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sexta-feira, janeiro 12, 2024

Dois Sonetos Órficos para Moema - Eric Ponty

I
Mais uma vez - eu o conheço - você me chamou.
E não é a hora, não; mas você me avisa;
novamente traga suas brisas celestiais
mensagens claras para o penhasco

do coração que, surdo ao seu cuidado,
fortalezas de terra que ele ergue, com pressa
do sangue se move, em indecisos
torres, areias, recria-se, erguido.

E o Senhor chama e chama, e me fere,
e eu ainda lhe pergunto, Senhor, o que você quer?
o que o Senhor veio dar à minha jornada.

Perdoe-me se eu não o tiver dentro de mim,
se não sei como amar nosso encontro mortal,
se eu não estiver pronto para sua vinda!

II
Com você, de mãos dadas. E eu não retiro
a posição, Senhor. Jogamos duro.
Um jogo em que a morte
Será o trunfo final. Eu aposto. Eu olho para

suas cartas, e você me vence todas as vezes. Eu jogo
as minhas. Você bate de novo. Eu quero
Quero enganar você. E isso não é possível. Sorte clara
que você tem, ao contrário daquela que eu tanto admiro.

Eu perco muito, Senhor. E quase não há
tempo para a vingança. Fazei o que puderdes
para igualar ainda mais. Se minha parte

não é suficiente porque é pobre e mal jogada,
se nada restar de tanta riqueza,
ame-me mais, Senhor, para que eu possa conquistá-Lo.
Eric Ponty
ERIC PONTY POETA TRADUTOR LIBRETISTA

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