Que suas canções tenham ninhos na terra,
e quando em voo para os céus elas se elevarem
atrás das nuvens, elas não se perderão.
Necessidade de peso, no peso das asas,
a coluna de fumaça se dissipa inteira,
algo que não é música é poesia,
o pesado só permanece.
O pensamento é, sem dúvida, o sentimento.
Sentimento puro? Quem acredita nele,
da fonte do sentimento nunca alcançou
a vida e a veia profunda.
Não seja muito cuidadoso com suas roupas,
sua tarefa é ser um escultor, não um alfaiate,
não se esqueça de que nunca é mais bonita
do que nua é a ideia
Não é aquele que a alma encarna na carne, tenha em mente,
o poeta não é aquele que dá forma à ideia
mas é aquele que a alma encontra por trás da carne,
por trás da forma ele encontra a ideia.
Das fórmulas, o mato é o que nos faz
que nos esconde da verdade, desajeitado, ciência;
você o desnuda com suas mãos e seus olhos
apreciarão sua beleza.
Procure por linhas nuas que, embora você possa tentar
nos envolver na indefinição da névoa,
até mesmo a névoa tem linhas e se esculpe;
então, não as percas.
Que suas canções sejam esculpidas,
ancoradas na terra enquanto se elevam,
a linguagem é, antes de tudo, pensamento,
e sua beleza é o pensamento.
Vamos examinar as verdades do espírito
as entranhas das formas passageiras,
deixemos a Ideia reinar suprema em tudo;
esculpamos a névoa.
Miguel de Unamuno - Trad, Eric Ponty
ERIC PONTY POETA TRADUTOR LIBRETISTA
Nenhum comentário:
Postar um comentário