Ivo do Nascimento Barrosos nasceu na cidade de Ervália, Minas Gerais, no dia 25 de dezembro de 1929. Aos 16 anos, ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde viveu durante toda a vida.
Formado em Direito e em Línguas e Literaturas Neolatinas, Ivo trabalhou em algumas editoras e jornais importantes do Brasil, como o Jornal do Brasil e o Estado de S. Paulo. O poeta foi responsável pela publicação de mais de 30 traduções de grandes autores, entre eles Shakespeare, Edgar Allan Poe e Jane Austen.
Seus livros de versos, Nau dos Náufragos (1982) e Visitações de Alcipe (1991), foram ambos editados em Portugal. No Brasil, ele publicou A Caça Virtual e outros poemas (2001, finalista do prêmio Jabuti de poesia daquele ano).
Ivo também organizou os livros Poesia e Prosa, de Charles Baudelaire (Nova Aguilar, 1995) e À Margem das Traduções, de Agenor Soares de Moura (Arx Editora, 2003).
O poeta, escritor e tradutor Ivo Barroso morreu aos 91 anos, no dia 05 de outubro do ano passado. Ele estava internado na Casa de Saúde São José, no Humaitá, na Zona Sul do Rio. O hospital não confirmou a causa da morte ou deu mais detalhes sobre os problemas de saúde que levaram Ivo àquela unidade de saúde.
Um dos maiores tradutores brasileiros, Ivo Barroso foi responsável por traduzir autores como Shakespeare, Edgar Allan Poe e Jane Austen, como dito acima.
Este ano fez um ano de sua morte. E este blog lhe rende homenagem com uma postagem muito especial, com traduções inéditas dedicadas à sua memória, o que será postado em 23 de dezembro, sendo que esses estão prontos e ganharam o título de TEMPLO AZUL E OUTRA VIA LÁCTEA.
Para mim, que há quinze anos, como dizia o mesmo, talvez fosse o único mineiro a ligar de Minas para o seu aniversário, Ivo Barroso dizia que me dava o seu ombro amigo, e, acrescentava que eu tinha um faro de cachorro especial para literatura, tanto que me intimou, se tivesse uma editora, a fazer parte de sua equipe, dizendo ainda que me convidou e gravou minha poesia na Voz do Poeta, além de fazer uma edição muito especial da minha poesia reunida.
É, pois, com imensa dor e saudade que este blog lhe presta essa homenagem natalícia.
P/ CARLA ZL
PARA PESSOAS DO TERÇO
II
Nove vezes, desde meu nascimento, o céu da luz tinha se voltado quase para o mesmo ponto em sua própria giração, quando a gloriosa Senhora de minha mente, que foi chamada Beatrice por muitos que não sabiam o que chamá-la, apareceu pela primeira vez diante dos meus olhos.
Ela já estava nesta vida há tanto tempo que em seu curso do céu estrelado havia se movido em direção à região do leste uma das doze partes de um grau; de modo que, por volta do início de seu nono ano, ela me apareceu, e eu perto do final do meu nono ano a vi. Ela apareceu para mim vestida com uma cor muito nobre, uma modesta e que se torna carmesim, e era jovem e adornada com a sabedoria que se adaptava à sua idade. Em naquele instante, digo verdadeiro que o espírito da vida, que habita no mais secreto da câmara do coração, começou a tremer com tanta violência que surgiu temeroso nos mínimos pulsos, e, tremendo, disse estas palavras: Ecce deus fortior me, qui veniens dominabitur mihi.
Naquele instante, o espírito da alma, que habita na câmara alta para que todos os espíritos dos sentidos carregam suas percepções, começaram a maravilhar-se e, falando especialmente para o espírito da visão, disse estas palavras: Apparuit jam beatitudo vestra.
A toda alma cativa e alma gentil,
Cuja vista pode vir verbo atual,
Que elas me transmitam tuas ideias,
Cortesia em nome do Amor, é teu Senhor.
Cá, dessas horas, quase um terço foi,
A horas cada dita nasce mais acesa,
Quando, acaso, Amor diante em mim brilhou,
Lembrança de cuja natura me assusta.
Alegre pra mim igual amor, e nutria,
Minha alma dentro tua mão, enquanto em braço,
Brandiu minha dona, cobriu-a e dormia.
Então acordar, com está alma brilhante,
Comer humilde com medo de algum dano,
Lá o coração vi partir em lágrimas.
DANTE - A VIDA NOVA - TRAD. ERIC PONTY

Para Doutor Rodrigo Petrônio
II
Determinados se vingar graciosamente,
E punir num dia mil erros, em vão que errados,
Secretamente, que do Amor retomou teu arco,
Sendo propôs a hora e o local certos pra a greve.
Minha força se concentrou em meu coração,
E ali e aos meus olhos ergueu tua defesa,
Quando caiu sobre ele, sendo golpe mortal,
Onde todas outras flechas tinham sido embotadas;
E assim, desnorteado com este primeiro assalto,
Não teve do vigor ou a oportunidade,
Para pegar em armas na hora de lutar,
Ou até mesmo pra me levar arguto retorno,
Que montanha alta e dura que me salva do abate,
Do qual ele gostaria, mas não pode ajudar.
FRANTESCO PETRARCA - TRAD. ERIC PONTY
ERIC PONTY
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