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segunda-feira, junho 17, 2024

6 Sonetos de Paul Verlaine - Trad. Eric Ponty



A BALCONISTA
A dupla observava as andorinhas alçando voo;
uma com cabelo de corvo e pele como leite,
uma loira e rosada, com suas camisolas de seda
ondulando livremente pelo casarão.

Enquanto os asfódelos definhavam
e a lua suave e redonda subia a colina,
ambos saboreavam a triste felicidade de
corações inocentes e a quietude da noite.

Braços úmidos apertando a cintura uma da outra,
um casal estranho com pena dos mais castos,
Assim, na varanda, as moças sonhavam.

Atrás deles, na sala escura e opulenta,
igualando o trono de uma imperatriz em pompa,
a cama perfumada estava esperando na escuridão.

Uma noite de setembro, abafada e quente;
uma tinha dezesseis anos, a outra um ano a menos,
magras, com faces de morango e olhos azuis
que dormiam juntas no dormitório estudantil.

Para maior conforto, cada uma delas havia arrancado
sua camisola com cheiro de âmbar. A moça mais jovem
se inclina, com os braços esticados; sua tutora
a beija enquanto aperta os seios quentes.

depois cai de joelhos, enlouquece,
e, com a boca colada ao útero daquela criança,
passa a língua no arbusto escuro e loiro-dourado.

Nos dedos delicados, a novata, enquanto isso,
marca as valsas prometidas até que, corada,
ela exibe um pequeno sorriso inocente.

SONETO A SAFO


Furiosa, teus olhos estavam vazios e teus seios rígidos,
Safo, irritada com a languidez de teu desejo,
tal qual uma loba corre ao longo das margens frias.

Ela pensa em Phaon, alheio ao Rito,
E, vendo tuas lágrimas nesse momento,
Arranca teu imenso cabelo em punhados;

Então ela se lembra, com remorso incessante,
Aqueles tempos em que a jovem glória brilhava pura
De seus amores cantados em versos que a memória
Da alma recontará às virgens adormecidas:

E agora ela deixa cair tuas pálpebras azuladas,
E salta para o mar onde o Moire a chama.
O céu explode, incendiando a água negra,
A pálida Selene que se vinga dos teus amigos.

PRIMAVERA 

Ternuras, a jovem ruiva,
A quem tanta inocência desperta,
Disse à donzela de cabelos claros
Estas palavras, suave, em uma voz gentil:

"Seve que se levanta e fogo que cresce,
Sua infância é um caramanchão:
Deixe meus dedos passearem pelo musgo
Onde o botão de rosa brilha.

"Deixe-me, entre a grama clara,
Beber as gotas de rosa
Com as quais o terno coração é aspergido, -

"Então, que prazer, minha querida,
Ilumine tua fronte cândida
Como a aurora em um céu tímido. "
Uma noite de setembro, abafada e quente;
uma tinha dezesseis anos, a outra um ano a menos,
magras, com faces de morango e olhos azuis
que dormiam juntas no dormitório estudantil.

Para maior conforto, cada uma delas havia arrancado
sua camisola com cheiro de âmbar. A moça mais jovem
se inclina, com os braços esticados; sua tutora
a beija enquanto aperta os seios quentes.

Então cai de joelhos, quase enlouquece,
e, com a boca colada ao útero daquela criança,
passa a língua no arbusto escuro e loiro-dourado.

Nos dedos delicados, a nova tá, enquanto isso,
marcam as valsas prometidas até que, corada,
ela exibe um pequeno sorriso inocente!
Soneto do Cu

Obscuro e enrugado como um cravo roxo
Ele respira, humildemente topi entre o musgo,
Ainda úmido de amor que segue a suave inclinação
De tuas nádegas brancas até a borda de sua bainha.

São como fios tais quais lágrimas de leite
Choram sob o cruel Vautan que os empurra para longe,
Pelo meio de pequenos seixos de marga avermelhada,
Para alterar o óleo que a encosta lhes chamava.

Minha boca frequente se junta à sua ventosa,
Minha alma, ciumenta do material de coito,
Fez dela tua gota de fúcsia amarelada e teu ninho de soluços.

É do azeite de oliva e desta flauta Calina,
É o óleo do tubo que desce o doce celestial,
Feminino de Chanana nas brumas do tempo.
PAUL VERLAINE

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