arrazoas, o que falas
Te diz minha criadeira, é o que ela sente,
por isso, em ti apreendo os estigmas
que vão apontando o íntimo da gente.
Em ti me curvar-se: és meu confessionário;
Aqui despido a minha história, e sinto
que és a limpidez em que posso me rever;
Da burra de tantas ilusões, diurno
ti confiro sem respeito, não minto,
se és bocado destes meu azado ser!
III
Essa tarde eu... me sinto nervoso,
Quando julgo vê-la surgir, num vulto,
- Teu lábio frio, trêmula de tão ofegante,
os teus olhos nos meus, marco, fitando...
Céu desfaz-se em luar... Num vento nu
nas folhagens Macias, acariciante,
enquanto com o olhar ternura amante
fico à sombra da noite buganvília...
E ela não vem... Majorar a ansiedade:
- Do segundo que ao passar me tortura,
é segundo sem fim dessa efeméride...
Mas eis que ela abrolha tão de repente!...
- E feliz, chego a crer igual censurar,
quê abusava esperar-se eternamente!...
Eric Ponty
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