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sábado, novembro 04, 2023

Elegia - Para Duas Estátuas Erguidas no Lenheiro - Eric Ponty

Não pensando no prazer do mundo orgulhoso,
Mas sim na exigência da vossa distinção,
Eu teria desejado um tesouro maior
Para dar o meu símbolo ao teu nome.
Um digno da perfeição da tua alma,
"Os sonhos sagrados que te envolvem o olhar.
A tez límpida e viva dos teus discursos,
Os teus pensamentos nobres e maneiras simples.
Mas que assim seja. Toma este soneto
De cinco ictos diversos, como meu fato:
Para Duas Estátuas Erguidas no Lenheiro 
Misturando o simples e o idealista.
Fruto do divertimento, do descuido
De noites mal dormidas, de leves inspirações,
Nascido dos meus verdes e murchos anos ...
As observações frias do intelecto Lenheiro
Nas reações do coração, escritas em lamentos.

Que o Neves Lenheiro passar não transpõem
Que desta oração exibir fronte de estrato,
Que as flores, à brisa, conclamem: retorne!
E traga de novo os azuis do regato!

Embora o sol sépia nem brilhe e nem orne
A relva Lenheiro tão cheia de mato,
E a nuvem silente de branco se adorne,
Num grito persiste de um morno abstrato.

Na relva carneiros temendo a friagem,
Se afastam da selva e de toda paisagem,
Sabendo finita mais uma das margens.

A vida a passar nesse prado de relva,
Traz vento às ovelhas, mas cheiro da treva,
E ululos ferozes das sombras covardes...

Mas aqueles a quem, como amigos e irmãos,
Minhas primeiras estrofes eu li uma vez -
"Uns já não existem, e distantes... outros... "*.
Como Sadi muito antes de nós disse.
Sem eles a minha elegia foi formada.
E ela de quem eu tirei, apaixonado,
O traço mais nobre da minha bela elegia...
Oh, muito, muito tu roubaste, Destino!
Mas bem-aventurado é aquele que mede
A hora de deixar o banquete e ir ao Lenheiro,
Quem nunca esvaziou o cálice da vida,
Nem leu os versos finais da elegia;
Mas de uma vez para sempre se retirou.
Como eu a escreve-la, e por ela vela.
ERIC PONTY
ERIC PONTY - POETA-TRADUTOR-LIBRETISTA

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