Pesquisar este blog

sexta-feira, maio 31, 2024

Dante Alighieri - Vita Nuova - Trad. Eric Ponty

A toda alma tomada, e coração gentil,
Em cuja presença vem o presente dizer
Naquilo que me reescreve sua aparência
Saúde em seu signor, que é o Amor.

 Já eram quase tão aterrorizadas as horas
Do tempo, em que cada estrela é brilhante,
Quando de repente me apareceu o Amor
Cuja essência de membrana me causa horror.

Allegro me pareceu Amor, segurando
Meu coração em sua mão, e em seus braços tinha
Madonna, envolta em uma cortina, dormindo.
Então a despertou, e desse coração ardente
Ela, temerosa, se aconchegou humildemente:
Depois, virando-me, vi-o chorando.

Após a partida dessa gentil mulher, agradou ao Senhor dos Anjos chamar para sua glória uma senhora jovem e de aparência gentil, muito, que era muito graciosa nessa cidade mencionada; cujo corpo vi jazendo sem a alma entre muitas mulheres, que choravam muito. Então, lembrando-me de que já a havia visto fazer companhia àquela muito graciosa, não pude conter algumas lamúrias; não, chorando resolvi dizer algumas palavras sobre sua morte, em lembrança.

De que algumas vezes eu a tinha visto com minha senhora. E sobre isso falei um pouco na última parte das palavras que proferi, como se vê claramente para aquele que a entende. E então eu disse estes dois sonetos, que iniciam o do primeiro começa: "Chorai, amantes", e o segundo: "Morte vil".

Chorem, amantes, quando o Amor chorar,
Ouvindo o que o faz chorar
O amor ouve as mulheres chamando a Piedade,
Mostrando amarga dor por meio dos olhos,

 Porque a Morte vil no coração gentil
Fez uso de sua crueldade,
Estragando o que no mundo deve ser louvado
Na mulher gentil, acima da honra.

Ouçam o quanto o Amor lhe causou horror,
Que eu o vi lamentando em certa forma
Acima da imagem morta que estava chegando;

E muitas vezes olhava para o céu,
Onde a alma gentil já estava sita,
Que a mulher era de tão alegre aparência.

No segundo, narro a causa; no terceiro, falo de alguma honra que o Amor prestou a essa mulher. A segunda parte começa aqui: O amor ouve; a terceira, aqui:

Morte vil, de clemência inimiga,
da tristeza da antiga mãe,
julgamento inconquistável e azarado,
Já que você deu matéria ao coração triste,
De onde saio pensativo,
De ti minha língua se cansa.
E se eu, pela graça, quiser fazer de ti uma mendiga,
Convence-te de que eu digo
Sua queda de todos os erros injustos,
Não para que se oculte do povo,
Mas para torná-lo cruel
Que, por amor de outrora, não se alegra.
Desde o século, você se afastou da cortesia
E o que em uma mulher deve ser considerado virtude:
Na jovialidade alegre
Destruiu a graça amorosa.
Não mais discernirás o que é a mulher
A não ser por suas versadas propinquidades.
Aquele que não merece saúde
Nunca espera ter a companhia dela.
Dante Alighieri - Vita Nuova - Trad. Eric Ponty
ERIC PONTY - POETA - TRADUTOR - LIBRETTISTA

Nenhum comentário: