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sábado, novembro 25, 2023

Um Poema de Miguel Cervantes - Trad. Eric Ponty

Poeta, estou com um problema saúde: pressão ocular super alta, assombrado risco de cegueira, virar um Bach dos pobres, porque sem música alguma. Hoje de tarde, mais exames. Vou demorar um pouco em arrumar os seus livros, os 50 poemas em primeiro. Grande abraço Soares Feitosa

P/Soares Feitosa

Que tempo para o meu triste e lamentável grito,
À música mal afinada da minha lira, a colina e o prado,
a planície e o riacho respondem em amargo eco 
do meu vão desejo, então, leva tu, vento, 
que sem atenção te apressas a passar, as queixas que do 
meu peito, gelado com o fogo do amor, que, em vão, me pedem
Que o vento, que não se importa, não se deixa levar.

 O riacho está inchado pelas fúcsias que correm
Que os meus olhos cansados derramam: o prado florido
Com as silvas e os espinhos que crescem
Na minha alma; a alta colina não ouve
E a planície abaixo de ouvir se cansa: na minha precisão
Não há consolo, por menor que seja, que alivie meu mal
Que, se não me é dado percorrer, não me é dado ver.

Pensei no fogo que incendeia o coração,
aceso pelo rapaz alado, a rede astuta,
em cuja malha ele enreda os deuses,
O laço estrangulador, a seta que ele afia
Em fúria frenética, feriria a inigualável dama
Me ferem a mim, que sou seu escravo; e, no entanto,
Não há laço nem fogo que possa contra um coração
Que é de mármore feito, nem rede nem dardo.

Mas eis que sou eu que ardo no fogo,
Eu me esvaio: diante da rede invisível
Não tremo; o meu pescoço humildemente boto
No laço; e da sua seta aguçada
Não tenho medo: assim a esta última desgraça
A minha queda foi tão grande
Que para minha glória e desejo do meu coração
O dardo e a rede eu conto, a forca e o fogo.
TRAD. Eric Ponty
Eric Ponty - POETA-TRADUTOR-LIBRETISTA

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