Se é bom
Se é bom, saberá todas coisasSem livros, não terá para teu espírito
Nada ilógico, nada de injusto, nada
Negro, na vastidão do universo
E as causas primeiras
Que há fatigado a Filosofia
Será para ti diáfano e modesto.
O mundo adquirirá para sua mente
Uma divina transparência, um claro
Sentido, e tudo em ti será envolto
Em uma imensa paz.
Deus te livre Poeta
Deus te livre Poeta
De verte-te na rua o teu irmão Na mais pequena gota de amargura
Deus te livre Poeta
De interceptar seguir com sua mão
A luz que sol ilumina há uma criatura.
Deus te livre Poeta
De escrever uma estrofe que entristeça
De turbar com tua carranca
E tua lógica triste
A lógica divina de uma ilusão
De obstruir seu caminho, a vereda
Que recorra a mais humilde planta
De fragmentar a pobre folha
De entorpecer nem com o mais suave
Dos pesos, o ímpeto de uma ave
O de um belo ideal que se levanta.
Tem para teu júbilo o santo
Sorriso acolhedor que o prova
Por uma nota nova
Em toda voz que canta
E resta por menos
Um mínimo ferrão a cada prova
Que torture os maus e os bons.
A mágoa vencida
Mágoa pois não me podes
Pagar a Deus, que resta de sua eficácia!
Aonde está sua direção!
Fogem as horas,
E entre as suas asas leva cada uma
Certa porção de tua energia negra.
Oh mágoa, tu também és escrava
Do tempo, tua potência
Se vai com os instantes disseminados
Por enquanto que Deus no meu interior age
Mais e mais aumentaste a medida
Que mais vou te amando!
Se tu me falaste que vem
Se tu me dissesses: vem o deixo todo
Não moverá sequer o olhar
Para olhar a mulher amada...
Mas diga forte, de tal modo
Que tua voz como um toque de chamada
Vibre até na tua mais intima recordação
Do ser. Levante a alma do lodo
E fere o coração como uma espada.
Se tu me dissesses: vem o deixo todo
Chegarei ao seu santuário quase velho
E ao fulgor da luz crepuscular:
- Hei de compensar-te me atrasando
Difundindo-me, Ó Cristo, como um nardo
De perfume sutil, ante teu altar.
AMADO NERVO - TRAD. ERIC PONTY
POETA-TRADUTOR-LIBRETISTA ERIC PONTY
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