L’une pâle aux cheveux de jais, et l’autre blonde
Et rose, et leurs peignoirs légers de vieille blonde
Paul Verlaine
I
Há animais na terra com tão fel,
Revista contra sol bem que se ofende,
Mas outros, pois luar lume os defende,
Só partem quando à tarde já se impõe.
E outros, de cujo ensejo louco espera,
Gozar talvez nas chamas, porquê explode,
Provar há alta virtude, há quem desprende,
Ai de só! Que nessa ilha eu me quisera.
Que não sou norte a contemplar tua cruz,
Desta penhora e não despudor em termos,
Do sítio ensombrado ou hora morta.
Mas olhares lacrimosos e enfermos,
Desse destino ao vê-la me reduz,
E bem sei ir detrás do que em mim farda.
II
Vou-me retornando de cada passo,
No corpo exausto que apesar transporto,
Já então de vosso ar apanho conforto,
Que erga além, falando: - Ah, que desgraça! –
Ficando doce bem despeço ao espaço,
Ventura via e curto imo absorto,
Paragem em desalento qual morto,
E olhares ponho à relva em traço baço.
E a mensagem me assalta por minutos,
No triste canto: distante do membro,
Do espírito se sóis viver há-me?
Mas alude-me amor: - Não te respondo,
Que esse é do vestígio dos amantes,
Soltar dessa toda há espera qualidade?
III
Junto às colinas onde bela moça,
Dos seus membros terra houve um dia,
A moça que esse que hora vos envia,
Das últimas desperta em louro agreste.
Soltos em paz passávamos nós montemos,
Força mortal, que toda a chama guia,
Sem ter respeito de encontrar na tarde,
Precisa nosso andar então conteste.
Mas dum mísero estado em que nós vamos,
Tragados da outra via plena e cheia,
Um dó conforto dá à morte em termos.
Desgraça de quem nisto nos traz hora,
Que à força a outrem pascendo extremos,
Está ligado em maior de mim sol.
ERIC PONTY
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