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segunda-feira, novembro 27, 2023

Uma Imitação de Stança de François de Malherbe e Um Hafiz - Eric Ponty

P/ Moema
Se a minha calma não pode deter alma altiva
Não pode parar um espírito tão altivo,
Tempo é um médico de experiências felizes;
O seu remédio é tardio, mas é certo.
O tempo afirma lealdade às minhas dores,

E ver as vossas belezas ofuscar-se um dia;
Então vingar-me-ei, se me vingar
Por um sujeito tão belo a quem tenho tanto amor.
Tereis um marido sem serdes muito amada,
tendo apagado o facho de seus desejos;
E desta prisão de cem cadeias fechadas,

Não sairás dela senão pela porta do túmulo.
Tantas perfeições que te tornam soberba,
Os restos do vosso marido cheirarão a reclusão;
E as vossas jovens belezas florescerão qual a erva,

Isso foi supino pisado e já não floresce.
Terás filhos de uma dor inacreditável,
Que estarão perto de ti e chorarão à tua volta;
Então os sóis amenos fugirão dos teus olhos,
Deixando estrelas ao redor para sempre,

Se eu passar pela vossa província nesta altura,
Ver-vos sem beleza e eu cheio de honra,
Pois talvez então as bênçãos dum grande Príncipe
Casará a minha sorte com a felicidade,
Tendo uma memória fiel da minha dor,

Mas sem ter, na altura, tantos problemas qual eu,
Eu direi: "Uma vez esta mulher era bonita na trança,
e eu era mais pueril do que sou nesta stança."

HAFIZ

Mas, ah! nenhum louvor de amantes de láurea
O brilho desses encantos pode elevar:
Pois, vãos são todos os truques da arte,
que à natureza deveriam dar a parte;
A cor, que ao rosto angeliza ao cravar,
Podem as cores emprestadas dar nova graça?
Pode uma bela face tornar-se mais bela
Por toupeiras artificiais ali formadas?
Ou, pode um pescoço de molde divino
Por tranças perfumadas, o brilho aumentar?

Sê tu, minha bela, guiada pelo conselho,
ao santuário da sabedoria inclinar a tua cabeça;
Pois, lindas moças mais lindas brilham
Cujos corações se inclinam aos sábios conselhos,
Que mais do que suas almas valorizam
As máximas do sábio, por meio dum fino velo.
Mas, diz-me, encantador, diz-me porquê lidos,
Palavras tão cruéis incomodam os meus ouvidos:
Dizei, é prazer dar dor? Os gemidos dos ruídos!
Pode o fel calunioso profanar tua boca?
Proíbe-o, Céu! Não pode ser!
Nada que ofenda pode vir de ti:
Pois, como pode o veneno do escorpião pingar
Desse doce lábio cor de rubi,
que, de boa índole, se cobre,
Não pode derramar senão uma linguagem dulcíssima?

Tuas pérolas formadoras de gazelas estão enfiadas,
Vem, docemente, HAFIZ, cantá-las:
Pois o Céu mostra, sobre os teus leitos passam
Pensamentos, que em amontoados de estrelas brilham.
Eric Ponty
Eric Ponty - Poeta-Tradutor-Libretista

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